Jornalistas e radialistas denunciam más condições de infraestrutura e falta de investimento em equipamentos e produções na praça, na zona oeste de São Paulo. Direção da empresa se comprometeu a contratar vistoria e a buscar recursos
O baixo investimento da Empresa Brasil de Comunicação em São Paulo, com falta de equipamentos, poucas produções e problemas de infraestrutura motivou os trabalhadores da empresa a aprovarem uma paralisação de 24 horas, que vai se dar nesta terça-feira, dia 10 de junho. A mobilização chama atenção para os problemas que se acumulam nos últimos anos, em que a empresa tem reduzido os investimentos na praça, que fica na Vila Leopoldina, zona Oeste de São Paulo.
A situação chegou ao limite quando, no sábado, 24 de maio, durante o plantão, após um vazamento de água, o forro de gesso da redação cedeu e caiu sobre quatro estações de trabalho. Por sorte, ninguém ficou ferido. Contudo, o evento causou indignação nos empregados, que se reuniram na segunda-feira seguinte, e fizeram duas assembleias para discutir mobilizações. Na última assembleia, dia 05, os jornalistas e radialistas da empresa fizeram uma manifestação com faixas, e aprovaram a paralisação no dia 10.
Os problemas se acumulam nos últimos anos. Aparelhos de ar-condicionado antigos, de difícil manutenção, goteiras, condições insalubres nas estações de trabalho, falta de equipamentos como câmeras para as equipes de externa, entre outros, têm tornado as condições de trabalho insustentáveis para boa parte dos trabalhadores da empresa em SP. Por conta de uma forte enchente que atingiu a região no início de 2020, desde o ano passado a direção da empresa avalia a mudança da EBC-SP para outro local, porém essa possibilidade foi descartada em maio, por falta de orçamento disponível.
Reunião com a direção
No dia seguinte à assembleia que aprovou a paralisação, os sindicatos dos Jornalistas e dos Radialistas de SP se reuniram com o diretor-geral da EBC, Bráulio Ribeiro, além de gestores da empresa em São Paulo, para tratar dos problemas que motivaram a paralisação. Bráulio reconheceu os problemas por que passam os funcionários na EBC-SP, e reforçou o argumento da empresa de que não há orçamento suficiente para solucionar todas as questões no curto prazo. Os sindicatos responderam que a direção da empresa precisa ter uma postura política de priorizar a resolução dos problemas estruturais e de produção na praça, e lembraram que mesmo com restrição no orçamento, a empresa fez novos contratos e aumentou os valores de renovações de produções. O contrato do programa Sem Censura, da TV Brasil, teve 25% de aumento. Como encaminhamento, a empresa se comprometeu a avaliar a contratação de uma vistoria profissional para avaliar as condições estruturais da EBC em SP.
Pelo fortalecimento da EBC
No mesmo dia em que os trabalhadores da EBC-SP fizeram a assembleia que decidiu pela paralisação, jornalistas e radialistas da empresa em Brasília abordaram o ministro-chefe da Secom, Sidônio Palmeira, que visitava pela primeira vez a sede da companhia. Junto aos sindicatos dos Jornalistas e dos Radialistas do DF, os trabalhadores reforçaram as demandas por investimento, valorização dos empregados, e pela nomeação do Comitê Editorial e de Programação, para a retomada da participação social na EBC. As entidades entregaram a Sidônio uma carta aberta que havia sido distribuída durante o 1º Congresso Internacional de Emissoras Públicas, realizado na Universidade de São Paulo em maio, quando os sindicatos também fizeram uma intervenção exigindo o fortalecimento da EBC.
