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Em campanha, Doria age como negacionista e expõe jornalistas a aglomerações

Em campanha, Doria age como negacionista e expõe jornalistas a aglomerações

O governador de São Paulo, João Doria, tem agido como um negacionista da pandemia e da ciência ao promover eventos públicos com centenas de participantes, em local fechado. Jornalistas e funcionários do governo estadual são obrigados a se expor nessas agendas, muitas delas com caráter eleitoreiro.

O último evento desse tipo foi realizado na última segunda-feira (23 de agosto), no lançamento do programa Casa da Mulher.  O auditório do Palácio dos Bandeirantes foi ocupado por centenas de apoiadores, assessores, autoridades e prefeitos do interior.

Os presentes estavam sentados lado a lado nas cadeiras, sem qualquer distanciamento social. Houve muitos momentos de aglomeração no auditório e nos corredores do Palácio. Os profissionais de imprensa foram obrigados a dividir espaço com a claque que acompanhava o evento.

Doria fez um discurso com tom eleitoreiro. Chegou a descer do palco e caminhar entre o público durante o seu pronunciamento. Não houve transmissão do evento. A única forma para que os jornalistas acompanhassem a cerimônia era no auditório, se expondo ao risco da contaminação.

Situação semelhante ocorreu no dia 12 de agosto, também no auditório do Palácio, num evento com produtores rurais do estado. Aglomeração, nada de distanciamento e discurso eleitoreiro.

Tais eventos, realizados em local fechado, ocorreram até mesmo quando Doria estava com Covid-19, no mês passado. Até as entrevistas coletivas que deveriam reunir só jornalistas costumam ficar repletas de apoiadores do tucano.

O roteiro é sempre o mesmo: a cada aglomeração promovida o governador pede desculpas e diz que não vai se repetir, mas nenhuma providência é tomada. No dia 23, perguntado sobre a aglomeração, Doria afirmou: “é impossível garantir o distanciamento, sejamos realistas. Cada pessoa tem que ter consciência de seu dever”. Ele acrescentou que bastam máscara e álcool em gel para evitar a disseminação do vírus e admitiu que, daqui para frente, episódios como esses serão frequentes.

No final de junho, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo já havia cobrado do governo do estado esclarecimentos e medidas em função de aglomerações em coletivas de imprensa. A administração estadual prometeu adotar uma série de medidas para evitar aglomerações nos eventos do governador, mas, na verdade, têm ocorrido o contrário.

Doria acusa, com razão, Bolsonaro de ser negacionista. Mas, à sua maneira, também age como negacionista ao desrespeitar recomendações feitas por especialistas, incluindo os que colaboram com seu governo.

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