Em assembleia na quarta-feira (18), jornalistas e radialistas da Fundação Padre Anchieta (FPA), mantenedora da RTV Cultura, definiram a valorização salarial, a retomada dos programas suspensos e a recontratação das(os) demitidas(os) como as principais reivindicações da campanha salarial unificada que se inicia.
A pauta para o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) foi entregue na quinta-feira (19) e mantém as cláusulas já presentes no último acordo coletivo com a fundação. Nas cláusulas econômicas (como salários, pisos e auxílio-creche), pleiteia a incorporação dos índices inflacionários, além da diminuição da defasagem nos vales-alimentação e refeição.
Luiza Moraes, diretora de ação sindical do Sindicato dos Jornalistas, reclama que, desde 2014, trabalhadores da RTV Cultura vêm acumulando perdas salariais. “Radialistas e jornalistas precisariam de reajustes que passam dos 40% para recuperar o poder de compra perdido nos últimos 10 anos. É uma vergonha falar que recebemos um vale-alimentação de R$ 107! Nos 20 anos que estou na FPA, vi passarem sucessivos governos e nenhum teve a preocupação de valorizar os profissionais que mantêm essa Instituição de pé.”
CONHEÇA A PAUTA ENTREGUE À FUNDAÇÃO
Mobilização decisiva
A assembleia aprovou iniciativas para massificar a campanha contra as 116 demissões – das quais 96 relativas a contratações como pessoas jurídicas (PJs) e 20 como CLT – ocorridas no início de setembro, após a suspensão e cancelamento de vários programas da grade da emissora.
As mobilizações até agora tiveram papel decisivo e foram determinantes para que, no dia 16, fosse anunciada a liberação de parte dos repasses orçamentários que foram contingenciados.
Desmonte e precarização
O desmonte da Fundação Padre Anchieta, promovido nos últimos anos, e a crescente precarização nas relações de trabalho ficaram ainda mais evidenciadas durante reunião realizada entre os sindicatos e representantes da fundação momentos antes da assembleia.
O diretor financeiro da FPA afirmou que, no dia 16, foram liberados R$ 11,8 mi e que isso corresponde a 100% do orçamento de custeio devido pelo Governo do Estado. Mas admitiu não saber como serão utilizados. Sobre a afirmação do governo estadual de ter repassado R$ 104 mi este ano – 10% a mais do que em 2023 – o diretor declarou que esse percentual é para cobrir o crescimento orgânico da folha de pagamento e não um aumento real.
Conforme o setor de Recursos Humanos da Fundação, atualmente a FPA tem 745 contratados como CLT, 347 eventuais e 545 PJs! Um quadro escandaloso!
Firmes na pressão
Trabalhadoras(es) da FPA estão com os salários defasados há dez anos, os programas seguem suspensos da grade e os 116 trabalhadores(as) não foram recontratados(as).
Por isso, jornalistas e radialistas, que estão em caráter de assembleia permanente, seguem firmes para pressionar que o repasse seja destinado para quem mais precisa, que são as e os trabalhadores, principal patrimônio da FPA. “Se ainda existimos como uma emissora e rádios públicas, é porque nós, trabalhadoras(es), resistimos e lutamos para entregar uma programação de qualidade, honrando um compromisso que deveria ser também de quem dirige a FPA e dos governantes de plantão”, ressalta Luiza.
Recontratação das(os) demitidas(os)!
Retomada dos programas suspensos!
Valorização salarial!
Contra o desmonte da Fundação Padre Anchieta!