O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) manifesta seu total repúdio à violência e truculência dirigida contra os jornalistas que cobriam o ato contra o aumento da passagem nesta quarta, 16/01, na capital paulista. E reforça sua reiterada cobrança ao governo do Estado de São Paulo para que tome medidas que garantam o livre e seguro exercício profissional em coberturas de manifestações.
O caso mais grave contra jornalistas nesta quarta foi o do repórter fotográfico da Ponte Jornalismo, Daniel Arroyo, atingido por um tiro de bala de borracha pela Polícia Militar, a curta distância, o que deixou um ferimento no joelho. Daniel ainda tentou se dirigir ao comando da PM, se identificando, para questionar a ação e pedir auxílio, sem sucesso. O SJSP esteve em contato com o fotógrafo e a equipe da Ponte para oferecer apoio.
Momento em que o fotojornalista da #Ponte Daniel Arroyo leva um tiro de bala de borracha da PM de SP durante manifestação contra reajuste da tarifa do transporte. Ainda no local, reportagem foi questionar corporação e pedir auxílio, mas recebeu um “não posso fazer nada” pic.twitter.com/LzgyjzTrTk
— Ponte Jornalismo (@pontejornalismo) 16 de janeiro de 2019
O relato de colegas presentes no ato é de que a PM agiu com particular truculência dirigida aos profissionais da imprensa, tendo inclusive lançado uma bomba de gás contra um grupo de repórteres que acompanhava uma abordagem. A jornalista Ana Rosa Carrara, da Rádio Brasil Atual, foi atingida por estilhaços de bomba, sem gravidade.
Ela também foi ameaçada de detenção, junto com duas colegas que faziam cobertura para os Jornalistas Livres, ao se dirigir à PM buscando uma informação, apesar de estarem identificadas por crachás e capacete.
Para o Sindicato dos Jornalistas, os policiais tentam impedir o exercício do jornalismo para que não seja registrada sua ação violenta contra os manifestantes. O ato de 16/1 foi marcado pela repressão violenta e por detenções e apreensões arbitrárias, ainda na concentração, o que também repudiamos. O Sindicato defende a mais ampla liberdade de manifestação e considera que o papel da polícia deveria ser o de garantir o respeito a esse direito democrático, e não o de impedi-lo.
Já João de Mari, da agência ÉNóis, não estava cobrindo o ato, mas relata que foi abordado por ter sido reconhecido como jornalista pelos policiais, ao portar uma sacola da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Ele conta que foi puxado e “enquadrado”, e que durante averiguação os policiais zombavam: “Perguntaram se eu trabalhava para a Abraji, que qualquer um podia ser jornalista porque não precisava mais de diploma, que jornalista não tinha mais proteção”. João também se sentiu intimidado quando descobriram que trabalha perto do Comando da PM.
Sindicato fará plantão de apoio no próximo ato contra o aumento
O SJSP vai manter diretores de plantão, com apoio do nosso departamento jurídico, para jornalistas que sofram agressão durante o próximo ato, a partir das 17h, pelo telefone (11) 960287769.