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Jornalistas da CNN Brasil sofrem pressão editorial da direção da empresa

Diferentes relatos de jornalistas a este Sindicato atestam que, desde a chegada do empresário João Camargo à presidência do conselho da CNN Brasil, no final de 2022, crescem as tentativas inaceitáveis de interferência empresarial no trabalho jornalístico dos profissionais da emissora. 

Demissões de profissionais teriam ocorrido logo após reportagens ou comentários que teriam desagradado membros dos Poderes da República. 

Ainda segundo as denúncias, o caso mais grave ocorreu no dia 1º de junho deste ano, quando a Polícia Federal realizou uma operação para investigar irregularidades na compra de kits de robótica em Alagoas.

O programa “CNN 360” divulgou a notícia de que a PF havia encontrado um cofre com R$ 4 milhões em dinheiro vivo na casa de um ex-assessor de Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados. A notícia recebeu uma errata porque a própria Polícia Federal corrigiu a informação inicial. 

No entanto, a direção da empresa passou a exigir a revelação do nome de quem havia passado a informação de que o cofre com dinheiro vivo estava na casa do ex-assessor de Lira. A atitude é uma clara tentativa de quebra do sigilo de fonte, base do trabalho jornalístico, violando assim a garantia constitucional definida no artigo 5º, inciso XIV. 

Após a descoberta desse nome, por vias não esclarecidas, a empresa passou então a pressionar os jornalistas a realizarem a divulgação pública da identidade da fonte. Os profissionais, entretanto, resistiram às pressões, resguardando a ética jornalística.

Coincidentemente, ou não, Arthur Lira esteve entre os convidados especiais de um jantar promovido depois desse episódio, no último dia 5 de junho, pela Esfera Brasil, que tem João Camargo como presidente do Conselho de Administração.  

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) considera muito graves os fatos relatados pelos profissionais e repudia qualquer tipo de pressão ou constrangimento impostos ao exercício do jornalismo

Em nossas convenções coletivas, defendemos historicamente o direito de consciência, a liberdade de expressão e o exercício da cidadania para todas e todos os jornalistas. Pelo respeito à ética jornalística e à liberdade de expressão e de imprensa, reivindicamos o direito das e dos jornalistas de se recusarem a produzir conteúdos que violem a sua consciência, contrariem a sua apuração dos fatos e que (por estas ou por quaisquer outras razões) firam o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros. Defendemos firmemente o direito do jornalista profissional, garantido pela Constituição Federal, de manter suas fontes em sigilo, frente a qualquer tentativa de violação, seja pelo empregador, seja pelos poderes de Estado.

Diante disso, estamos à disposição de todas e todos os profissionais de jornalismo para conversarmos sobre o tema e reforçarmos a resistência coletiva e a luta pela livre circulação da informação.

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