A audiência sobre a demissão coletiva de jornalistas e radialistas da Gazeta terminou sem acordo na tarde desta quinta-feira (22), no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT2-SP), no centro da capital paulista. Participaram da audiência jornalistas demitidos, dirigentes e advogados do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Radiodifusão e Televisão no Estado de São Paulo (Radialistas-SP), além de representantes da Fundação Cásper Líbero.
A demissão coletiva ocorreu no início deste mês, quando 71 profissionais foram demitidos em massa, dos quais 22 jornalistas e 49 radialistas, além de comentaristas e apresentadores contratados como Pessoa Jurídica (PJ). Com o enxugamento da redação, ficou apenas um pequeno contingente, de cerca de 15 profissionais, para manter o jornalismo na emissora.
No TRT2-SP, os representantes da Gazeta alegaram dificuldades financeiras na tentativa de justificar a demissão em massa e ainda cobraram dos sindicatos dos trabalhadores uma “solução” aos problemas enfrentados pela empresa. Segundo eles, a emissora encerrou programas que precisavam ser “reformulados”, pois “davam prejuízo em vez de lucro”.
Como a alegação da emissora é econômica, o jurídico do SJSP vai entrar em contato com o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP) para conferir e averiguar o balanço financeiro da Gazeta.
Dispensa sem diálogo nem contrapartidas
A direção da Gazeta não teve qualquer diálogo prévio com os sindicatos de classe nem ofereceu qualquer contrapartida aos demitidos, criticaram os sindicalistas. A única medida da emissora foi manter o plano de saúde dos demitidos por três meses, mas a extensão inclui o período de aviso prévio, e isenção de desconto do vale refeição e da cesta básica.
Os dirigentes do SJSP condenaram a dispensa coletiva e explicaram ao desembargador Rafael E. Pugliese Ribeiro que, logo após as demissões, o Sindicato entrou em contato com a empresa reivindicando uma reunião de urgência, mas até o momento a Gazeta não respondeu à solicitação. Os sindicalistas ainda ressaltaram o impacto social da dispensa coletiva, pois se trata de uma fundação que é referência para o jornalismo.
“A Fundação Cásper Líbero tem objetivos sociais, no caso voltados especificamente à comunicação, com meios de comunicação e com uma faculdade de jornalismo. A demissão em massa é a destruição desse trabalho jornalístico”, disse Paulo Zocchi, presidente do Sindicato dos Jornalistas.
No final da audiência, a advogada da Fundação Cásper Líbero disse que a “promessa” é que, caso a situação financeira da emissora melhore, os profissionais podem ser recontratados, mas a Gazeta não formalizou essa intenção aos demitidos em nenhum documento. Questionada sobre a possibilidade de novas demissões, a advogada da fundação disse que a expectativa é que isso não ocorra, mas que não podia garantir.
Os sindicalistas afirmaram ao TRT2-SP que estão abertos ao diálogo para que a fundação apresente contrapartidas aos demitidos e que a expectativa é pelo contado da empresa para uma negociação.
A Fundação Cásper Líbero terá que apresentar sua defesa ao tribunal até o próximo dia 27 e, posteriormente, em 30 de novembro, os sindicatos também vão se manifestar judicialmente quanto ao dissídio.