O caso começou em 9 de julho com a publicação de uma série de conversas que comprometiam Sergio Moro, antigo juiz e atual Ministro da Justiça. Segundo estas publicações, Sérgio Moro aconselhou e deu informações estratégicas aos procuradores quando julgava a investigação do caso de corrupção Lava Jato para ajudar a prender ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mais conhecido como Lula.
Estas informações revelaram uma suposta coordenação ilegal entre o juiz e os procuradores para moldar e dirigir as provas durante o julgamento contra Lula.
Assim, durante uma cerimônia militar em 27 de julho, o presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro afirmou que Glenn Greenwald ‘poderia ser preso’ por estas revelações. Alguns dias antes, membros do seu partido disseram que o jornalista estava ‘alinhado com os hackers criminais’.
Estes são somente as últimas tentativas de amordaçar o trabalho de investigação de Glenn Greenwald. O jornalista estadunidense denunciou em uma entrevista que ele e a sua equipe tem recebido ameaças de morte, incluindo referências a seus seguranças particulares, sua casa, às atividades de seus filhos e sua vida privada.
O jornalista ganhador do Prêmio Pulitzer também tem sido vítima de uma violenta campanha de assédio online chamada #DeportGlennGreenwald, orquestrada pelos apoiadores de Bolsonaro.
As autoridades brasileiras, em vez de proteger a liberdade de imprensa, estão atacando e ameaçando a um jornalista por fazer seu trabalho e dar informações de interesse público.
O Secretário Geral da FIJ, Anthony Bellanger, disse: “Condenamos energicamente qualquer tentativa de intimidar ao Glenn Greenwald e aplaudimos sua valentia de seguir informando em um entorno político cada vez mais hostil. As autoridades brasileiras devem deixar imediatamente de assediar os trabalhadores de meios de comunicação e garantir a segurança e os direitos fundamentais dos jornalistas”.
A Fenaj disse em um comunicado: “Advertimos o perigo das ações para restringir a liberdade de imprensa, que sempre são levadas a cabo por governos autocráticos. A Fenaj reafirma seu compromisso com a defesa da liberdade dos jornalistas e seu direito a manter o sigilo de suas fontes”.