Faleceu hoje em São Paulo, vítima de ataque cardíaco, o jornalista Dermi Azevedo, diretor por dois mandatos, nos anos 1990, no Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo.
Dermi teve uma longa e marcante trajetória jornalística e tornou-se referência na luta pelos direitos humanos. Trabalhou como repórter e redator em veículos como Folha de S.Paulo, Última Hora, Veja, Jornal da Tarde, Isto É, Diário do Grande ABC e Diário de Natal, entre outros. Em 1982, foi um dos fundadores do Movimento Nacional dos Direitos Humanos (MNDH) e da Agência Ecumênica de Notícias (Agen). Entre 2000 e 2009, presidiu o Conselho Deliberativo do Programa Estadual de Proteção a Testemunhas (Provita/SP).
Desde o final dos anos 1960, ainda como estudante, integrou as fileiras dos combatentes à ditadura militar. Junto com sua então esposa, a pedagoga Darcy Andozia, foi vítima de um dos episódios mais cruéis do período. Em 1974, os dois foram presos e torturados no Deops, para onde, em seguida, também foi levado seu filho, Carlos Alexandre, de apenas 1 ano e 8 meses. O bebê foi submetido a choques elétricos e agredido pelos militares, antes de ser devolvido aos avós maternos, o que marcou profundamente a criança, deixando-lhe um trauma insuperável.
Mesmo em meio às dificuldades, Dermi Azevedo se manteve firme em seus princípios, mantendo sempre sua presença nas lutas por direitos humanos, pelos interesses da classe trabalhadora e pela democracia em nosso país. Atualmente, integrava o Núcleo Maximiliano Kobe, que ajudou a criar, voltado à defesa de uma sociedade mais justa.
Quem quiser ouvir um importante depoimento seu a respeito do que viveu sob a ditadura militar, pode procurar o documentário “Atordoado, permaneço atento”, de 2019, feito por Henrique Amud e Lucas H. Rossi dos Santos, premiado no Festival de Brasília.
Cumprindo sua vontade expressa aos familiares, Dermi Azevedo será velado na sede do Sindicato dos Jornalistas (rua Rego Freitas, 530, sobreloja), nesta quinta-feira, 2 de setembro, entre 10h e 12h. O velório seguirá todos os protocolos de segurança sanitária (álcool gel, máscara e restrição de 10 pessoas por vez no local). Às 12h, o cortejo segue para o cemitério da Vila Alpina.
Nossos sentimentos à sua esposa, Elis Regina Brito Almeida, a seus filhos e familiares, a seus amigos e companheiros de luta.
Perdemos um grande companheiro, imprescindível no momento pelo qual passamos!
Dermi Azevedo, presente!
