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Apitaço marca protesto contra o calote da Abril

Apitaço marca protesto contra o calote da Editora Abril

Apitaço dos demitidos e freelancers dispensados pela Abril. Fotos: Flaviana Serafim/SJSPJornalistas, administrativos, distribuidores e gráficos demitidos em massa e os freelancers dispensados pela Abril realizaram na manhã desta segunda-feira (15) um protesto contra o calote dado pela empresa, com mobilização em frente ao Hotel Pestana, na R. Tutoia (Jd. Paulista), onde nesta tarde ocorre Assembleia Geral de Credores da recuperação judicial da editora.

Com faixas e cartazes trazendo capas de revistas da Abril personalizadas para denunciar o calote da editora, os profissionais gritaram “paga Civita”, fizeram vários apitaços no local (confira a galeria de imagens) e distribuíram uma carta aberta.

São mais de 800 trabalhadores e trabalhadoras celetistas que perderam o emprego e a Abril não pagou nem as verbas rescisórias e nem a multa de 40% do Fundo de Garantia, empurrando a dívida para a recuperação judicial.

Outras centenas de freelancers também foram prejudicados pelo calote. Por isso, os profissionais reivindicam que a editora pague integralmente e o mais rápido possível a dívida trabalhista de R$ 110 milhões, e que os Civita assumam o lugar dos trabalhadores como credores da recuperação judicial. A fortuna dos herdeiros da Abril, acumulada à custa dos trabalhadores, é estimada em R$ 10 bilhões.

> Saiba tudo sobre as demissões em massa e o calote da Abril

Presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), Paulo Zocchi destacou a união dos sindicatos de todas as categorias afetadas pelo calote, numa ação coesa para que possam debater e intervir no que vai acontecer durante o processo de recuperação judicial.

Concentração dos profissionais em frente ao hotel onde ocorre a Assembleia de Credores“Nossa posição é pelo pagamento integral das verbas o mais rápido possível e é importante que todo profissional atingido pelo calote encaminhe procuração para que os sindicatos o defendam na recuperação judicial. Isso é fundamental para termos uma posição de força, para peitar qualquer tentativa que a empresa venha a fazer de reduzir o que nos deve ou de protelar o pagamento da dívida”, disse o sindicalista durante o protesto.Com capas estilizadas, trabalhadores denunciaram o descaso dos Civita

Secretário do Interior do SJSP, José Eduardo de Souza denunciou a postura de descaso da família Civita com seus empregados.

“É importante que todos saibam que trabalhadores e trabalhadoras foram jogados no olho da rua por uma das famílias mais ricas do mundo, uma família de golpistas, de caloteiros e trapaceiros que deixa mais de 800 trabalhadores sem receber, além de sonegar impostos que poderiam ser destinados à construção de escolas, hospitais e moradias para população”, criticou.

Patrícia Zaidan, ex-redatora chefe da revista Claudia, trabalhou por 19 anos na Abril e estava entre as centenas de profissionais demitidos que participaram do protesto.

“Temos que apitar bem alto para acordar os Civita porque eles estão dormindo em berço esplêndio, dormindo e não perceberam até agora o quanto nos prejudicaram. Vamos apitar bem alto para lembrar os Civita que, de 11 revistas fechadas, oito são publicações femininas. As leitoras brasileiras ficaram sem informação e, na redação dessas oito revistas, 95% eram de mulheres trabalhadoras”, disse a jornalista que articulou as categorias para o apitaço contra o calote durante o protesto.

Entre as várias situações vividas pelos que perderam o emprego, Patricia relatou que há profissionais com câncer que ficaram sem plano de saúde, diversos pais e mães enfrentando dificuldades financeiras com seus filhos, além de mulheres grávidas. “Não vamos aceitar atrasos de pagamentos. Os Civita que botem a mão no bolso nos paguem o que devem”, concluiu a jornalista.

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