O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo e a Federação Nacional dos Jornalistas se solidarizam à jornalista Luiza Bodenmüller, que no último domingo, dia 27, foi alvo de ataques orquestrados por manifestar uma opinião em rede social. A jornalista é gerente de estratégia da agência de checagem Aos Fatos.
Na noite de sábado, Luiza postou em sua conta pessoal no twitter um comentário negativo sobre a indicação de uma juíza conservadora, anti-aborto, para a Suprema Corte dos Estados Unidos. Já na madrugada de domingo, o blogueiro Allan dos Santos replicou a mensagem, questionando se a jornalista “gosta de triturar bebês”. Na manhã do mesmo dia, o antropólogo Flávio Gordon reproduziu o tweet da jornalista e o perfil da profissional, ressaltando a agência de checagem, e comentou “Depois são chamadas de agências de esquerdagem de fatos (left-checking) e reclamam…”.
Durante o domingo, a jornalista passou a sofrer uma série de ataques em sua conta, que incluíram machismo, misoginia e até desejo de que a profissional morresse. Contribuíram para os ataques o endosso de parlamentares, como a deputada federal Bia Kicis (PSL/DF), e o deputado estadual Gil Diniz (PSL-SP). Os ataques orquestrados foram tantos e tão graves que a jornalista foi obrigada a trancar sua conta no twitter. Apesar das denúncias, a plataforma não apagou as postagens ofensivas.
Os ataques e ameaças a jornalistas nas redes sociais têm se tornado constantes desde o início do ano passado, como o sindicato e a FENAJ vêm denunciando. São ainda mais graves contra jornalistas mulheres, e têm um claro caráter antidemocrático, na medida em que se tenta intimidar profissionais da imprensa e cercear seu trabalho. A situação torna-se mais preocupante quando as agressões são incentivadas por parlamentares, por conta de uma mera opinião pessoal.
Cabe também cobrar a responsabilidade de plataformas como o twitter pelos ataques feitos através da ferramenta. Todos os tweets citados seguem no ar, e as agressões só não chegaram mais à profissional porque ela restringiu a conta a seus seguidores.
Em contato com a jornalista, as entidades manifestaram solidariedade e se colocaram à disposição dela. Todo ataque a um profissional da imprensa é uma tentativa de cercear o a democracia, e isso não pode ser tolerado sob nenhuma justificativa.
Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
Federação Nacional dos Jornalistas