Nesta quarta-feira, 12 de março, o enviado especial do presidente Donald Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, chegou a Doha, no Qatar, para negociações sobre a extensão do acordo de cessar-fogo em Gaza e troca de prisioneiros entre o Hamas e Israel. Essas negociações acontecem durante o Ramadã, mês sagrado muçulmano, e enquanto Israel continua a violar os termos do acordo original mediado por Qatar, Egito e EUA, assinado em 19 de janeiro.
Ao longo do cessar-fogo, as forças israelenses mataram mais de 130 palestinos em Gaza e se recusaram a permitir a entrega, estipulada no acordo, de 60 mil casas móveis e 200 mil tendas. Nas últimas semanas, Israel impôs um bloqueio total a toda a ajuda que entra na Faixa. Por fim, Israel cortou a eletricidade da única usina de dessalinização restante em Gaza, que fornecia água potável para cerca de 500 mil palestinos.
O governo de Benjamin Netanyahu alega que está realizando essas ações em um esforço para pressionar o Hamas. Assim, efetivamente admite, portanto, realizar um ato de punição coletiva da população civil de Gaza.
Israel assume que não pretende avançar para a segunda fase formal do acordo, que incluiria a retirada completa das forças israelenses de Gaza e uma cessação duradoura das hostilidades militares. Em vez disso, Israel está pressionando por uma extensão de 60 dias do cessar-fogo, sem garantia de sua retirada ou do fim da guerra. E quer que o Hamas liberte dez prisioneiros israelenses vivos ao assinar esse novo acordo.
O Hamas disse que está negociando de boa fé e quer que os EUA, Qatar e Egito pressionem Israel a cumprir o acordo original de três fases. O governo israelense continua irritado, porque o enviado do governo Trump para os reféns, Adam Boehler, negociou diretamente com o Hamas.
Nos EUA, o governo Trump pretende deportar o ativista palestino de origem argelina Mahmoud Khalil, graduado pela Columbia University e portador do green card. Khalil foi sequestrado por agentes federais do ICE na noite de 8 de fevereiro, em Nova York, e de lá despachado secretamente para um centro de detenção na Luisiana. Acionado por seus advogados, um juiz federal bloqueou momentaneamente a deportação.
(Resumo baseado em texto de Jérémy Scahill publicado no DropSite em 12 de março)