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Traços do Laerte remontam a história do Sindicato

Traços do Laerte remontam a história do Sindicato


 

laerte foto

 

Cartunista Laerte relembra sua participação no jornal Unidade, órgão oficial do Sindicato

 

Neste ano o Sindicato completou 78 anos de história e luta pela categoria. Para relembrar alguns desses momentos, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) entrevistou a cartunista e chargista Laerte Coutinho, de 63 anos,  que através de sua arte, colaborou inúmeras vezes com o jornal Unidade, órgão oficial da entidade e com o boletim  Mural, do SJSP.

Paulistana, como gosta de se definir, Laerte conta que a inspiração para os primeiros traços começou na infância. “Desde criança, penso no desenho como forma narrativa. Nesse sentido, estou mais para história em quadrinhos. O cartum e a charge entraram no processo de conhecer desenhos e publicações”.

As primeiras ilustrações de Laerte foram feitas no jornal A Prensa, do Centro Acadêmico Lupe Cotrim, da Universidade de São Paulo (USP). Por lá  chegou a cursar música e comunicação, mas não terminou nenhum dos dois.

Profissionalmente começou a carreira em 1970, na revista Sibila, onde desenhava um personagem chamado Leão. Depois criou a revista Balão, e trabalhou na revista Placar, Banas e Gazeta Mercantil. Em 1978, ajudou a criar a Oboré, agência de notícias e de publicações sindicais, que nasceu por sugestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“A Oboré foi um projeto nosso – meu e de várias pessoas – para levar os sindicatos a compreenderem o trabalho de jornalismo e de assessoria em comunicação como algo tão importante quanto o de atendimento médico, dentário e advocatício, que sempre ofereceram. A partir de uma sugestão do Lula, que conhecemos fazendo a Tribuna Metalúrgica, formamos uma equipe para atender a várias categorias de forma particular, procurando refletir a especificidade de cada uma delas”, lembra Laerte.

 

Unidade

No final dos anos 70 e começo dos anos 80, Laerte colaborou voluntariamente com o jornal Unidade, com cartuns, charges e tirinhas, em especial quando criou para o jornal dois personagens: o Fontes e a Marisa Paicas. “Procurei criar um personagem que traduzisse a minha própria vivência profissional. Não lembro muito das histórias que saíram. O nome “Fontes” é um jogo de palavra com o jargão de repórter e Marisa Paicas é a diagramadora. Em algumas histórias usei os dois para retratar o clima de debate político que rolava nas redações”, conta.

A cartunista conta que fez uma ilustração especial para o jornal Unidade. “Foi quando morreu o Emir Nogueira, o ex-presidente do Sindicato, em que os dois (Fontes e Marisa) se abraçam na emoção da perda. Talvez tenha sido a última tira”, relembra. Emir presidiu o SJSP de 1981 a 1982.


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Visão

Sobre o Sindicato, Laerte diz que se afastou dele, mas que ele tem uma atuação importante. “Afastei-me quando deixei de ser funcionária de uma empresa jornalística, o que nunca foi uma decorrência, eu sei. Sempre houve muitas pessoas freelancer entre os associados. É uma negligência minha que não corresponde ao que penso da entidade. O Sindicato sempre teve uma atuação importante, mesmo quando não concordei com algum ponto defendido por ele”, explica.

 

Crossdressing

Em 2010, a cartunista revelou a sua opção pelo crossdressing – pessoas que usam roupas e objetos do sexo oposto. A importância de gênero é tão especial para ela que, dois anos depois, Laerte fundou a Associação Brasileira de Transgêneros (ABRAT). Ela explica os fundamentos da organização. “ A ABRAT é um espaço de estímulo ao debate sobre a questão de gênero, que vem mostrando ser um tema fundamental na sociedade, à medida em que se livra de mitos e de falsas noções. Isso é perceptível em ações públicas, bem como em filmes, seriados, trabalhos acadêmicos”, disse.

A forma como os meios de comunicação tratam o assunto também é tema para Laerte fazer uma reflexão dos transgêneros.  “A mídia tem um papel importante nesse processo, que ainda tem bastante a amadurecer. A presença de pessoas trans no noticiário ainda é tratada com ironia, malícia, crueldade e desrespeito pelos meios de comunicação, em que pese avanços notáveis aqui e ali. É preciso notar, também, que o próprio movimento (ou o conjunto de movimentos) trans também está num processo de auto-elaboração. Eu espero que no futuro a gente chegue a patamares melhores de cidadania!”, afirmou.

Laerte trabalhou nos jornais O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e publicou tiras e histórias em quadrinhos nas revistas Chiclete com Banana, Gerladão, Circo, O Pasquim, Balão, Isto É e Veja. Lançou vários livros , entre eles Ilustração Sindical, com mil ilustrações, quadrinhos e caricaturas liberados para utilização das entidades. Atualmente tem um programa no Canal Brasil, chamado “Transando com Laerte”.

 

Foto: André Freire

Matéria publicada no jornal Unidade, edição 376, Órgão Oficial do Sindicato dos Jornalistas

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