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Informe anual da FIJ: México segue sendo o país mais perigoso do mundo para jornalistas

Informe anual da FIJ: México segue sendo o país mais perigoso do mundo para jornalistas

Em 31 de dezembro de 2019, a Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ) publicou a lista de trabalhadores de meios de comunicação assassinados devido seu trabalho. Esta lista reconhece um total de 49 jornalistas assassinatos em 2019, três delas mulheres. Trata-se da metade de mortes registrada nos anos anteriores.

O informe publicado analisa a situação dos jornalistas a nível regional e detalha as circunstâncias das 49 mortes citadas na lista. A América Latina é a região com maior número de mortes (19) seguida por Ásia e o Pacífico (12) e África (9), Oriente Médio e o mundo Árabe (8) e Europa (2).

Estes dados rendem duas conclusões fundamentais. A primeira, que as ameaças, a perseguição, o encarceramento e o assassinato de jornalistas não têm lugar só em países em guerra ou zonas de conflito. A segunda, que as vítimas destes ataques são, em sua maioria, jornalistas locais, que se veem ameaçados por investigar e informar sobre abusos de poder, corrupção e crime organizado.

No caso da América Latina e o Caribe, o ano de 2019 foi marcado pela contínua violência contra jornalistas e os trabalhadores dos meios de comunicação, com 18 mortes confirmadas, contabilizando 37% do total mundial. Foram assassinados jornalistas no Brasil (2), Colômbia (1), Haiti (2), Honduras (3) e México (10).

O México, portanto, segue sendo o país mais perigoso da região e do mundo para exercer o jornalismo. A profissão está ameaçada em grande medida pelos cartéis de crime organizado e a debilidade de um poder político incapaz de reduzir a violência e fazer justiça com os assassinos. Isto se soma aos temores que persistem para os próximos anos. Também seguem alarmantes dezenas de casos de assassinato de jornalistas que seguem sem ser investigados e resolvidos pelas autoridades mexicanas.

Por outro lado, a região da Ásia e Pacífico tem visto um forte decréscimo no número de mortes, passando de 32 em 2018 para 12 em 2019. A FIJ registrou o assassinato de jornalistas no Afeganistão (5), Índia (1), Paquistão (4) e Filipinas (2). Porém, a violência contra jornalistas segue sendo sistemática, com ameaças constantes à imprensa, a falta de resposta da polícia, falta de investigação e impunidade dos ataques. Este clima de violência contribui para alimentar a sensação de insegurança entre nossos companheiros/as na região.

Oito jornalistas foram atacados diretamente por disparos de armas de fogo. Este foi o caso de Mirza Waseem Baig, um jornalista da região Punjab no Paquistão, que foi alvejado por três pistoleiros na porta da sua casa.

A situação na África é certamente similar, já que em 2019 se registraram nove assassinatos de jornalistas: República Democrática do Congo (1), Gana (1), Nigéria (1), Chad (1), Somália (3), Líbia (1) e Zâmbia (1). Somália volta a ser o país mais perigoso do continente para a profissão, com dois jornalistas assassinados em um atentado com explosivos executado por militantes islamistas do Al-Shabaab e um terceiro morto em um ataque a uma base militar na região de Shabelle.

Por outro lado, o Oriente Médio e o mundo árabe registrou pelo segundo ano consecutivo uma diminuição do número de assassinatos, passando de 20 mortes em 2018 e 25 em 2017 a 8 em 2019. A FIJ registrou assassinatos no Iraque (1), Síria (5) e Iêmen (2). Apesar da redução de assassinatos na região, a situação segue sendo crítica, já que milhares de jornalistas têm sido abrigados a fugir de seu país por causa de suas reportagens e trabalhos jornalísticos. Durante mais de 10 anos, a FIJ tem organizado cursos de segurança para seus afiliados na região.

Na Europa, dois jornalistas foram assassinados em 2019. Lyra McKee, alvejada enquanto cobria protestos violentos em Derry, na Irlanda do Norte, e Vadym Komarov, assassinado no centro de Cherkassy, na Ucrânia, por um grupo ainda não identificado. A Plataforma do Conselho Europeu para a Proteção e Segurança dos Jornalistas, que a FIJ é membro e colabora habitualmente, também registrou 38 casos de impunidade na Europa em 2019, incluindo 14 assassinatos e desaparecimentos de jornalistas sérvios, albaneses e kosovares.

Desde o lançamento do Informe da lista de assassinatos da FIJ, em 1990, a Federação já registrou 2.530 mortes de jornalistas. A FIJ segue lutando para acabar com a impunidade dos crimes contra jornalistas, exigindo que os governos assumam sua responsabilidade por todos os casos que seguem sem solução e segue sua campanha para conseguir uma Convenção Internacional para a Proteção e Segurança dos Jornalistas. A FIJ também celebra com satisfação a condenação no final de 2019 na Filipinas de quem ordenou o massacre de 32 jornalistas em Maguidánao em 23 de novembro de 2009. Um ato de justiça e reparação que deve servir como exemplo para o resto do mundo.

Acesse ao informe (em pdf em inglês)

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