Dona de um dos traços mais conhecidos no país, premiada e conselheira editorial do Jornal Unidade, Laerte faz 70 anos nesta quinta-feira (10). Embora a comemoração seja dela, o presente é nosso. A chargista e cartunista lançou um site que disponibiliza sua produção artística, dividida por décadas.
Nascida em São Paulo, Larte fez cursos livres de pintura, desenho e teatro e embora tenha ingressado na USP nos cursos de Comunicações e Jornalismo não se graduou.
Conhecida por criar personagens como Overman, Piratas do Tietê, Hugo Baracchini, entre outros, Laerte participou de diversas publicações como a Balão, O Pasquim, revista Veja, IstoÉ, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo.
Outro de seus personagens é João Ferrador. Possivelmente menos conhecida, a personagem foi criado por Nunes, da Tribuna Metalúrgica, mas foi Larte quem personificou o desenho que dava o recado aos trabalhadores, tirando-a da vinheta e a transformando em personagem de quadrinhos. Sua contribuição com a imprensa sindical, no entanto, não se resume a este personagem.
Antes, em 1972, Laerte juntamente com outros jovens estudantes da USP – Paulo Markun, Dilea Frate e Sérgio Gomes – produziram materiais e jornais para o Sindicato dos Têxteis. O trabalho durou alguns meses até os diretores serem presos. Com esta experiência, o grupo fundou a Oboré, agência de produção jornalística para entidades sindicais. Foi pela Oboré, inclusive, que Laerte lançou um livro contendo diversas ilustrações e charges que podem ser livremente usada pelas entidades sindicais e outros movimentos.
No Sindicato dos Jornalistas, a colaboração de Laerte vai além do conselho editorial do Jornal Unidade. Da concessão de entrevistas até a produção de ilustrações publicadas em diversas matérias do Jornal Unidade, desde a capa até a seção de Traço Livre.
Sua contribuição ao movimento sindical, no entanto, não passa ao largo de críticas. Em entrevista ao SJSP, em 2018, Laerte disse: “O movimento sindical, historicamente, tem idas e vindas, erros e acertos. Acho que houve um momento muito impressionante, muito energético, que foi o final dos anos 1970 – isso do meu ponto de vista de participação.”
Laerte reconhece a importância do sindicato em defender o ponto de vista específico e genérico de uma categoria. “Os sindicatos são, historicamente, entidades de representação dos trabalhadores. Tem outras, mas os sindicatos são o mais importante e sempre achei isso.”