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Mulheres levarão indignação e esperança às ruas e às redes neste 8 de Março

Mulheres levarão indignação e esperança às ruas e às redes neste 8 de Março

A primeira grande manifestação de massa de 2022 será protagonizada por mulheres, no dia 8 de Março – Dia Internacional de Luta das Mulheres. Principais vítimas da violência, da miséria, do desemprego, da injustiça e dos retrocessos políticos em curso, elas marcharão com o lema “Pela vida das mulheres, Bolsonaro nunca mais! Por um Brasil sem machismo, sem racismo e sem fome”. As ações serão em todo o Brasil e a diretoria da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) está orientando os Sindicatos filiados a participarem das atividades programadas, sejam elas virtuais ou presenciais.

“Mais uma vez, ocuparemos as ruas e as redes sociais, unidas em um ato que segue tendo como principal bandeira a vida das mulheres. Em meio a uma crise econômica sem precedentes, nós mulheres somos as principais atingidas pela miséria, pela fome e, sobretudo, pela violência generalizada que é cometida contra nós dentro e fora dos nossos lares, nos espaços de poder e no Jornalismo. Por isso, sairemos às ruas trazendo o grito de Bolsonaro nunca mais, além de reivindicações históricas pela vida de mulheres cis e trans”, afirma Samira de Castro, segunda vice-presidenta da Federação e integrante da Comissão de Mulheres da FENAJ.

As organizações dos atos de rua orientam que as participantes sigam os protocolos de segurança sanitária, com utilização de máscara tampando boca e nariz, além de higienização das mãos com álcool 70% e distanciamento social. Para este ano, também é orientada a ida apenas de mulheres que estiverem com o esquema vacinal contra a Covid-19 completo. Para aquelas que que apresentarem sintomas da doença, como tosse, dor de cabeça, coriza e febre, a marcha do 8 de março poderá ser acompanhada pelas redes sociais dos movimentos de mulheres.

Orçamento neglicencia demandas

Samira de Castro acredita que as manifestações do 8 de Março deste ano mostrarão “o tamanho da indignação das mulheres com o atual governo”. De 2015, pouco tempo antes do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, a 2020, já no governo Bolsonaro, o gasto do Estado com políticas para as mulheres caiu de R$ 139,4 milhões para R$ 36,5 milhões. A queda coincidiu com o início da pandemia da covid-19, e colocou as mulheres em situação de maior vulnerabilidade.

O Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) mostrou que, “após cinco anos de subfinanciamento das políticas para as mulheres”, o governo dispôs de R$ 425 milhões para o ministério Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, de Damares Alves. “Porém, até meados de maio de 2020, o ministério executou somente R$11,3 milhões, o equivalente a 2,6% do que está disponível”, afirma o Inesc.

O Instituto ainda denuncia que “o Plano Plurianual (PPA) 2020-2023 excluiu o ‘Programa 2016: Políticas para as Mulheres: Promoção da Igualdade e Enfrentamento a Violência’, que era destinado somente às mulheres, e criou o ‘Programa 5034: Proteção à Vida, Fortalecimento da Família, Promoção e Defesa dos Direitos Humanos para Todos’, que é um guarda-chuva para execução de políticas do Ministério destinadas às mulheres, aos idosos e a pessoas com deficiência”. Com a fusão dos programas, as políticas específicas para mulheres tendem a ficar ainda mais prejudicadas e sem transparência.

“Os números referentes aos gastos públicos para barrar a violência contra as mulheres escancaram que não há intenção do governo federal em mudar o cenário crítico”, avalia a dirigente sindical. De acordo com ela, os casos de feminicídio e de violência contra as mulheres crescem exponencialmente.  Ao mesmo tempo, há total falta de interesse de Bolsonaro com a promoção de políticas públicas para as mulheres”, reforça.

Direitos coletivos e individuais em xeque

Seja no trabalho ou na vida pessoal, os direitos das mulheres vêm sendo destruídos. O Barômetro de Alerta sobre a situação dos direitos humanos no Brasil mostra que as consequências econômicas da pandemia de covid-19, geradas prioritariamente pela ausência de um Estado forte, impactou nas condições de trabalho das mulheres. As trabalhadoras domésticas, por exemplo – a maioria delas mulheres negras –, sofreram com a perda de emprego e renda, e foram submetidas ao trabalho sem condições sanitárias adequadas. Esse cenário também foi o de outros grupos de mulheres trabalhadoras, como as vendedoras ambulantes, as pescadoras e as camponesas.

Além de ter os direitos trabalhistas básicos atacados, as mulheres também tiveram mais trabalho dentro de casa. “Esta distribuição desigual das tarefas domésticas se agravou durante a crise (…). Cinquenta por cento das mulheres brasileiras tiveram que cuidar de alguém próximo a elas durante a pandemia”, diz trecho do Barômetro.

Com as mulheres jornalistas, não foi diferente. Muitas ficaram desempregadas na pandemia e as que permaneceram no emprego tiveram que arcar com triplas jornadas, inclusive sendo cobradas por produtividade no home office. “Soma-se a isso a violência crescente contra jornalistas e comunicadoras no exercício da profissão, que assumiu contornos machistas e misóginos a partir dos ataques do presidente Bolsonaro e de suas milícias digitais”, acrescenta Samira de Castro.

Mas as mulheres também irão às ruas e às redes sociais com esperança. Samira de Castro lembra que é tarefa das mulheres reforçar a luta para tirar Bolsonaro da presidência da República e acabar com o fascismo à brasileira.  “Temos a chance de eleger quem tem história na luta pela defesa dos direitos das mulheres, tanto nos cargos executivos quanto nos legislativos federal e estaduais”, pontua.

Com informações da CUT-DF

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