Filme Domitilla, de Zeb Ejiro (Nigéria) será exibido no dia 15 de março no SJSP
Um Fenômeno chamado Nollywood :“Datada a partir do lançamento de Living in Bondage (1992), de Chris Obi Rapu, a indústria cinematográfica nigeriana vem fazendo jus ao seu nome de batismo “Nollywood”, conquistado a partir do estouro vivenciado no início deste século. Desde pesquisa realizada pela UNESCO em 2006, o número de produções para o Cinema na Nigéria duplicou. Hoje, a indústria supera as historicamente dominantes Hollywood e Bollywood com seus mais de 1500 longas-metragens por ano, emprega milhares de profissionais e corresponde a cerca de 90% do consumo cinematográfico nacional.
Realizados em poucos dias e com equipamentos simples (atualmente todos digitais), os filmes se mostram um bom negócio: o custo de produção é baixo (entre 4 mil e 100 mil dólares), os pontos de venda são muitos e o público é vasto e assíduo. A estrutura desenvolvida não acompanha, porém, até o momento, a organização e preservação das obras, dificultando o acesso do público a filmes que já saíram do mercado.
Com mais de 50% das obras em inglês, os filmes da Nigéria conquistam milhares de espectadores ao redor da África, principalmente por meio dos canais disponíveis de TV via satélite e internet. No Brasil, as produções ainda são um tema desconhecido da maioria dos apaixonados por cinema”. Por esta razão, o Cineclube Afro Sembene e a Cojira-SP, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, exibirão o filme Domitilla, de Zeb Ejiro, abrindo assim oportunidade especial para assistir uma das cultuadas produções realizadas em Nollywood.
Domitilla. Direção: Zeb Ejiro. Elenco: Sandra Achums, Ada Ameh, Enebeli Elebuwa, Kate Henshaw-Nuttal, Maureen Ihua, Sonny McDon, Anne Njemanze, Patience Oghre, Charles Okafor, Basorge Tariah Jr. Gênero: Ação/Suspense. Duração: 106 minutos. Ano de Lançamento: 1996. País de Origem: Nigéria. Idioma do Áudio: Inglês. Legendas: Português. Suporte: DVD.
Sinopse: Os reveses e desafios na vida urbana de uma jovem de classe média baixa e sua luta pela sobrevivência e superação. Domitilla trabalha em dois empregos para se manter e ajudar a família. Um como auxiliar de escritório, durante o dia, e a noite como profissional do sexo. Ela está namorando um homem jovem, bonito, promissor. A maioria das amigas de Domitilla são garotas de programa, expostas a riscos imprevisíveis, e estão felizes por ela ter encontrado um suporte que contempla seu sonho de mudar de vida. Mas alguém delata ao noivo sobre sua segunda profissão.
Sobre o diretor: Zeb Ejiro. Nasceu em Isoko, em 2 de febreveiro de 1956, na região do Estado Delta da Nigéria. Ele é um dos três irmãos de sucesso na indústria de Nollywood: Peter Red e Chico Maziakpono. Zeb é graduado em Comunicação e Mídia pela Universidade da Nigéria, Nsukka. Foi o fundador e ex-presidente da Associação dos Produtores de Filmes (AMP). Em 1988 criou a Zeb Ejiro Productions Limited, que introduziu pela primeira vez uma série de televisão chamada “Ripples”. Esta durou cinco anos e é a mais longa novela em execução no Nigerian Television Association, de 1988 a 1993. Pouco depois Zeb criou vários filmes em língua Ibgo. Como escritor, produtor e diretor ele criou mais de uma dúzia de filmes, que lidam com questões sociais e moralidade. Zeb Ejiro é reconhecido como o sheik de Nollywood. Alguns de seus filmes produzidos são: Adeus Amanhã, Mortal Herança, Domitilla I e II (agora está fazendo o III), Sakobi, Conflitantes Sombras, Intimate Strangers, Desejo Fatal, Solução Gentil, Amadioha, Maniac, e Faces of Evil. Em 2005 Zeb recebeu o “Oficial Ordern Nígeria” (OON), que é um prêmio nacional dado na Nigéria para aqueles que contribuem na construção e difusão da indústria de filme nigeriano, especificamente Nollywood.
Curiosidades: Domitilla é um dos filmes mais populares do Novo Cinema Nigeriano. Sua influência foi tal que a palavra “Domitila” se tornou na gíria nigeriana, algo referente à prostituta ou mulher de moral duvidosa.
Domitilla será apresentado e mediado com uma palestra sobre Nollywood, nesta sessão especial do Cineclube Afro Sembene, pela pesquisadora afro-americana Kamahra Ewing, graduada em Artes Visuais e Mídia, e doutoranda em Filosofia, Artes Visuais e Mídia, Estudos Afro-americanos e Africanos pela Michigan State University (EUA). Haverá distribuição de questionários para medir a audiência, como também a opinião e observações do público sobre o filme, seguidas de uma breve discussão em grupo.
O Cineclube Afro Sembene
A proposta é realizar sessões em dose dupla, ou seja: um filme do continente africano e um filme de um(a) diretor(a) afro-brasileiro(s), como acontece em shows internacionais que são abertos por bandas ou artistas nacionais como forma de intercâmbio e difusão cultural. Tem também um apelo retrô, em referência e homenagem aos cinemas populares, os quais até meados da década de 1990 exibiam dois filmes como meio de atrair, formar e manter seu público. “Como os cinemas estavam perdendo expectadores, logo surgiu a idéia de oferecer aos cinéfilos a sessão dupla, onde poderiam assistir dois filmes pagando por apenas um bilhete. E muito filme considerado B, não só ganhou repercussão como também se tornaram cults”, explica Oubí Inaê Kibuko, um dos coordenadores e curadores do Cineclube Afro Sembene.
As sessões acontecem no 3º sábado do mês, pontualmente às 19 horas, sendo a exibição do filme seguida de debate aberto com membros da equipe realizadora ou participação de um comentarista convidado e outras práticas da cultura africana.
Sobre o projeto Cineclube Afro Sembene
O Cineclube Afro Sembene é uma iniciativa do Fórum África, entidade sem fins lucrativos, de caráter social, cultural e recreativo, que reúne africanos, brasileiros e todas as pessoas interessadas em difundir informações que melhorem o conhecimento sobre a África no Brasil. O nome Sembene é uma homenagem ao escritor, produtor e diretor senegalês Ousmane Sembène (1923 — 2007), freqüentemente chamado de “O Pai do Cinema Africano”. Sua jornada teve inicio em 2008, no Centro Cineclubista de São Paulo, do qual é associado. Ciente das barreiras da língua e de seu caráter pedagógico, a programação do Cineclube Afro Sembene prioriza filmes legendados em português. Coordenação: Vanderli Salatiel, Saddo Ag Almouloud e Oubí Inaê Kibuko.
Parceria Cineclube Afro Sembene e Cojira
Em 2012 o Cineclube Afro Sembene firmou parceria com a Cojira-SP (Comissão de Jornalistas Pela Igualdade Racial no Estado de São Paulo), que manifestou disposição solidária com esta proposta e se propôs a contribuir na difusão do cinema africano ao público interessado todo terceiro sábado mensal. “A Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira) é um órgão consultivo, com participação aberta a todos os interessados. O objetivo é auxiliar o Sindicato na atuação mais efetiva com relação à questão racial. Participam de ações tanto no âmbito específico do jornalismo, quanto em questões de caráter mais geral.” A oficialização desta parceria se deu em 16/11/2013, com o retorno do Cineclube Afro Sembene, desta feita no Sindicato dos Jornalistas, após um longo e forçado jejum por falta de espaço apropriado.
Serviço
Cineclube Afro Sembene e Cojira convidam
Domitilla, de Zeb Ejiro, Nigéria, 1996.
Sessão especial em homenagem ao Dia Internacional da Mulher
Palestra sobre Nollywood, seguida de atividade interativa em grupo, com Kamahra Ewing, pesquisadora e doutoranda (Michigan State University – EUA).
Data: 15 de março de 2014 – sábado;
Horário: pontualmente às 19 horas – Entrada franca;
Local: Sindicato dos Jornalistas no Estado de São Paulo;
Endereço: Rua Rego Freitas nº 530, próximo a Igreja da Consolação e metrô República.
Informações:
www.cineclubeafrosembene.blogspot.com.br
www.cojira.wordpress.com/
www.sjsp.org.br
Realização: Fórum África
Parceria: Cojira-SP e Sindicato dos Jornalistas de São Paulo
Apoio: PUC-Consolação, Casa das Áfricas, Cabeças Falantes