A situação é insustentável. Seis meses da data-base da campanha salarial 2022-2023 sem nenhuma reunião de negociação com o sindicato patronal (SindJori), que continua usando seus problemas burocráticos para não se reunir com o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP). Diante do impasse na negociação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), o SJSP, por meio de suas regionais, está enviando ofício diretamente às empresas do interior, litoral e Grande SP para adoção de medidas emergenciais:
1) reajuste de 11,9%, a título de adiantamento, no reajuste salarial dos jornalistas, assim como nas cláusulas econômicas da CCT;
2) garantia da manutenção das cláusulas previstas na CCT 2021-2022, para que os direitos básicos dos jornalistas se mantenham enquanto a nova CCT é negociada.
Foi o que aconteceu, por exemplo, no jornal Diário do Grande ABCD nesta quarta (7). Um ofício foi entregue ao diretor superintendente do jornal, Marcos Bassi, pela diretora da Regional, Rossana Lana. Veja aqui.
Rossana Lana, diretora Regional do SJSP, entrega documento ao superintendente do Diário do Grande ACBD, Marcos Bassi. Foto: Michele dos Santos
Sindicato das empresas
O SindJori, a entidade patronal, comunicou recentemente que realizaria assembleia das empresas associadas no dia 29 de novembro e que foi aprovado um novo estatuto. Afirmou que, uma vez registrado o estatuto, serão convocadas novas eleições para diretoria, sugerindo que as irregularidades que colocavam em dúvida a representação da entidade para negociar com o SJSP seriam sanadas.
Só que não dá para esperar! Nada impede que o SindJori aceite agendar a primeira mesa de negociação imediatamente, enquanto resolve suas pendências.
Por sua vez, qualquer empresa tem prerrogativa de conceder antecipação de reajuste, mesmo sem acordo com o Sindicato, descontando o que foi antecipado após o fechamento da nova CCT.
Contate a regional
O SindJori não negocia com o Sindicato e a categoria continua sem piso, sem reajuste, sem convenção coletiva. Não é justo que profissionais de uma atividade essencial, especialmente nos últimos anos, no combate à pandemia e às fake news, que tiveram suas condições de trabalho precarizadas e reduções salariais, que sofrem agressões constantes, sejam submetidos a essa condição.
O cenário – de nada normatizado em relação ao trabalho dos jornalistas – também submete as empresas a insegurança jurídica.
Esse esforço do Sindicato para que as medidas emergenciais sejam adotadas conta com ajuda da categoria. Se a empresa na qual você tem vínculo não recebeu ofício do SJSP, entre imediatamente em contato com a regional para que seja enviado.
Saiba qual é a sua regional SJSP e os contatos dos dirigentes locais.
Vamos refrescar a memória
Entregamos a pauta de reivindicações em 1º de abril. Houve o falecimento do então presidente da entidade no início de maio e, no final daquele mês, à véspera da data-base (1º de junho), reivindicamos a extensão da vigência da CCT enquanto rolassem as negociações. O SindJori negou, baseando-se no fim da ultratividade! Um absurdo!
Desde então, foram sucessivas cobranças do SJSP para mesa e extensão da convenção, inclusive com tentativas de contato direto, desde julho, com o presidente em exercício do SindJori, Marcelo Batuíra. E nada!
Aí começa outra justificativa do patronal para não marcarem mesa: com a morte do presidente, a entidade patronal descobriu que não estava regularizada e passou a alegar que não tem poder de representação.
Em agosto, o SJSP pediu intermediação do Ministério Público do Trabalho (MPT), que aceitou interceder, orientando o SindJori a agendar, em prazo determinado, uma mesa para início de negociação. O sindicato patronal não aceitou a intermediação e, mentiu para o MPT ao afirmar que “as negociações entre as partes para assinatura de instrumento coletivo já estavam em andamento”. Sendo a intervenção do MPT viável somente quando há adesão de todas as partes, o ministério arquivou o pedido…
O SJSP propôs à Federação dos Trabalhadores Gráficos ao Sindicato dos Empregados em Administração dos Jornais e Revistas a assinatura de um ofício conjunto, dirigido a Marcelo Batuíra pedindo imediata abertura das negociações salariais de cada categoria. Em 9 de novembro, o documento foi entregue em Piracicaba pelo presidente do SJSP, Thiago Tanji, e protocolado na sede do Jornal de Piracicaba, empresa presidida por Batuíra.
Preparar assembleia de luta
Além das cláusulas sociais, a pauta entregue ao patronal no início da campanha salarial para negociação da CCT reivindica 11,90% correspondente à inflação medida pelo INPC, mais 3% de reajuste para salários, pisos, auxílio-creche, seguro de vida, auxílio funeral e auxílio saúde. Para os vales alimentação e refeição, por já na época estarem muito defasados, a reivindicação foi de reajuste de 10%.
Esse índice do INPC – Índice Nacional de Preços ao Consumidor – corresponde ao período de 1º de junho de 2021 a 30 de abril deste ano. De lá para cá, estimam-se perdas muito maiores que 3%.
Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos feita pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), aponta que, em outubro, o custo da cesta básica em São Paulo foi a segunda mais cara, com valor de R$ 762,20. Em comparação com outubro de 2021, a cesta aumentou 9,86%. Fora outros itens que aumentam o custo de vida, como transporte, aluguéis etc.
Por isso, mais do que nunca, queremos negociação para ontem! É hora de preparar uma assembleia da categoria para discutir e pressionar. Converse com colegas de trabalho de vamos nos preparar para mobilização.