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Sindicatos protestam contra o desmonte da RTV Cultura

Sindicatos protestam contra o desmonte da RTV Cultura


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Entidades cobram reajuste salarial de jornalistas e radialistas

 

Os Sindicatos dos Jornalistas e dos Radialistas realizaram na manhã desta segunda-feira, 10 de agosto, em parceria com o Movimento Queremos a TV Cultura Viva, uma manifestação em frente à RTV Cultura para defender a emissora do desmonte realizado pelo governo do Estado de São Paulo e contra a decisão de não reajustar os salários dos trabalhadores.

O ato, realizado no mesmo horário em que se realizava a reunião do Conselho Curador da TV Cultura (órgão deliberativo da emissora), reuniu jornalistas e radialistas, além de representantes de diversas entidades da sociedade civil e telespectadores, temerosos pela extinção de vários programas da grade (principalmente o programa Viola Minha Viola) e pelo não investimento em produção.

Os manifestantes esticaram faixas em frente à portaria principal da RTV Cultura com os dizeres:  “Por uma RTV Cultura viva, pública e de qualidade. Queremos a Cultura Viva” e fizeram a leitura de dois manifestos, um assinado pelo Sindicato dos Jornalistas,e dos Radialistas,  lido pelo seu presidente, Paulo Zocchi e pelo coordenador dos Radialistas, Sérgio Ipoldo (que defendeu os direitos dos trabalhadores)  e do movimento Queremos a Cultura Viva,  apresentado pela coordenação do movimento.  Os dois documentos foram encaminhados para a reunião do Conselho Curador da emissora, que acontecia durante a manifestação. Novas manifestações estão sendo programadas.

Terminado o encontro, o presidente do Conselho Curador, Belisário  dos Santos Júnior, recebeu uma comissão representativa dos manifestantes. A representação do SJSP foi composta por Paulo Zocchi, Ana Flávia Marx e Evany Sessa . O presidente do Conselho sustentou que “não está havendo desmonte na TV Cultura”. Zocchi, por sua vez, ponderou que o Conselho precisa se posicionar contra o não reajuste dos salários e quanto à falta de investimentos em programas jornalísticos e culturais.

A justificativa da Fundação Padre Anchieta para não reajustar salários  é que o Conselho de Defesa dos Capitais do Estado (Codec), órgão da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, vetou o reajuste sob a alegação de que o governo estadual está com problemas financeiros.

A não aprovação do aumento, conforme despacho do governo do Estado, se deu “tendo em conta as restrições financeiras e orçamentárias apontadas nas manifestações dos órgãos competentes das Secretarias da Fazenda, Planejamento e Gestão”.

O presidente da Fundação Padre Anchieta, Marcos Mendonça, optou por fazer um corte maior que o do próprio governo. Enquanto o governador faz um ajuste de 20%, a TV fará um corte de 25% nos contratos. Essa opção irá causar impacto na precarização das relações de trabalho e no projeto da TV, a ponto de se romper contrato com a empresa que fazia a distribuição do sinal analógico, deixando de atender mais de 300 cidades do Interior e Litoral.

 

Este foi o manifesto lido pelos jornalistas durante a manifestação

CARTA ABERTA EM DEFESA DOS TRABALHADORES DA RÁDIO E TV CULTURA

 

A TV Cultura já foi considerada a experiência brasileira mais avançada no campo da TV pública, mantendo uma programação de qualidade voltada ao interesse da população sem cair no popularesco ou no sensacionalismo. A comunicação é um fator de integração e consolidação da cultura nacional, mas o sucateamento da emissora, além de significar a perda de centenas de empregos, representa a pequenez intelectual de uma elite que abriu mão de pensar um projeto nacional para o país. A crise da TV Cultura é a ponta desse iceberg.

O momento não é de medidas pontuais ou paliativas. É necessária uma ampla mobilização social para exigir do atual governo um projeto para a Rádio e TV Cultura e uma política pública para a comunicação no Estado de São Paulo. É preciso aglutinar os interessados, principalmente no poder público, em evitar o desmonte da Rádio e TV Cultura, criar um espaço de debate sobre o caráter da TV pública no Brasil e estabelecer uma política de financiamento para o setor. Assim, poderemos garantir que a TV Cultura seja um espaço mais reflexivo e criativo, fugindo da mesmice das TVs comerciais.

Assim sendo, os jornalistas e radialistas que trabalham na Rádio e Televisão Cultura solicitam do Conselho Curador, representado pelo seu presidente, Belizário dos Santos Júnior, que venha a se somar aos inúmeros brasileiros que querem salvar a TV Cultura dos ditames do mercado tradicional de comunicação e do puro e simples desmonte.

Nós, jornalistas e radialistas, também solicitamos dos Conselheiros empenho junto ao governo do Estado e órgãos responsáveis pela política salarial do governo no sentido de obter autorização para conceder os reajustes acordados pelas categorias em suas atuais Convenções Coletivas de Trabalho.

Nossas categorias profissionais foram surpreendidas pela negativa do Codec – Conselho de Defesa dos Capitais do Estado -, que não aprovou a proposta salarial de ambas as categorias. Isso significa, na prática, um rebaixamento real de salários. Todos os trabalhadores da TV estão com seus vencimentos defasados, corroídos pela alta inflacionária desde o ano passado.

Esta situação é insustentável, compromete a qualidade do trabalho realizado, coloca todos os trabalhadores frente a uma piora da qualidade de vida e desnuda o descaso do governo atual com os profissionais, que são a carne e o sangue da emissora.

Entendemos que o reajuste pleiteado faz justiça à equipe de trabalhadores da Casa, reconhece sua importância e honra a memória de Vladimir Herzog, símbolo do jornalismo cidadão praticado pela Rádio e Televisão Cultura que completa 40 anos de seu assassinato pela ditadura militar, além Antonio Abujamra e Inezita Barroso, ícones da cultura brasileira.

Nossa intenção é única e exclusivamente a de garantir nossos legítimos interesses e, assim, manter a qualidade dos serviços prestados ao cidadão e honrar a tradição da Rádio e TV Cultura de ser uma alternativa de qualidade às empresas comerciais que se pautam pelos valores de mercado e não pelos da cidadania.

Nos manifestamos, diante deste difícil cenário, em defesa da Rádio e TV Cultura. E defendê-la é, antes de tudo, defender os salários e as condições de trabalho dos radialistas e jornalistas que fazem da emissora um exemplo para todo o país.

 

Legenda: Paulo Zocchi (ao microfone), lê manifesto dos Sindicatos

Foto: Aparecido Araújo Lima (Cidoli)

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