Já no dia 10 de outubro de 2023, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) manifestou sua repulsa à matança de civis na Faixa de Gaza que se prenunciava naquele momento: “As recentes movimentações das Forças Armadas de Israel — brutal bombardeio de Gaza; bloqueio total de água, alimentos e energia; e preparação de possível invasão por terra — explicitam um cenário sombrio: milhões de civis estão em risco iminente de sofrerem uma hecatombe nunca antes vista”.
Infelizmente, nosso vaticínio estava correto: a pretexto de retaliação ao ataque do Hamas de 7 de outubro, atualmente o número de palestinos assassinados por Israel em Gaza já chega a 30 mil, na sua imensa maioria crianças, mulheres, idosos, civis. Há ainda várias dezenas de milhares de feridos, mutilados e doentes; hospitais foram bombardeados e continuam sendo atacados; e sabe-se que a maior parte da população confinada naquele território está passando pelo terrível sofrimento da fome, bem como por falta de água potável e escassez de medicamentos.
Neste momento as tropas israelenses iniciam operações em Rafah, cidade densamente povoada ao sul da Faixa de Gaza, onde mais de 1 milhão de palestinos se refugiaram por orientação do próprio governo de Israel! O anúncio de incursões militares em Rafah, que certamente vão agravar a matança da população palestina, mereceu repúdio até de aliados de Israel, como União Europeia e França.
Foi levando em conta este trágico cenário que, no último domingo, 18 de fevereiro, em Adis Abeba (Etiópia), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou-se, durante uma entrevista coletiva, contra as atrocidades praticadas por Israel: “O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus […] na Faixa de Gaza, não ‘tá acontecendo uma guerra, mas um genocídio”.
A declaração do presidente Lula provocou reações raivosas tanto do governo de extrema-direita de Israel, como de veículos de comunicação brasileiros alinhados às pautas sionistas. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e seus ministros passaram a fazer declarações públicas contra o primeiro mandatário brasileiro e a cobrar um inaceitável “pedido de desculpas”, além de realizar um ultrajante gesto diplomático de repreensão pública ao embaixador brasileiro em Tel Aviv.
O SJSP entende que as falas do presidente Lula frente ao genocídio do povo palestino foram essencialmente corretas e expressam a verdade dos fatos na Faixa de Gaza: os horrores vividos pela população local são de uma desumanidade criminosa. O SJSP lembra que cerca de 100 jornalistas palestinos(as) e uma jornalista libanesa foram assassinados(as) por Israel em apenas quatro meses, número recorde em qualquer guerra. Foram executados porque estavam revelando ao mundo a verdadeira face do conflito: os crimes de guerra de Israel.
Os duros ataques desfechados contra o presidente Lula em manchetes, editoriais e comentários editorializados de “especialistas” são uma tentativa desesperada dos aliados de Netanyahu e do regime sionista de sustentar uma “narrativa” que é puramente ficcional: a de que Israel “tem direito a se defender” massacrando a população civil palestina. Na realidade, Israel é uma potência militar que está ocupando ilegalmente o território da Palestina. A razão de fundo do genocídio na Faixa de Gaza e das incursões de colonos na Cisjordânia é o expansionismo colonialista de Israel, que pretende varrer do mapa a população palestina.
Por essa razão, o SJSP solidariza-se com o presidente Lula por seu corajoso pronunciamento em Adis Abeba, além de repudiar os pedidos oportunistas de impeachment apresentados por parlamentares de extrema-direita. Por fim, reitera seu apoio ao admirável povo palestino na sua incansável e heroica luta por autodeterminação e independência.
Cessar fogo já! Palestina livre!
Pelo fim do genocídio em Gaza!
SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS NO ESTADO DE SÃO PAULO