Adaptado de dois capítulos do livro “O inútil de cada um”, de Mário Peixoto e dirigido por G. Blay, “Díptico Mário Peixoto” (93min, 2023) é dividido em duas partes e presta homenagem ao grande cineasta brasileiro, diretor de “Limite”, considerado pela Cinemateca Brasileira o melhor filme brasileiro de todos os tempos. Na primeira parte, “Nuanças”, produzida em 2011, o público é apresentado a Orlando, alter-ego de Mário Peixoto, que vive uma crise poético-existencial ao acordar. Na segunda, “Hibernação”, filmada em 2021, o personagem é o próprio Mário Peixoto, em uma aventura de barco até uma ilha, onde encontrará mistérios, e, por fim, a si mesmo.
A união dessas duas obras resulta em um filme de arte inspirado na produção fílmica e na linguagem do homenageado. O longa destaca-se pela sua direção de arte e também pela fotografia, com cenas de experimentação e exploração de detalhes, e uso de recursos como sobreposição de imagens e close-up.
O elenco é formado por Eliseu Paranhos, Allan Bless, Juliana Fagundes, Ian Blay Dupin e Rafael Raposo. G. Blay, além de assinar a direção, roteirizou e produziu o filme, expressão da sua paixão pela obra de Mário Peixoto. Passados mais de 90 anos da primeira exibição de “Limite”, em 1931, “Díptico Mário Peixoto” é uma oportunidade de reverenciar a imensa contribuição tanto poética como imagética dessa grande figura da história da produção artística brasileira.
Limite
No final dos anos 1980, quando o diretor G. Blay teve seu primeiro contato com “Limite” no icônico Cine Bijou ele ficou encantado, adquirindo uma fita VHS. A obra, único filme do consagrado cineasta brasileiro Mário Peixoto, lançado em 1931, tinha sido restaurada naquele período por Saulo Pereira de Mello.
“Limite” é considerado a primeira expressão do cinema experimental na América Latina, mal compreendido no seu lançamento, tornou-se um dos mais cultuados da cinematografia brasileira, após a restauração. Recebeu em 1988 o título de melhor filme brasileiro de todos os tempos pela Cinemateca Brasileira. A mesma honraria também foi concedida pela Folha de S. Paulo em 1995 e pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) em 2015.
O encantamento de G. Blay com “Limite” fez do filme tema de seu estudo de mestrado, realizado em 2003. Durante o processo de pesquisa, G. Blay se deparou com o livro de Mário Peixoto “O inútil de cada um”. O diretor, ao identificar características autobiográficas na publicação, resolveu adaptá-la ao cinema, ideia que originou o filme.
Marca na agenda:
Data: 15 de abril, sábado, às 15h.
Local: Rua Rêgo Freitas, 530, Sobreloja, República, São Paulo, SP
(Sindicato dos Jornalistas de São Paulo)
Exibição gratuita.
Confira aqui a programação do aniverário de 86 anos do Sindicato.