No Brasil, a escalada da violência na Internet contra mulheres em geral, e mulheres jornalistas em particular, reflete o crescimento da extremadireita e dos discursos de ódio, bem como a atuação cada mais vez ostensiva desses grupos nas redes sociais. Esta reportagem relata casos graves de intimidações, ameaças e ofensas sofridas por algumas jornalistas em decorrência de suas atividades profissionais. A apuração foi realizada por uma equipe de estudantes de jornalismo da Escola de Comunicações e Artes (ECA-USP), como parte de um projeto de extensão da disciplina Legislação de Jornalismo, lecionada pelo professor Vitor Blotta, e que contou com a participação do SJSP. Autores e autoras da reportagem: Jean Silva, Joseph Filippo, Paloma Lazzaro, Samuel Cerri, Tatiana Couto e Yasmin Andrade. O texto final é de Pedro Pomar (SJSP).
“Eu vou te matar, sua vagabunda. […]Eu já tenho seus dados e os dados de toda sua família. Viajarei até sua casa com a arma que estou enviando a foto em anexo, tenho 200 balas, assim fazer a festa no seu cafofo e provavelmente morrer em um belo confronto com a polícia depois de estuprar você e todas as crianças presentes.”
Esse foi o teor de um e-mail anônimo remetido a Vanessa Lippelt, editora do Congresso em Foco, em junho de 2022. A mensagem continha informações pessoais da jornalista e de sua família, como CPF, CEP, endereço, além de ameaças de morte, de estupro e a foto de uma arma. As ameaças vieram após a publicação de uma reportagem de Lucas Neiva, que investigava a atividade do fórum virtual “1500chan” por produzir fake news com o intuito de beneficiar o então presidente Jair Bolsonaro
Em agosto, a Polícia Civil do Distrito Federal identificou o responsável pelas ameaças, mas não divulgou seu nome. De acordo com a polícia, o autor era um homem bolsonarista de 23 anos, residente do Paraná, que trabalhava na área de informática e que já tinha histórico criminal por agressão. Ele não foi preso, mas medidas protetivas foram concedidas a Lucas, Vanessa e sua filha.
A medida proíbe que o acusado se aproxime a menos de 800 metros das vítimas e de frequentar o local onde funciona a redação do Congresso em Foco. Também não poderá ter contato com os jornalistas, sob pena de pagamento de multa no valor de R$ 1 mil por cada desobediência; o valor será revertido para as vítimas.
Nota conjunta do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, do Coletivo Mulheres Jornalistas do DF e da Comissão de Mulheres da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) manifestou total solidariedade a Vanessa Lippelt, além de repudiar as ameaças à profissional, “de teor extremamente violento, misógino e machista”, e de cobrar imediata e rigorosa apuração, exigindo, “das forças de segurança e do veículo, a garantia de proteção e assistência necessárias”.
A ameaça à jornalista é gravíssima, disseram as entidades, “pois se utiliza de um instrumento de terror muito utilizado em nossa sociedade patriarcal e machista, inclusive como arma de guerra, que é a violência sexual como forma de dominação e subjugação das mulheres”. Lembraram ainda que, em 2021, uma mulher jornalista foi agredida a cada três dias. Foram 119 ataques, sendo 38% dos casos classificados como violência de gênero, que inclui ataques à moral e à reputação das jornalistas.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) monitora os ataques à imprensa, por meio da pesquisa anual “Violência de gênero contra jornalistas”. O projeto identifica, registra e classifica casos de violência explícita de gênero — quando sexualidade, identidade de gênero e elementos relacionados são usados para ferir e ofender — e assume que esses ataques têm machismo e misoginia sistêmicos como pano de fundo.
De 2022 a novembro de 2023, foram registrados 71 ataques, dos quais 40,8% são ataques de gênero. Destes, a imensa maioria: 86,2%, são ataques à reputação e à moral, usando a aparência, a sexualidade ou traços sexistas de personalidade para agredir. Além disso, 16,1% são discursos de autoridades e figuras proeminentes e 38,7% são campanhas sistemáticas de ataque, mais comuns na Internet.
O projeto dedica especial atenção às agressões ocorridas no meio digital. Os ataques cibernéticos envolvem desde o hackeamento até ameaça de morte ou estupro e o chamado doxxing — divulgação de dados pessoais. Ao analisar esses casos, o projeto também registra, dentro do possível, informações sobre as plataformas que serviram de palco para os episódios de violência.
Na sua avassaladora maioria — 91,5% — as vítimas são mulheres, das quais 79,3% são brancas e 11% negras. A principal forma de agressão são ameaças, intimidações e ciberameaças.
Esses dados revelam as dificuldades das mulheres no exercício do jornalismo e a necessidade de maiores recursos jurídicos e estratégias de proteção, especialmente em um contexto crescente de discursos de ódio e desinformação nas redes; investidas de governantes contra a credibilidade jornalística; e misoginia estrutural da sociedade. Agora conheça mais algumas histórias de profissionais que passaram por isso.
FABIANA PULCINELI
Em novembro de 2023, durante um julgamento da seção criminal do Tribunal de Justiça de Goiás, o desembargador Adriano Roberto Linhares Camargo defendeu o fim da Polícia Militar (PM) por conta de seus “abusos e excessos seguidos e recorrentes”. O magistrado foi duramente criticado pela PM e pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), o qual pediu seu impeachment.
A repórter Fabiana Pulcinelli, do jornal goiano O Popular, acompanhou a situação publicando reportagens sobre o caso. Mesmo sem emitir qualquer opinião, ela foi atacada nas redes sociais por veicular as falas do desembargador, ou seja: por exercer sua profissão enquanto jornalista. Entre os perfis que a atacavam com xingamentos e intimidações, constavam lideranças da PM, cujo dever é supostamente defender os cidadãos. “Obrigação de jornalista é trazer o máximo de informações, contextualizar as situações e ouvir todos os envolvidos. Foi o que eu fiz no caso do desembargador”, manifestou Fabiana nas redes sociais.
Este cenário revela um preocupante padrão em que autoridades e agentes públicos, ao invés de respeitarem o papel fundamental da imprensa, optam por intimidar vozes femininas que ousam noticiar fatos incômodos. Essa perseguição não apenas desrespeita o trabalho jornalístico, mas também configura uma ameaça à liberdade de expressão e ao direito à informação, fundamentais para a construção de uma sociedade democrática.
DE 2022 A NOVEMBRO DE 2023, FORAM REGISTRADOS 71 ATAQUES, DOS QUAIS 40,8% SÃO ATAQUES DE GÊNERO. DESTES, A IMENSA MAIORIA: 86,2%, TEM COMO ALVO A REPUTAÇÃO E A MORAL
Dandara Barreto, jornalista e radialista da Rádio TransBrasil Feira, na Bahia, ainda estava de férias quando se deram os ataques a instituições federais em 8 de janeiro de 2023. Mesmo assim, publicou uma manchete sobre a suposta participação de um funcionário público naquela tentativa de golpe de Estado.
Em suas redes sociais, por mais de um mês, o funcionário convocava seus seguidores a participarem dos atos e acampamentos na frente de quartéis-generais em apoio ao então presidente Bolsonaro. Ele chegou a publicar um vídeo alegando estar em Brasília durante a invasão do Palácio do Planalto, o que não era verdade. Depois, abriu uma queixa-crime por calúnia contra Dandara e exigiu a remoção da matéria de suas redes sociais.
A jornalista passou a receber mensagens cobrando-a que removesse sua reportagem, mas recusou-se a fazer isso. A situação mudaria quando um anônimo, por meio de um número restrito ou oculto, lhe enviou uma foto de visualização única com um texto dizendo que ela “fala demais” e seria “silenciada” em um latrocínio forjado.
A jornalista estava grávida neste período, mas veio a perder o bebê por complicações de saúde. Para além do medo diário de sofrer um atentado, o luto dessa perda agravou seu adoecimento mental, fazendo com que ela passasse a realizar tratamento psiquiátrico, especialmente por conta dos ataques de pânico.
Dandara registrou um boletim de ocorrência (BO), e atendendo à orientação da polícia, fez uma publicação no Instagram alertando sobre o ocorrido para que, caso algo viesse a acontecer com ela, as pessoas já soubessem do que se tratava e que havia um suspeito. Ela afirma que, apesar de não resolver o problema da ameaça em si, essas medidas traziam um certo “lastro de segurança física”, e que o apoio de amigos, colegas e ouvintes foi emocionalmente fundamental.
Entretanto, ressalta: “Virtualmente eu me senti bem desprotegida. A rede social ao mesmo tempo que nos aproxima, pode ser um abismo também. Foi através dela que a gente identificou que um agente público cometeu um crime […] mas foi nela que recebi um print de ameaça que não pôde ser mostrado”.
O funcionário público em questão foi preso em 2023 e solto alguns meses depois sob medidas cautelares e uso de tornozeleira eletrônica. Em março de 2024, a polícia o prendeu novamente por descumprimento das medidas cautelares.
MARIANA KOTSCHO
Em 17 de dezembro de 2020, Mariana Kotscho publicou em seu portal “Papo de Mãe” a matéria intitulada “‘Não tô nem aí para a Lei Maria da Penha. Ninguém agride ninguém de graça’, diz juiz em audiência”. A reportagem tratava de um caso de violência doméstica em que a mulher atacada foi depois revitimizada, por três horas, pelo juiz Rodrigo de Azevedo Costa, da Vara de Família e Sucessões da Freguesia do Ó, na capital paulista, o qual proferiu mais falas violentas além daquela que dá título à matéria.
O conteúdo teve grande repercussão na Internet e logo Mariana passou a receber xingamentos e ameaças em massa de pessoas ligadas à extrema-direita em suas redes sociais. O canal no YouTube do “Papo de Mãe” recebeu tantas denúncias que foi obrigado a sair do ar, até que Mariana conseguisse recuperá-lo três dias depois.
“Eu fui atacada por uma reportagem que nem era sobre política. Eles [da extrema-direita] têm a missão de destruir a imagem da Maria da Penha e a própria lei que defende as mulheres de violência e feminicídio. Eles são contra qualquer ação em prol dos direitos humanos”, diz Mariana à nossa equipe. Os ataques eram tão intensos e constantes que Mariana chegou a restringir suas contas nas redes sociais por estar cansada de ver comentários como “vai lavar uma louça”, “não sai na rua, se não…”, “vai ser dona de casa”, “você deveria perder a guarda dos seus filhos”.
Ela destaca que, pelo fato de ser mulher, os ataques eram carregados de misoginia. “Sofri ataques porque a intenção era me amedrontar”, diz ela. “Até hoje, quando eu me pronuncio pelos direitos humanos, vem gente me xingar e falar que vai denunciar minha conta do Instagram”
O juiz agressor, por sua vez, foi punido pelo Órgão Especial do TJ-SP com uma remoção compulsória para Ferraz de Vasconcelos.
BASILIA RODRIGUES
Em 14 de março de 2023, a jornalista e analista de política da CNN Basilia Rodrigues foi vítima de ataques racistas nas redes sociais. Neste dia, o programa “CNN dois lados”, apresentado por ela, entrevistava o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e tratava da possível cassação de seu mandato em decorrência de suas falas transfóbicas no plenário da Câmara dos Deputados no Dia Internacional da Mulher. Durante a entrevista, Nikolas passou a fazer questionamentos à outra entrevistada, a deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS), mas Basilia o interrompeu: “Quem faz as perguntas sou eu”, disse.
Apoiadores do deputado de extrema-direita passaram então a atacá-la com ofensas racistas. A jornalista publicou no X prints dos comentários que recebeu. Alguns desmereceram o trabalho dela: “Parabéns Nikolas. E essa repórter??? Presta nem p’ra dar faxina”. Outros proferiram xingamentos e ofensas, entre os quais “negra vadia”.
Além desse episódio, Basilia já sofreu uma série de perseguições de motivação racista na própria CNN relacionadas ao volume de seu cabelo nas aparições ao vivo do jornal. A editora do jornal de Jundiaí Novo Dia chegou a reclamar que a comentarista estaria “descabelada”, de acordo com funcionários ouvidos pelo veículo jornalístico Alma Preta. Um deles, porém, questionou essa atitude discriminatória: “Se ela fosse loura e de olho azul, você não estaria enchendo o saco dela”.
ANDREZA MATAIS
Em outubro de 2023, após a publicação da reportagem “Lula atuou em operação para banco emprestar US$ 1 bilhão à Argentina e barrar avanço de Javier Milei”, de autoria da jornalista Vera Rosa, a então editora-executiva do jornal O Estado de S. Paulo, Andreza Matais, tornou-se alvo de ataques virtuais por divulgar a matéria em redes sociais
Em meio a diversas críticas e ofensas de apoiadores do governo, Andreza trocou mensagens com o jornalista George Marques, então assessor da Secretaria de Comunicação Institucional da Presidência. Marques negou que Lula tenha atuado para interferir na liberação do empréstimo, e associou a matéria a interesses de “setores da grande imprensa”. Em resposta, Andreza escreveu “11.306,90”, em referência à remuneração mensal do assessor.
Pouco depois, sua conta do Gov.br foi invadida. Os invasores mudaram a senha de acesso, exigindo dinheiro para que os dados do imposto de renda de Andreza não fossem divulgados. Não foram divulgadas mais informações acerca do desfecho desse caso.
MARIE DECLERCQ
Entre 2013 e 2019, Marie Declercq trabalhou na capital paulista como repórter para o portal Vice, onde já tratava de assuntos polêmicos como sexualidade e a presença da extrema-direita na Internet. Em 2018, publicou uma matéria sobre a “Operação Bravata”, responsável pela prisão do líder do Dogolachan, um fórum que disseminava discurso de ódio, pornografia infantil, dentre outros conteúdos criminosos. A reportagem viralizou e poucas semanas depois ela recebeu uma ameaça via e-mail de um administrador desse fórum que escapou de ser preso na operação policial.
“Era um texto gigante falando como eles iam me estuprar, jogar ácido na minha cara, pagar uma pessoa p’ra dar um tiro na minha cara, que eles iam explodir a Vice. Eles colocaram fotos antigas minhas, uma em que estou de biquíni”, relembra Marie em entrevista à nossa equipe. Além disso, seus dados pessoais haviam sido vazados no fórum
Ela e uma advogada da Vice, então, foram a uma delegacia da Polícia Civil, onde tiveram que enfrentar mais constrangimentos na tentativa de abrir um boletim de ocorrência: “Eu expliquei tudo aquilo e ele [o delegado] falou ‘Você sabe quem é?’, e eu falei ‘Não sei quem é’. Depois disso, ele se perdeu completamente. Tive que levar o e-mail impresso com a minha foto de biquíni ali. O cara ficou olhando para minha cara com escárnio”. Apesar do descaso da Polícia, Marie diz ter recebido muito apoio.
Em abril de 2024, ela teve de enfrentar mais hostilidades e constrangimentos após publicar matéria no portal UOL sobre o crescimento do número de criadores de conteúdo masculinista na Internet e como isso se relacionava com a violência digital contra as mulheres. “Eu sabia que eles iam revidar. Só que entenderam que não podem simplesmente mandar as pessoas que seguem virem me xingar”, avalia. “Então eles começaram o jogo sujo deles”. Um canal masculinista do YouTube editou uma fotografia sua fazendo parecer que estava nua e usou a montagem como thumbnail de um vídeo em que nem chegou a citá-la.
Ferramentas de segurança
Para Marie, até alguns anos atrás, estes fóruns de extrema- -direita eram onde boa parte de “informações bizarras” e o discurso violento contra minorias se concentravam. Contudo, com o passar do tempo, eles escaparam de cantos mais remotos da Internet em direção à superfície, principalmente depois da primeira eleição de Trump nos EUA (2016). Hoje, declarações de ódio que raramente seriam vistas fora de chans, fóruns e canais mais isolados ganham espaço em grandes redes sociais, como o X.
A jornalista reconhece que a mudança na dinâmica das redes sociais, sobretudo com o processo de plataformização, impulsiona e privilegia o discurso de ódio, “porque a plataforma está tirando dinheiro com isso, obviamente, então ela vai ser a última a querer banir esse discurso que os algoritmos entendem como um discurso que prende a pessoa ali”. Refletindo a realidade de uma sociedade patriarcal e preconceituosa, minorias políticas, como pessoas negras, LGBTs e principalmente mulheres, são as principais vítimas de ataques virtuais.
O PROGRAMA DE PROTEÇÃO A DEFENSORES DE DIREITOS HUMANOS TAMBÉM PODE SER ACESSADO POR JORNALISTAS QUE ESTEJAM SOB AMEAÇA
“Um jornalista precisa ter um VPN [uma tecnologia que criptografa o tráfego de Internet em redes públicas não seguras para proteger os dados do usuário]. Precisa ter, ou pelo menos saber usar, o Tor para conseguir acessar algumas coisas”. Tor é um software de código aberto que proporciona a comunicação anônima e navegação online segura, evitando a censura e protegendo a privacidade. “Tem que saber minimamente o que é usar o e-mail criptografado. Tem que ter senha forte, ativar segurança em duas etapas, colocar PIN no seu chip do celular”.
Segundo Marie, a segurança pessoal de uma jornalista não depende apenas dela, mas também do veículo no qual trabalha. Computadores e celulares seguros e de uso exclusivamente profissional, por exemplo, são fundamentais para aumentar a segurança das profissionais. Por outro lado, garantir o sigilo de dados pessoais, como CPF, RG, número de celular etc., é bem mais difícil, pois essas informações podem ser facilmente encontradas na Internet.
Na Europa, não existe a promiscuidade que permite a comercialização de bancos de dados por empresas, e de modo geral os profissionais do jornalismo contam com maior proteção: “Os jornalistas têm um celular de trabalho, têm um computador criptografado, têm muito mais familiaridade com ferramentas que garantam que eles tenham mais privacidade e segurança”.
Frente uma ameaça, a jornalista diz que o primeiro passo é não minimizar a gravidade da situação e buscar ajuda do veículo em que se trabalha e o apoio de colegas, ainda mais na coleta de provas para um eventual processo jurídico. Atualmente, muitos jornalistas independentes no Brasil correm riscos de vida semelhantes aos enfrentados pelo jornalista Don Phillips e pelo indigenista Bruno Pereira, assassinados na Amazônia por contrabandistas de pirarucu. Mas, adverte Marie, a óbvia gravidade de situações desse tipo não torna menos sérias as ameaças digitais, porque “quando você é mulher e jornalista na Internet você está completamente vulnerável”. Assim, é essencial “não menosprezar”.
Além disso, considera essencial contar com o suporte de uma advogada, que, no caso dela, forneceu a assessoria jurídica necessária, ajudando a obter e guardar provas. Mas, pondera, isso não ocorre em todos os veículos do Brasil, e a atuação dos sindicatos de jornalistas é essencial para a criação de uma rede de apoio mútuo.
Ofensiva da extrema-direita
Em 2023, foram registrados 181 casos de violência contra jornalistas no Brasil, segundo o Relatório de Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil, da Fenaj — uma redução de 51,86% em relação aos 376 casos de 2022. Ainda assim, esse número é 34% superior ao contabilizado em 2018, antes da ascensão de Jair Bolsonaro à Presidência da República.
Apesar de o número de mulheres jornalistas que sofreram violência ser menor que o de homens — 68 vítimas contra 179 do gênero masculino — isso talvez se justifique pela subnotificação de denúncias, embora as mulheres constituam 64% da nossa categoria profissional no Brasil. Segundo um levantamento da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), as jornalistas sofrem violência dentro e fora das redações. Dentre as entrevistadas, 60% afirmaram ter sofrido violência de gênero por parte de colegas e/ou chefes do sexo masculino.
Além disso, informaram não poder contar com ferramentas nos seus locais de trabalho para lidar com estas situações. Fora das redações, mais de um terço das mulheres consultadas (38%) sofreram agressões ou ameaças online ou nas mídias sociais relacionadas a gênero, em decorrência de seu trabalho jornalístico.
“A recente escalada de casos de violência contra mulheres está relacionada ao crescimento dos movimentos de extrema- -direita”. A conclusão é de Daniela Osvald Ramos, professora da Escola de Comunicações e Artes (ECA-USP). Daniela lidera o grupo de trabalho de gênero do Observatório da Violência Contra Jornalistas e Comunicadores Sociais, criado pelo Ministério da Justiça.
Os dados mostram que mulheres que acumulam interseccionalidades são vítimas ainda mais sensíveis a manifestações de violência de gênero. “O corpo feminino interseccional sempre vai ser mais visado. A mulher negra e LGBT, por exemplo, sempre vai ser mais visada”, comenta. Ataques contra jornalistas mulheres têm intenções que vão além da violência pontual. São estratégias políticas ligadas à direita. “Eles atacam jornalistas mulheres, porque é mais fácil viralizar esse ataque”, argumenta a pesquisadora.
Mecanismos de proteção
Apesar da falta de ferramentas judiciais específicas, no Brasil os jornalistas têm acesso a diversos mecanismos legais para sua defesa e proteção em relação ao exercício de sua profissão. A Constituição Federal de 1988 é o principal marco legal e garante a liberdade de expressão e de imprensa, o que assegura o direito de todos, inclusive jornalistas, de se expressarem livremente sem censura ou represálias.
Além disso, existem leis específicas que protegem jornalistas, como a Lei 9.296/1996, que proíbe escutas telefônicas e interceptações ilegais. Em tese, também são assegurados direitos e garantias aos jornalistas por meio do acesso à justiça, o que permite que recorram ao Poder Judiciário em casos de ameaças, agressões ou assédio.
O Programa de Proteção a Defensores de Direitos Humanos, vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, também pode ser acessado por jornalistas que enfrentam ameaças em razão de seu trabalho. Além disso, as leis que tratam de crimes cibernéticos, como o Marco Civil da Internet (lei 12.965/2014) e a Lei Geral de Proteção de Dados (13.709/2018), auxiliam na proteção de jornalistas de ameaças e perseguições online.
A lei federal 13.642/2019 é um grande marco na proteção de mulheres na Internet, pois prevê que “quaisquer crimes praticados por meio da rede mundial de computadores que difundam conteúdo misógino, definidos como aqueles que propagam o ódio ou a aversão às mulheres”, sejam investigados pela Polícia Federal. Recebeu o nome de “Lei Lola Aronovich”, em homenagem a essa professora da Universidade Federal do Ceará (UFC) que sofreu ataques virtuais desde 2008, quando inaugurou seu blogue Escreva Lola Escreva. As ameaças de morte a Lola partiam de diversos fóruns como, por exemplo, o Dogolachan, também mencionado por Marie Declercq. Em 2019, Lola foi finalista do Prêmio Liberdade de Imprensa da organização Repórteres sem Fronteiras (RSF).
Os sindicatos de jornalistas e a Fenaj desempenham um papel crucial na defesa dos profissionais de imprensa contra ameaças de violência. Como representantes dessa categoria profissional, seu objetivo é proteger os direitos dos jornalistas, mulheres e homens, e buscar garantir um ambiente seguro para o exercício do jornalismo. Os sindicatos prestam assistência jurídica e política a jornalistas que enfrentam ameaças e pressões, ou que chegam a sofrer agressões físicas, atentados e perseguições.
Também negociam melhores condições de trabalho e segurança para os profissionais de imprensa, buscando incluir medidas de proteção em acordos coletivos e monitorar casos de ameaças e agressões contra jornalistas, documentando e dando visibilidade a essas ocorrências. Formam grupos de pressão para exigir das autoridades a investigação e punição dos responsáveis pelos atos de violência.
A pesquisadora Daniela Osvald Ramos enfatiza que é preciso criar uma rede de apoio: “É uma luta coordenada. Precisamos acreditar que é possível o bem vencer o mal, se não a gente vai ser paralisado pelo medo. E é isso que eles querem”. •
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24 de May de 2025
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