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Jornalistas caminham em defesa da democracia e participam da leitura da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito

Jornalistas caminham em defesa da democracia e participam da leitura da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito

Jornalistas e representantes de entidades em defesa do jornalismo e dos jornalistas saíram da sede do Sindicato em caminhada ao Largo São Francisco pela democracia - Foto: Adriana Franco

Na manhã desta quinta-feira, 11 de agosto, cerca de 50 jornalistas saíram da sede do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, localizada na Rua Rego Freitas, em caminhada ao Largo São Francisco para integrar o Ato pela Democracia, no qual foi lida a Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito!

Os e as jornalistas, categoria que integra um dos pilares de uma sociedade democrática com a livre circulação de informações, mais uma vez não se furtaram de participar de ato que reafirma o Estado Democrático de Direito e manifestaram a importância de sua defesa diante das aspirações golpistas de Jair Bolsonaro. 

Ao chegar no Ato, o presidente do SJSP, Thiago Tanji, relembrou que a história do Sindicato dos Jornalistas, entidade que representa a categoria em todo o estado de São Paulo, é forjada na intransigente defesa da democracia. 

“É dever do jornalista estar aqui neste momento. O Sindicato sempre fez a defesa intransigente da democracia, a luta contra a ditadura nos anos 70. Agora, estamos aqui mais uma vez para lutar pelas eleições e como uma forma de expressão do jornalista e da classe trabalhadora em reivindicar os seus direitos e lutar contra o governo Bolsonaro. A gente sabe que, desde 1º de janeiro de 2019, o Bolsonaro elegeu jornalistas como inimigos e, por isso, nos ataca, nos agride e tenta nos humilhar. Infelizmente, isso resulta em casos de extrema dor, como a morte do jornalista Dom Philips e do indigenista Bruno Pereira. Diante disso, não podemos nos calar e temos que estar ao lado da luta e do povo brasileiro”, declarou.

Nem mesmo a chuva desanimou os jornalistas na caminhada em defesa da democracia / Foto: Adriana Franco

A caminhada reuniu representantes de diversas entidades que defendem o jornalismo e os jornalistas, como Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Instituto Vladimir Herzog, Centro de Estudos da Mídia Alternativa “Barão de Itararé”, Associação Profissão Jornalista (APJOR), Fotógrafas e Fotógrafos pela Democracia e os centros acadêmicos das Faculdades de Jornalismo Benevides Paixão da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Lupe Cotrim da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) e Vladimir Herzog da Faculdade Cásper Libero.

A Carta às Brasileiras e aos Brasileiros
A carta lida nas arcadas da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo faz alusão à outra, redigida em 1977 pela comemoração do sesquicentenário de fundação dos cursos jurídicos no país, que denunciava a ilegitimidade do então governo militar e o estado de exceção do país e pedia, ao final e em palavras de ordem, o reestabelecimento da democracia com os dizeres: democracia já!

Estabelecida com a Constituição de 1988, a democracia brasileira está, em 2022, sob iminente risco diante dos sistemáticos ataques promovidos pelo presidente da República, Jair Bolsonaro. Diante das ameaças ao sistema eleitoral e dos ataques aos Poderes instituídos, ex-alunos da Faculdade de direito formularam uma nova carta. Desta vez, o documento reitera a permanência da democracia com os dizeres: democracia sempre!

No Largo São Francisco, jornalistas acompanharam a leitura da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito / Foto: Adriana Franco

A carta toma então nova importância e significado. Desta vez não só pela defesa da democracia, mas especialmente por encontrar coro em todo a sociedade, que passa a assiná-la. Diversos setores da sociedade brasileira, assim como jornalistas e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, já são signatários da Carta que reúne mais de 970 mil assinaturas.

Palavras de ordem pelo Estado Democrático de Direito Sempre deram o tom das manifestações - Foto: Adriana Franco

Leia a carta na íntegra

Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito!

Em agosto de 1977, em meio às comemorações do sesquicentenário de fundação dos Cursos Jurídicos no País, o professor Goffredo da Silva Telles Junior, mestre de todos nós, no território livre do Largo de São Francisco, leu a Carta aos Brasileiros, na qual denunciava a ilegitimidade do então governo militar e o estado de exceção em que vivíamos. Conclamava também o restabelecimento do estado de direito e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte.

A semente plantada rendeu frutos. O Brasil superou a ditadura militar. A Assembleia Nacional Constituinte resgatou a legitimidade de nossas instituições, restabelecendo o estado democrático de direito com a prevalência do respeito aos direitos fundamentais.

Temos os poderes da República, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, todos independentes, autônomos e com o compromisso de respeitar e zelar pela observância do pacto maior, a Constituição Federal.

Sob o manto da Constituição Federal de 1988, prestes a completar seu 34º aniversário, passamos por eleições livres e periódicas, nas quais o debate político sobre os projetos para país sempre foi democrático, cabendo a decisão final à soberania popular.

A lição de Goffredo está estampada em nossa Constituição “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.

Nossas eleições com o processo eletrônico de apuração têm servido de exemplo no mundo. Tivemos várias alternâncias de poder com respeito aos resultados das urnas e transição republicana de governo. As urnas eletrônicas revelaram-se seguras e confiáveis, assim como a Justiça Eleitoral.

Nossa democracia cresceu e amadureceu, mas muito ainda há de ser feito. Vivemos em país de profundas desigualdades sociais, com carências em serviços públicos essenciais, como saúde, educação, habitação e segurança pública. Temos muito a caminhar no desenvolvimento das nossas potencialidades econômicas de forma sustentável. O Estado apresenta-se ineficiente diante dos seus inúmeros desafios. Pleitos por maior respeito e igualdade de condições em matéria de raça, gênero e orientação sexual ainda estão longe de ser atendidos com a devida plenitude.

Nos próximos dias, em meio a estes desafios, teremos o início da campanha eleitoral para a renovação dos mandatos dos legislativos e executivos estaduais e federais. Neste momento, deveríamos ter o ápice da democracia com a disputa entre os vários projetos políticos visando convencer o eleitorado da melhor proposta para os rumos do país nos próximos anos.

Ao invés de uma festa cívica, estamos passando por momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições.

Ataques infundados e desacompanhados de provas questionam a lisura do processo eleitoral e o estado democrático de direito tão duramente conquistado pela sociedade brasileira. São intoleráveis as ameaças aos demais poderes e setores da sociedade civil e a incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional.

Assistimos recentemente a desvarios autoritários que puseram em risco a secular democracia norte-americana. Lá as tentativas de desestabilizar a democracia e a confiança do povo na lisura das eleições não tiveram êxito, aqui também não terão.

Nossa consciência cívica é muito maior do que imaginam os adversários da democracia. Sabemos deixar ao lado divergências menores em prol de algo muito maior, a defesa da ordem democrática.

Imbuídos do espírito cívico que lastreou a Carta aos Brasileiros de 1977 e reunidos no mesmo território livre do Largo de São Francisco, independentemente da preferência eleitoral ou partidária de cada um, clamamos as brasileiras e brasileiros a ficarem alertas na defesa da democracia e do respeito ao resultado das eleições.

No Brasil atual não há mais espaço para retrocessos autoritários. Ditadura e tortura pertencem ao passado. A solução dos imensos desafios da sociedade brasileira passa necessariamente pelo respeito ao resultado das eleições.

Em vigília cívica contra as tentativas de rupturas, bradamos de forma uníssona:

Estado Democrático de Direito Sempre!!!!

Faça parte dessa história. Assine a Carta.

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