A TV Gazeta de Alagoas, afiliada a TV Globo, não cumpriu a decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de reintegrar até a última quinta-feira (18) os 15 jornalistas demitidos por participarem da greve contra redução de salários que durou nove dias.
As trabalhadoras e os trabalhadores foram demitidos no primeiro dia após o fim da greve, em 4 de julho, após decisão favorável do tribunal. O TRT negou a proposta das TVs Gazeta (Rede Globo), Pajuçara (Rede Record) e Ponta Verde (SBT) de reduzir o valor do piso salarial dos jornalistas em 40% e, ainda, afirmou que ela é inconstitucional e vergonhosa. A Justiça do Trabalho decidiu também pelo aumento do piso da categoria em 3%.
“Além de não respeitar a decisão judicial de reintegrar estes trabalhadores por medidas antissindicais e desrespeito a Lei de Greve, a TV Gazeta da família Collor desrespeitou também o nosso Acordo Coletivo de Trabalho que dá estabilidade aos jornalistas do início da campanha salarial até 1º de agosto”, explicou o presidente do Sindicato dos Jornalistas de Alagoas (SindJornal), Izaías Barbosa de Oliveira, se referindo a família do senador Fernando Collor de Mello.
“A TV gazeta peita a Justiça e não é de hoje”, afirmou Izaias indignado com o desrespeito. “Eles se acham acima da lei e se sentem os donos do pedaço, mas o sindicato já foi ao TRT exigir que a empresa cumpra o que foi determinado”.
Na manhã desta sexta-feira (19) o advogado do SindJornal, Dr.Kleber Santos, pediu no TRT de Alagoas que a Justiça adote as medidas judiciais necessárias para obrigar a empresa cumprir a decisão de reintegrar os 15 jornalistas que foram demitidos por lutar pelos seus direitos.
“Acabamos de peticionar junto ao processo a informação dada ao juiz da Primeira Vara sobre o descumprimento da decisão judicial de reintegrar os trabalhadores e as trabalhadoras e exigimos que estabeleça o retorno deles em suas devidas funções”, afirmou o advogado.
Dr.Kleber também disse que, além da Justiça, a empresa desrespeita a sociedade e os trabalhadores e as trabalhadoras.
“Essa é uma das medidas retaliatória da empresa querendo intimidar os jornalistas e toda sociedade, porque assim demonstra quem manda no estado”.
O advogado também fez um alerta sobre a possibilidade dos jornalistas serem reintegrados e assediados pelos chefes a mando dos patrões.
“Se soubermos de algum caso de assédio moral no retorno destes trabalhadores reintegrados também vamos reagir na justiça”, diz Kleber se referindo a casos como o da apresentadora que após voltar da greve virou editora.