O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) criou uma Comissão de Combate à Violência, medida aprovada pela categoria, em assembleia na noite desta quinta-feira (12), no auditório Vladimir Herzog, para enfrentar a hostilidade que tem atingido os trabalhadores e trabalhadoras da comunicação em seu exercício profissional.
A comissão visa debater e promover ações que garantam a proteção e o trabalho dos profissionais, e é formada por jornalistas de diversos setores, por dirigentes do Sindicato e pela Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos no Estado de São Paulo (Arfoc-SP). A primeira reunião aberta é nesta quarta-feira (18), às 19h, na sede do SJSP, na Rua Rego Freitas nº 530, sobreloja, no centro paulistano.
Na assembleia, os jornalistas também aprovaram o lançamento de uma campanha de combate à violência e para garantia do exercício profissional, seja para proteção dos ataques pela Polícia Militar ou por participantes de manifestações populares.
Para os profissionais, um dos motes é reforçar a ideia de que jornalista é trabalhador, pois a polarização política tem levado setores dos movimentos populares a confundir o profissional com as empresas de comunicação. Os trabalhadores e trabalhadoras ainda sugeriram a realização de seminários, rodas de conversa e a criação de outros espaços de debates sobre a violência.
Nota de repúdio
A nota Repúdio às agressões contra a imprensa em São Bernardo do Campo, publicada pelo Sindicato neste 7 de abril, também foi pauta das discussões na assembleia devido à ampla repercussão do texto junto à categoria.
Na nota, o Sindicato condenou toda e qualquer forma de violência a jornalistas e destacou que as empresas de comunicação, devido à linha editorial que têm adotado em meio ao golpe à democracia, também são responsáveis pela hostilidade vivenciada pelos profissionais.
Desde então, por meio de seus porta-vozes, grandes empresas de comunicação como a rádio Jovem Pan, a TV Bandeirantes, o jornal O Estado de S.Paulo e a revista Veja, têm deturpado o conteúdo da nota e promovido uma campanha difamatória do SJSP, como denuncia a direção da entidade no manifesto Sindicato dos Jornalistas de São Paulo sob ataque. A direção do Sindicato analisou as notícias divulgadas e vai tomar as medidas cabíveis juridicamente.
“Há um discurso ideológico nas empresas, com calúnias, e não vão dar voz ao contraditório? As empresas de comunicação estão erradas em ficar caluniando, em não falar a verdade e não podemos ficar quietos”, disse Vilma Amaro, diretora da Regional ABCD do Sindicato.
Outro ponto criticado na nota de repúdio, e debatido coletivamente na assembleia, foi a defesa do Sindicato pela retomada da democracia com a libertação do ex-presidente Lula.
Presidente do SJSP, Paulo Zocchi ressaltou que há anos é clara a posição do Sindicato quanto ao golpe de 2016, pois, além da defesa histórica da democracia, a entidade é consciente das consequências do golpismo sobre os direitos trabalhistas e sobre a própria atuação da categoria.
“A função primordial do Sindicato é defender os jornalistas nas relações de trabalho, mas, obviamente, também tem uma atuação política, se coloca politicamente no cenário nacional, emite suas opiniões porque isso é função dessa entidade. Isso faz parte das decisões democráticas tomadas neste espaço”, disse Zocchi.
Em sua intervenção, Claudio Soares, ex-diretor do SJSP, afirmou que a prisão de Lula está acima de uma questão partidária. “É a mesma coisa que dizer que o Sindicato defendendo o Vladimir Herzog, em 1975, era coisa de comunista. A defesa de Herzog era defesa do jornalista, do jornalismo, da democracia, de uma pessoa assassinada e do Brasil”, pontuou.
Ações contra a violência
Desde as manifestações de 2013, o Sindicato dos Jornalistas têm tomado uma série de medidas contra a violência à categoria. Além da realização de plantões de denúncia, a direção do SJSP tem atuado diretamente durante as manifestações populares.
Para o combate da violência policial aos jornalistas, o SJSP estabeleceu uma colaboração com a Promotoria de Direitos Humanos do Ministério Público de São Paulo e se reuniu com o governador Geraldo Alckmin para cobrar mudanças na atuação da Polícia Militar. Outra medida foi a inclusão de cláusula nas Convenções Coletivas obrigando as empresas de comunicação a fornecer equipamentos de segurança.
O Sindicato age, ainda, na defesa das liberdades de imprensa e de expressão, e no direito à cidadania, como nos casos que envolvem a garantia constitucional ao sigilo de fonte ou a tentativa de cerceamento, pelas próprias empresas de comunicação, da manifestação pessoal dos jornalistas por redes e mídias sociais.