Dirigentes reforçam também a construção do Fórum dos Movimentos Sociais do Estado de São Paulo
A CUT São Paulo abriu nesta terça (25) seu 14º Congresso Estadual (CECUT), reunindo quase 900 delegados e delegadas de todo o estado paulista em Águas de Lindóia.
A mística de abertura foi marcada por intervenções artísticas, com cutistas representando as várias categorias que formam a classe trabalhadora brasileira ao som de Suíte do Pescador, de Dorival Caymmi, cantada em coro por todos os participantes. A unidade das bases foi o mote comum às falas que deram início ao evento.
“Estamos aqui por confiança de nossas bases e teremos muitos debates e decisões até o final desta semana. Viemos para discutir a conjuntura nacional e estadual e quais as políticas públicas que queremos para o estado de São Paulo, seja para falar sobre a indústria ou a questão da cultura, entre tantos outros temas. Está em nossas mãos a decisão de mudar os rumos da Central”, destacou Adi dos Santos Lima, presidente da CUT/SP que se despede do cargo nesse Congresso.
Presidente nacional da CUT, Vagner Freitas disse que é importante que a base saiba que o CECUT é para resolver problemas da classe trabalhadora, mas como o trabalhador não é só trabalhador, é fundamental a discussão de políticas públicas para melhorar a qualidade de vida em São Paulo, com propostas para a educação, moradia e mobilidade urbana.
“O estado paulista está amortecido e assassinado pelos tucanos, com perda de divisas, de concorrência, de emprego. Temos que discutir e transformar cada sindicato numa trincheira para derrotar o governo estadual do PSDB e fazer com que cada subsede cutista seja polo aglutinator para eleger um candidato progressista e que dê melhores condições à população”, afirmou.
Ao criticar o ‘terceiro turno’ e seus efeitos na economia, Freitas defendeu novamente o respeito ao resultado das urnas. “Terceiro turno é crise induzida que provoca crise econômica e prejudica os trabalhadores e também o empresariado. As empresas perdem a oportunidade de se fortalecer e, assim, não geram emprego. É um mandato legítimo e a presidenta Dilma Rousseff continuará no cargo porque essa é a vontade da população”, frisou.
Na avaliação do ex-presidente da CUT/SP, José Lopes Feijóo, assessor da Secretaria-Geral da Presidência da República, o momento é de um ataque corrosivo como nunca se viu no país desde a redemocratização. “A direita saiu do armário e resolveu nos atacar pra valer e de todas as formas, pelo poder nos meios de comunicação e no aparelho de Estado. Não tenham ilusão. Estamos vivendo um momento cruel e brutal da luta de classes”.
Em contrapartida, Feijóo ressaltou a felicidade de reencontrar pessoas que conheceu há 37 anos e que continuam no embate por um país melhor, e ainda mais feliz por ver muitos que não conhece, “o que garante uma leva de novos militantes para que a luta seja contínua e que não cessará enquanto não tivermos conquistado nossas bandeiras de luta social”, pontuou.
Enfrentamento nacional e estadual – Representantes dos movimento sociais, estudantil e gestores públicos presentes na mesa de abertura também ressaltaram o papel da Central especialmente no último período, tanto na luta por direitos quanto na defesa da democracia, além dos embates da CUT/SP contra o desmonte do estado pelo governo estadual paulista do PSDB.
A representante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Liciane Andrioli, aplaudiu a todos que foram às ruas neste ano e fez referência ao último dia 20 de agosto. “Vamos defender os direitos dos trabalhadores, sem nenhuma retirada de direitos, bem como vamos continuar defendendo a Petrobras como estatal porque não permitiremos que ela seja entregue às empresas transnacionais. E o caminho nesta conjuntura é a reforma do sistema político”.
Secretária de Políticas para Mulheres da prefeitura paulistana, Denise Motta Dau destacou o enfrentamento cutista à gestão do PSDB, um governo que há 18 anos não dialoga, não negocia e nem pensa uma proposta de desenvolvimento social e econômico.
“A CUT têm a missão de fortalecer um fórum de oposição ao governo estadual e de construir a eleição de um governo democrático popular para transformar o estado paulista. O estado de São Paulo está há 20, 30 anos luz aquém do desenvolvimento ocorrido em nosso país”, disse Denise.
Nesse caminho, Gabriel Sollero, da Consulta Popular, alertou para a importância da unidade e da construção coletiva em todo o estado paulista. “Em cada local de trabalho e de construção de luta, cada companheiro e companheira encontrará dificuldades no estado de São Paulo. Mas temos condições de mudar este cenário. Mas para isso devemos colocar como tarefa todo o nosso esforço para construir o Fórum dos Movimentos Sociais de São Paulo, organizando o todo da classe trabalhadora em cada região, em cada cidade”, propôs.
Lançado no último 13 de maio, o Fórum dos Movimentos Sociais articula mais de 50 entidades e nasceu como alternativa ao conservadorismo que há quase duas décadas impera em São Paulo.
Segundo Raimundo Bonfim, coordenador da Central dos Movimentos Populares (CMP) de São Paulo, apesar da prioridade à atuação estadual do Fórum, “com esse tsunami da conjuntura nacional, no qual temos que matar um leão a cada dia, apostamos no Fórum como o espaço mais representativo, combativo e legítimo da classe trabalhadora em São Paulo”, concluiu.
Escrito por: Flaviana Serafim e Vanessa Ramos. Fotos: Dino Santos