Logo do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo
Logo do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
Logo da Federação Internacional de Jornalistas
Logo da Central Única dos Trabalhadores
Logo da Federação Nacional de Jornalistas

Perfil da categoria: Pretos e pardos são só 13%

Perfil da categoria: Pretos e pardos são só 13%

Uma hegemonia branca nas redações: são 72% dos jornalistas contratados. O retrato apresentado pelo levantamento do Dieese converge com o cenário nacional: setores com maiores salários (a partir de três salários mínimos, ou R$ 3.135,00) como bancos, montadoras – e o jornalismo – são majoritariamente brancos. E setores com os piores salários, como telemarketing, segurança, limpeza urbana, são majoritariamente negros.

É dessa forma que se organiza, na sociedade brasileira, uma desigualdade brutal: “Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) 2019, negros recebem em média 57,33% do valor médio que as pessoas brancas recebem. E a mulher negra recebe 43,4% em relação ao homem branco”, nos explicou Mário Rogério, coordenador do Censo de Diversidade Racial do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT).

Para Mário, a dificuldade de negros terem acesso a empregos mais bem remunerados tem a ver com os processos de recrutamento e seleção. “O negro tem de mostrar o dobro da expertise do branco, para ter o reconhecimento equivalente.”

Flávio Carrança, diretor do Sindicato e coordenador da Comissão de Jornalistas por Igualdade Salarial (Cojira-SP), adiciona outros fatores. “Como na redação são quase todos brancos, de classe média, dificilmente suas redes de relações vão incluir gente negra da periferia, ou mesmo gente negra de classe média, e isso influencia na contratação. Além disso, os poucos negros e negras estão na base, com salários mais baixos”, afirma, o que reforça o quadro apresentado por Mário.

“Eu também tenho a percepção de que há uma presença maior de profissionais negros em vagas sem vínculo empregatício, precarizadas, e também na chamada imprensa independente, como em jornais e sites da periferia”, avalia Flávio. Essa atuação não aparece na Rais. O jornalista lembra que, em 2017, a Cojira fez um seminário que indicou propostas de ação do movimento sindical frente às empresas, como a inclusão de cláusula de combate a injúria racial nos acordos coletivos da categoria e estabelecimento de cotas mínimas de 30% de jornalistas negras e negros. “São pontos em que precisamos avançar, assim como um diálogo com os profissionais que atuam sem o vínculo, para elaborar propostas para esse segmento”, conclui.

veja também

relacionadas

mais lidas

Pular para o conteúdo