Dezenas de jornalistas têm se mobilizado, a partir das redações, para repudiar a cassação da liberação sindical sem prejuízo dos vencimentos do presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Paulo Zocchi, que foi convocado pela Editora Abril para retornar ao trabalho a partir desta sexta-feira, dia 30. As moções enviadas expõe como é árduo o trabalho que envolve as negociações a respeito das relações de trabalho dos jornalistas no estado de São Paulo.
A carta dos jornalistas da TV Cultura reafirma que a decisão da empresa é antissindical e antidemocrática e atinge o mandato que se encerra em alguns meses. Os jornalistas da TV Cultura afirmam que a presença de Paulo Zocchi sempre foi e é fundamental nas negociações com a TV Cultura, a Assembleia Legislativa, o Governo do Estado, o Codec e o Tribunal Regional de Trabalho.
Houve também manifestação de jornalistas do grupo A Tribuna, de Santos. Durante assembleia que discutiu pontos da negociação coletiva em curso, os jornalistas assinaram o documento contra a cassação.
Já a carta dos jornalistas da RedeTV! lembra que há mais de meio século os profissionais eleitos à presidência do Sindicato são liberados para exercer o mandato e, nem mesmo durante a ditadura militar, houve este ataque à organização da categoria. Além disso, os jornalistas da emissora afirmam que a cassação da liberação representa um duro golpe para eles. “É importante lembrar que nos últimos anos o sindicato conseguiu nos ajudar a deter, por diversas vezes, os ataques da emissora às nossas horas extras, que compõem os nossos salários, e vem lutando desde o início do ano contra a redução desnecessária dos vencimentos e jornada de trabalho em 25%”, diz o documento.
Veja abaixo a carta das redações:
Carta da TV Cultura
Nós, jornalistas da TV Cultura, estamos assinando coletivamente esta carta pública à Editora Abril, contra a cassação da liberação remunerada do presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Paulo Zocchi, a partir do dia 30 de outubro próximo, após cinco anos de liberação (sindical).
Decisão essa antissindical e antidemocrática que atinge o mandato que se encerra em 22 de agosto de 2021.
Esclarecemos que sua presença nas relações de trabalho com a TV Cultura, Assembleia Legislativa, Governo do Estado, Codec e TRT/SP, como em reuniões presenciais, foi e é fundamental para chegarmos a um acordo coletivo entre a emissora e os sindicatos de trabalhadores das categorias.
No momento que nos empenhamos por um novo acordo coletivo, buscando direitos nas esferas econômica e social, esse esforço coletivo será frontalmente atingido pelo retorno ao trabalho na redação da Abril do presidente do SJSP.
Pelo acima exposto, reivindicamos a liberação remunerada do nosso presidente Paulo Zocchi.
ABRIL, RESPEITE O SINDICATO E OS JORNALISTAS!
Carta dos jornalistas do Grupo A Tribuna – Santos
#AbrilRespeiteoSindicato
Nós, jornalistas da Baixada Santista, repudiamos a atitude antissindical da Editora Abril ao cassar a liberação remunerada do presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), Paulo Zocchi.
Carta dos Jornalistas da Redação da RedeTV!
Nós, jornalistas da RedeTV expressamos profunda preocupação com a cassação da liberação remunerada do presidente do nosso Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, Paulo Zocchi, pela Editora Abril. Há mais de meio século, os profissionais eleitos para a presidência da nossa entidade são liberados para exercer o mandato. Nem em períodos mais obscuros como o da ditadura civil-militar de 1964, esse tipo de ataque ao movimento sindical e à nossa categoria aconteceu. A obrigação de voltar ao posto de trabalho na Abril cria dificuldades físicas e de tempo ao nosso presidente que precisa sentar-se à mesa de negociação para reivindicar a convenção coletiva da categoria, reajuste salarial, direitos sociais e econômicos.
Especificamente para nós da RedeTV é um duro golpe. É importante lembrar que nos últimos anos o sindicato conseguiu nos ajudar a deter, por diversas vezes, os ataques da emissora às nossas horas extras, que compõem os nossos salários, e vem lutando desde o início do ano contra a redução desnecessária dos vencimentos e jornada de trabalho em 25%. A entidade tem feito um movimento de aproximação com a categoria, com a criação de grupos de WhatsApp, a realização de assembleias presenciais ou virtuais e tem conseguido a manutenção de pontos importantes da Convenção Coletiva de Trabalho. Mais recentemente (2019 e 2020), negociou e conseguiu ao menos reajustes salariais pela inflação para tentar manter minimamente o poder de compra ou evitar ainda mais perdas para os jornalistas de rádio e televisão em São Paulo.
Tal atitude da Editora Abril tenta enfraquecer ainda mais nossa categoria num momento de extrema fragilidade, com desemprego, salários reduzidos em meio a pandemia e abre precedente gravíssimo para que outras empresas deixem de liberar futuros presidentes e diretores do sindicato.
Por isso, nos juntamos às demais redações e pedimos para que a Editora Abril mantenha o acordo e a tradição de liberar ao menos os presidentes do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo. Essa decisão vai inclusive contra a própria empresa e todos os outros proprietários de veículos de comunicação em geral, pois é o presidente do sindicato de trabalhadores que unifica e possibilita o estabelecimento de um interlocutor único e legitimado para sentar-se à mesa de negociações com o Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão no Estado de São Paulo (Sertesp) e o Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas de São Paulo (SindJore).