Nesta terça-feira (31), o Armazém do Campo completou dois anos de sua inauguração. O espaço, idealizado para a comercialização de alimentos com origem na reforma agrária popular, oferece também produtos orgânicos, que chegam a 80% dos alimentos oferecidos.
A loja foi criada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), e também é local de debates, encontros culturais, lançamentos de livros e rodas de conversa, entre outros eventos.
Ademar Paulo Ludwig Suptitz, coordenador do Armazém do Campo, conta como o espaço nasceu. “Para chegar no Armazém é importante lembrar que existiu todo um processo de luta pela terra no Brasil, e esta é uma luta árdua e difícil. E quando o trabalhador se dedica à terra, imediatamente vem o desafio: em qual local vamos vender os produtos?”, conta.
A criação do Armazém surgiu como resposta a esse questionamento. Suptitz pontua que as feiras da reforma agrária que ocorrem tradicionalmente uma vez por ano em São Paulo influenciaram também a decisão de abrir uma loja na cidade.
Segundo ele, são quatro os objetivos do Armazém do Campo: o primeiro é possibilitar o acesso da sociedade aos frutos da reforma agrária; o segundo é firmar parcerias que fortaleçam agricultores familiares, assentados e cooperativas; o terceiro é ofertar alimentos orgânicos e, por último, é apresentar a dimensão da cultura que nasce com a comida.
Ao longo dos dois anos foram mais de 150 apresentações musicais, dez lançamentos de livros, oficinas diversas e peças de teatro.
Com o carrinho cheio de temperos, café, farinha de trigo, arroz e manteiga, a aposentada Maria do Socorro conta como vem ao Armazém desde o início.
Para ela, além da confiança de estar adquirindo um produto orgânico de qualidade, é positivo saber que o local é fruto do resultado da luta dos assentados da reforma agrária. “Aqui no Armazém do Campo a importância da gente consumir esses produtos é para reforçar e fortalecer ainda mais a luta dos trabalhadores sem terra, do Movimento Sem Terra. É maravilhoso isso!”, comemora.
Além dos produtos comprados por Maria Socorro, o armazém oferece leite, geleias, farinhas, pães orgânicos e veganos, hortifruti, macarrão e bolos.
Há também seis tipos de cachaças e cervejas artesanais e orgânicas, batizadas de Fora Temer!, Lula Livre!, Frida Khalo, A guerrilheira, entre outras referências políticas.
Daniel Martinella Couto, publicitário que conheceu o Armazém recentemente, ainda não pode experimentar as cervejas. Ele foi atrás de frutas e legumes.
O publicitário conheceu o local por indicação, já que procurava produtos sem veneno para sua filha, que iniciou o processo de introdução alimentar recentemente. “Além de ser um mercado que vende ideologia, vende saúde por uma boa causa. Estou curtindo muito, é a segunda vez que venho aqui na verdade, e os produtos sempre de qualidade, frescos e dou com toda a confiança para minha filha e com maior prazer”.
Programação
O Armazém do Campo tem uma programação comemorativa durante esta semana que inclui não só oferta de produtos, mas também debates, rodas de conversas e saraus. No sábado, dia 4 de agosto, haverá uma comemoração especial que se inicia na hora do almoço.
Além do Armazém do Campo, o MST gerencia a Loja da Reforma Agrária em Porto Alegre (RS), dentro do mercado municipal da cidade, e outra loja em Belo Horizonte (MG).
A novidade é a loja do Rio de Janeiro que será inaugurada no bairro da Lapa no dia 15 de setembro.
O Armazém do Campo está localizado no bairro dos Campos Elíseos, Alameda Eduardo Prado, 499, em São Paulo (SP), e funciona de segunda a sábado das 9h às 20h.