A Central Única dos Trabalhadores recebeu homenagem pelos seus 30 anos em sessão solene na manhã desta segunda (2) na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). A iniciativa foi dos deputados estaduais petistas Luiz Claudio Marcolino e Hamilton Pereira, em cerimônia que reuniu sindicalistas, parlamentares, prefeitos e vereadores de São Paulo e de outras regiões do Brasil.
Em discurso no plenário da Alesp, o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, elencou os principais fatos históricos do país nas últimas três décadas, nos quais a Central sempre esteve presente e atuante – do enfrentamento à ditadura, a redemocratização com as “Diretas Já!”, passando pelo impeachment de Fernando Collor, o embate contra o neoliberalismo e a eleição de Lula, que consagrou a chegada do primeiro operário à presidência da República.
Para o presidente cutista, o papel da Central é maior que a luta por emprego, salário e organização da mão de obra dentro do capitalismo.
“Desde sua construção, por uma visão muito além do seu tempo pelos companheiros que a criaram, a CUT tem o papel de ser instrumento para transformar a sociedade brasileira num Estado democrático que represente efetivamente os interesses da classe trabalhadora”, disse Freitas.
Entre as conquistas do período, o dirigente apontou a política de valorização do salário mínimo e a derrubada da Emenda 3, alcançadas durante o governo Lula; a consolidação de direitos e ampliação de outras garantias e benefícios, como o pagamento de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), e leis para os trabalhadores/as do campo.
Freitas, alertou para a mais recente luta – contra a aprovação do Projeto de Lei (PL) 4330/04 da terceirização. “Longe de regularizar a terceirização, o PL vai precarizar as relações de trabalho e diminuir ainda mais os direitos dos trabalhadores, como a PEC das domésticas”, afirmou.
Pioneirismo no passado, renovação no presente – O secretário geral da CUT São Paulo, Sebastião Geraldo Cardozo, lembrou que a Central é um projeto que se renova a cada dia e, nesse alicerce, há três pilares de sustentação: a democracia, o caráter classista da entidade e a solidariedade no sindicalismo, inclusive internacional.
“Hoje o capital não tem pátria, não tem parada, transita no planeta todo sem pedir licença nem aos governantes eleitos pelo povo. É preciso solidariedade internacional porque o capitalismo circula e, quando não consegue atingir o objetivo da exploração num país, migra para outro”.
O deputado Luiz Claudio Marcolino destacou a Central por implantar, ao longo das décadas, a organização no local de trabalho (OLT) combinada às conquistas construídas nos acordos coletivos por meio da pressão dos sindicatos.
“Até então, os sindicatos não negociavam. Os reajustes salariais vinham a partir de uma lei do governo. Nossos sindicatos começaram e estruturaram os processos de negociação e organização. Com isso, vieram as conquistas, seja na relação direta com os empresários, seja nos municípios, no estado e na União, criando condições para criamos leis que representam o conjunto dos trabalhadores”, disse Marcolino.
Já na avaliação do deputado Hamilton Pereira, “a CUT quebrou a estrutura sindical herdada do Estado Novo que tinha criado um sistema atrelado ao governo e que dividia os trabalhadores. A Central, efetivamente, uniu a classe trabalhadora de todo o Brasil”. E completou: “Na Assembleia Constituinte, novamente a CUT teve um papel extraordinário na apresentação da pauta dos trabalhadores que deveria constar na nossa Carga Magna”.
O deputado federal petista Vicentino, ex-presidente da CUT e dos Metalúrgicos do ABC, também marcou presença na solenidade. Ao falar sobre o 1º Congresso Nacional da Classe Trabalhadora (CONCLAT), o parlamentar recordou a cassação, pela ditadura, de dirigentes petroleiros, metalúrgicos, bancários e metroviários, entre outras categorias, que ocorreu às vésperas da fundação da Central.
“Um mês e vinte dias após a cassação, a resposta da classe trabalhadora foi fundar a maior central sindical da história do Brasil (…). A CUT conseguiu superar todos os desafios e se manteve coerente aos seus princípios, pois é a única que continua defendendo o fim do imposto sindical”, frisou.
Vicentinho ainda relembrou e prestou homenagem ao sindicalista e ambientalista Chico Mendes, assassinado em dezembro de 1988, e à sindicalista alagoana Margarida Maria Alves, assassinada em 12 de agosto de 1983, duas semanas antes da realização da CONCLAT.
Antes do discurso, ele esclareceu notícia enganosa publicada pela Folha de S.Paulo na última quinta (29), na qual o jornal incluiu o parlamentar numa lista dos que estavam na Câmara federal, mas não votaram pela cassação do deputado Natan Donadon (ex-PMDB-RO). No dia da votação, em 28 de agosto, Vicentinho estava em São Bernardo do Campo como convidado das comemorações dos 30 anos da CUT.
A gravação da solenidade será transmitida pela TV Alesp no próximo sábado (7), às 21h, e pode ser conferida pelos canais 66 da TVA; 13 da NET; 185 da TVA Digital ou 61.2 da TV Digital aberta.