Recheado de histórias de luta e militância, um ato em memória ao jornalista Cláudio Soares, que nos deixou prematuramente aos 65 anos, ocorreu na noite de 07 de dezembro último, no auditório Vladimir Herzog. Cláudio Soares desempenhava a função de secretário de Finanças e Administração no Sindicato dos Jornalistas quando faleceu, em 27 de outubro, vítima de complicações decorrentes de um enfarte do miocárdio. Ele foi jornalista da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo (Imesp), onde trabalhou por 28 anos.
A mesa da homenagem foi composta por Cláudia Tavares, jornalista e diretora do Sindicato; Thiago Tanji, presidente do SJSP; representando os trabalhadores da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, Ana Minadeo; representando a corrente “O Trabalho” do Partido dos Trabalhadores e integrante da direção do SJSP, Paulo Zocchi; e representando a família de Cláudio Soares, seu irmão Marcos Soares.
Durante seu discurso, o presidente do sindicato emocionou-se ao relembrar com carinho a admiração pelo colega de diretoria e amigo. Ele destacou: ‘É importante, neste momento, chorar, nos abraçar e afirmar com firmeza e amor que a luta continua, e que a memória de Cláudio estará conosco para nos inspirar em nossas batalhas’.
COMO TRIBUTO AO COMPANHEIRO, A SALA DE ADMINISTRAÇÃO DO SINDICATO PASSOU A LEVAR SEU NOME EM HOMENAGEM À SUA MEMÓRIA
Amigos e familiares relembraram suas histórias de vida e militância, exibindo um carrossel de fotos com seu inegável sorriso e registros de suas viagens pelo Brasil e pelo mundo.
Bianca Ramos, companheira de Marcos, irmão de Cláudio, falou em nome de sua mãe Joselita. : “Aos 9 anos, o levei ao dentista e depois do tratamento a dentista perguntou ao Cláudio o que ele queria ser quando crescer. Ele disse: ‘Jornalista’. Ela se admirou e falou que todo menino na cidade queria ser médico ou advogado, nunca jornalista”.
Como tributo ao companheiro, a sala de Administração do sindicato passou a levar seu nome em homenagem à sua memória. Uma placa contando a trajetória de luta e militância de Cláudio, junto com uma fotografia do companheiro, foram instaladas na sala. Sua mãe, Joselita, sua filha, Marina Soares, e sua esposa, Simone, também receberam placas em honra à trajetória do jornalista.
Marina Soares, filha de Cláudio, lê emocionada uma dentre tantas outras homenagens prestadas ao companheiro, no auditório Vladimir Herzog. Foto: Juliana Almeida.
Trajetória
Na Escola de Comunicações e Artes da USP, na qual entrou em 1978, iniciou a militância política que nunca mais deixou. Na época, era bancário. Após a faculdade, trabalhou como revisor no Estadão, tendo se filiado ao Sindicato em novembro de 1985. Na gestão de Luiza Erundina (PT) na Prefeitura de São Paulo, iniciada em 1989, atuou como assessor de imprensa.
Nos anos 1990, morou no Rio de Janeiro, e trabalhou como assessor de imprensa de sindicatos. No retorno, tornou-se jornalista concursado da Imesp (incorporada pela Prodesp no governo Dória), onde permaneceu até o fim de sua vida.
Somou, então, mais de duas décadas de luta em defesa da Imprensa Oficial como um serviço público, republicano, necessário para os cidadãos. Neste período, foi um dos principais integrantes da Comissão de Jornalistas da Imprensa Oficial, organização sindical de base, no enfrentamento à política dos governos tucanos e do atual mandatário de liquidar o trabalho jornalístico no Diário Oficial, deixando de realizar concursos públicos e demitindo os jornalistas ao longo dos anos.
Recentemente foi o protagonista de uma vitória judicial em torno de sua liberação sindical, cuja base foi o entendimento de que o trabalho no Diário Oficial do Estado é jornalístico. É um ponto de apoio para prosseguirmos na luta para reconstruir esse importante serviço público.
Militante atuante no nosso Sindicato, integrou as chapas de Oposição de 2000, 2003 e 2006. A partir de 2009, exerceu o mandato de diretor sindical. Foi eleito secretário de Finanças e Administração em 2018, reeleito em 2021. Num cenário de dificuldades de sustentação das entidades sindicais, após a reforma trabalhista de 2017, foi o responsável pela busca de uma adequação da estrutura sindical à realidade orçamentária, e atuando sempre para ampliar as receitas com base num trabalho de organização da categoria.
Nunca abandonou sua atividade preferida, além do jornalismo, que era o contato com as(os) jornalistas nas redações, particularmente a sua, imprescindível para dialogar com a categoria e organizá-la na luta por uma vida melhor. •
