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Ainda inconcluso, novo julgamento de Assange evocou plano dos EUA de assassinar jornalista

Mais um julgamento de Julian Assange pela justiça britânica chegou ao fim no dia 21 de fevereiro, sem que se saiba, porém, seu resultado — uma vez que os magistrados responsáveis pelo caso, Victoria Sharp e Jeremy Johnson, do Tribunal Superior de Londres, ainda poderão demorar dias ou semanas, talvez meses, para anunciar uma decisão sobre o recurso interposto pela defesa do jornalista contra sua extradição para os EUA, aprovada por outra instância judicial.

Um dos pontos mais importantes do julgamento de dois dias (20 e 21) foi, certamente, a exposição dos planos da CIA (Agência Central de Inteligência) para assassinar Assange, durante o governo Trump, quando o jornalista australiano ainda se encontrava refugiado na embaixada do Equador em Londres e era espionado pelos EUA, como se descobriu posteriormente. Mark Summers, um dos advogados de Assange, disse aos juízes que Trump pediu “opções detalhadas” sobre como matar Assange, relatou a BBC.

“Foram até elaborados esboços”, revelou Summers, acrescentando que há provas deste “plano verdadeiramente impressionante”, que só teria sido abandonado depois que o governo britânico se opôs a ele. Nas suas alegações por escrito, Summers e seu colega Edward Fitzgerald acrescentaram, ainda segundo a BBC: “As provas mostraram que os EUA estavam preparados para fazer qualquer coisa, incluindo a utilização indevida do seu próprio sistema de justiça criminal, para manter a impunidade dos funcionários dos EUA no que diz respeito à tortura e a crimes de guerra cometidos no seu país”.

Os advogados de Assange argumentaram que seu cliente corre “um risco real de novas ações extrajudiciais [atentados]… por parte da CIA ou de outras agências”. Afinal, a preocupação dos norte-americanos com sua própria impunidade, no tocante às atrocidades cometidas nas guerras do Afeganistão e do Iraque, fez de Assange um dos alvos da chamada “guerra ao terrorismo”.

No entanto, enfatizou Fitzgerald, o que Assange realizou à frente do WikiLeaks foi simplesmente jornalismo: “Meu cliente está sendo processado por realizar uma prática jornalística comum, de obter e publicar informações confidenciais, informações verdadeiras e de interesse público evidente e importante”.

“Após a audiência desta semana no tribunal de Julian Assange, isto ficou claro: a extradição equivaleria a uma sentença de morte”, publicou o escritor Duncan Campbell no The Guardian. “O julgamento foi reservado, mas o que resultou das audiências desta semana foi que, embora Assange evitasse a tão citada potencial sentença de 175 anos nos EUA, provavelmente enfrentaria uma pena entre 30 e 40 anos. Para um homem de 52 anos com problemas de saúde, isso quase certamente significa morrer atrás das grades”.

“Qual é a atividade criminosa mais grave: execuções extrajudiciais, tortura rotineira de prisioneiros […] ou expor essas ações por meio da publicação de detalhes vazados ilegalmente sobre como, onde, quando e por quem foram cometidas?”, indaga Campbell, apontando esta como a questão central em jogo no julgamento realizado nos dias 20 e 21 de fevereiro, que teve como principais protagonistas, de um lado, os advogados de Assange, e de outro lado a advogada do governo dos EUA.

Edward Snowden, ex-analista da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) que fugiu do país e vive na Rússia desde que revelou o programa de espionagem interna da população norte-americana pelo governo (em 2013), chamou atenção, na rede X, para um aspecto particularmente perverso da conduta do Reino Unido em relação ao fundador do WikiLeaks.

“O mais escandaloso do ‘julgamento’ que o Reino Unido tem realizado por anos para condenar Julian Assange a morrer em uma masmorra norte-americana é que a vítima de seu ‘crime’ (jornalismo) é um Estado, e não uma pessoa: [portanto] a definição de crime político, que o tratado de extradição entre os Estados Unidos e o Reino Unido proíbe explicitamente”, declarou Snowden.

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