A semana iniciada em 25 de março trouxe vários reveses para Israel no campo diplomático, que fizeram ampliar seu isolamento, e a revista The Economist tentou sintetizar esse cenário na capa de sua penúltima edição. O principal desses reveses foi a aprovação, nessa data, de uma resolução de cessar-fogo pelo Conselho de Segurança da ONU, portanto sem o tradicional veto dos EUA, que desta vez se limitaram a uma abstenção.
Mas Israel sofreu outras duras derrotas: as conclusões do relatório apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU pela relatora especial Francesca Albanese, no mesmo dia 25, apontando inequivocamente genocídio e limpeza étnica em Gaza – o documento intitula-se “Anatomia de um Genocídio” (leia aqui); e a decisão da Corte Internacional de Justiça (CIJ), ou Corte de Haia, que atendeu a um novo pedido da África do Sul e ordenou a Israel, no dia 28 de março, que deixe de sabotar e impedir o ingresso de alimentos na Faixa de Gaza.
Além disso, multiplicam-se as denúncias e manifestações de repúdio a Israel nos principais países aliados, como EUA, Reino Unido e Alemanha. Porém, provando que é um Estado terrorista e delinquente, Israel mais uma vez descumpre as decisões da ONU e dá continuidade aos bombardeios em Gaza, a cruéis ataques a hospitais (a pretexto de combater supostos “terroristas do Hamas”) e à prisão em massa de palestinos.
As estatísticas já apontam mais de 32.600 palestinas e palestinos assassinados por Israel desde 7 de outubro, após o ataque do Hamas. Os feridos são mais de 75 mil.
“Resolução por cessar-fogo não trava Israel. Continuam operações em Gaza, ataque no Líbano atinge comitiva da ONU”. Reportagem da CNN Portugal
CIJ ordena que Israel aumente a ajuda humanitária a Gaza, abrindo passagens terrestres adicionais para transferir alimentos e outros auxílios, “tendo em conta o agravamento das condições de vida” enfrentadas pelos habitantes, “em particular a propagação da fome e da inanição”. Matéria publicada pelo jornal israelense Haaretz
Annelle Shelline, alta funcionária do Departamento de Estado dos EUA, demite-se em protesto contra genocídio e cumplicidade de Biden. Confira no Instagram.
EUA aprovaram envio de equipamentos militares a Israel, diz jornal Washington Post. Disponível aqui.
Em São Francisco (EUA), ativistas tentam impedir que navio militar deixe o porto com armamentos destinados a Israel. Confira o vídeo aqui.
Ao invadir Hospital al-Shifa, de Gaza, forças israelenses espancam e prendem jornalista da Al Jazeera. Reportagem da Al Jazeera de 18 de março revela primeiros indícios de alto número de mortos e feridos no hospital. O jornalista e correspondente da Al Jazeera árabe, Ismail al-Ghoul, foi espancado por soldados israelenses antes de ser preso com dezenas de homens e mulheres no hospital. Israel alega que o Hamas “reagrupou-se” no al-Shifa.
A impressionante invasão e destruição parcial do Hospital al-Shifa por tropas de Israel, descrita em reportagem da Sky News.
“Após cinco meses de guerra, residentes da Cisjordânia e de Gaza justificam o ataque do Hamas”. Reportagem do jornal israelense Haaretz revela que uma sondagem organizada pelo Centro Palestino de Pesquisa Política constatou um expressivo aumento, entre habitantes de Gaza, no apoio aos ataques realizados em 7 de outubro: de 57% há três meses, para 71% agora. Disponível aqui.
Um tanque de Israel atacou um edifício em Gaza que serve de abrigo para famílias de trabalhadores da conhecida organização Médicos sem Fronteiras. Duas pessoas morreram e sete ficaram feridas. Matéria da Sky News disponível aqui.
“Soldados israelenses agridem criança em loja de Hebron” (Cisjordânia). Vídeo da emissora chinesa CCTV, reproduzido pela Sky News, registra gestos covardes.
Neste sábado 30 de março, dezenas de milhares de ingleses realizaram em Londres a 11ª Marcha Nacional pela Palestina, começando em Russell Square e terminando em Trafalgar Square. Confira no vídeo da Sky News.
“Polícia e manifestantes anti-Netanyahu entram em confronto enquanto milhares de israelenses se juntam a famílias de reféns em manifestação em massa; 16 presos”. Reportagem do jornal Haaretz sobre o sábado 30 de março relata uma escalada da luta das famílias de reféns por um rápido acordo com o Hamas que garanta a libertação de seus entes queridos. Um protesto bloqueou a principal rodovia de Tel Aviv. “Cerca de 20 parentes de reféns israelenses detidos em Gaza pediram a substituição imediata do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu na noite de sábado, enquanto milhares de pessoas protestavam contra o governo e em apoio à libertação dos reféns em Tel Aviv, Jerusalém, Haifa, Be’er Sheva, Cesaréia e outras cidades”, diz o jornal.
“Declaração de instituições e intelectuais de Jerusalém”, por ocasião do Dia da Terra. Neste documento, instituições e figuras nacionais de Jerusalém tomam a iniciativa de apelar à opinião pública internacional para pressionar Israel a evitar uma catástrofe em Rafah, e exortam todos os países do mundo, e em especial os países árabes e islâmicos, a romperem relações diplomáticas com Israel.
Na Marcha do Dia da Terra, milhares de palestinos e árabes-israelenses protestam contra o “genocídio” em Gaza. A polícia israelense permitiu que a marcha ocorresse com a condição de que nenhuma bandeira palestina fosse hasteada, alegando que isso poderia “levar à desordem pública”. Os organizadores decidiram acatar a ordem e escrever slogans contra a guerra nas cores da bandeira palestina. Confira aqui a reportagem do Haaretz.
“Dia da Terra Palestina: do arranjo genocida de britânicos e sionistas ao atual genocídio televisionado em Gaza”. Artigo de Ualid Rabah, presidente da Federação Árabe-Palestina do Brasil (Fepal). Leia aqui.
“Israel anuncia apreensão de 800 hectares de terras na Cisjordânia ocupada”. Ou seja: o governo israelense promoveu uma desapropriação de terras palestinas, a serem destinadas para novos assentamentos ilegais de colonos israelenses no Vale do Rio Jordão. Matéria de Carta Capital.
“O Cavalo de Troia de Israel”. Artigo do premiado jornalista norte-americano Chris Hedges questiona a finalidade do cais que os EUA pretendem construir em Gaza.