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Relatório da Fenaj aponta que jornalistas e jornalismo sofreram 428 ataques em 2020

Relatório da Fenaj aponta que jornalistas e jornalismo sofreram 428 ataques em 2020

O relatório Violência contra jornalistas e liberdade de imprensa no Brasil, lançado nesta terça-feira (26) pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), destacou um aumento de 105,77% nos ataques sofridos pelos jornalistas e pela imprensa durante o ano de 2020 em relação ao ano anterior, chegando a 428 ataques.

Durante a divulgação do relatório, a presidente da Fenaj, Maria José Braga, destacou a preocupação da entidade com os números apresentados que, segundo ela, ainda são subestimados, especialmente no que se refere aos ataques virtuais e verbais. “Às vezes, os profissionais acham que não é necessário registrar ou fazer uma denúncia pública e oficial, buscando os órgãos competentes para identificação e punição dos culpados, mas a gente entende que este número já mostra a gravidade da situação”, ressaltou Braga.

O tipo mais comum de violência foi de descredibilização da imprensa que somou, em 2020, 152 casos, representando 35,5% dos tipos de agressão cometidas. Em seguida, estiveram os casos de censura, somando 85 episódios (19,86%), e de agressões verbais e ataques virtuais, que totalizaram 76 casos (17,76%). O relatório destaca ainda o assassinato de dois jornalistas.

Fonte: Fenaj / Relatório da Violência contra Jornalistas 2020

Entre os agressores, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é, pelo segundo ano consecutivo, o maior agressor, chegando a 175 casos que representam 40,89% dos ataques. Em seguida, servidores públicos e dirigentes da EBC somaram 86 casos (20,09%) e políticos foram responsáveis por 39 casos (9,11%).

Os ataques de Bolsonaro possuem uma categoria completa no relatório de 2020. Considerados como descredibilização da imprensa, os 175 ataques foram divididos em diversos tipos, sendo: 145 ataques genéricos à veículos de comunicação, 26 agressões verbais, uma ameaça direta a jornalista, uma ameaça à TV Globo e dois ataques à Fenaj.

Fonte: Fenaj / Relatório da Violência contra Jornalistas 2020

Braga compara a posição do Estado brasileiro sobre aos ataques aos jornalistas e afirma que o Estado passou de omisso para, por meio da Presidência da República, o principal responsável pelos ataques. “Estamos em uma situação muitíssima delicada em que a categoria dos jornalistas se posiciona como heroína. Sabemos que estamos correndo risco ao ir para as ruas, ao fazer o nosso trabalho, que é de levar informação apurada e checada e, portanto, informação verdadeira para a população brasileira e precisamos do apoio de toda a sociedade brasileira para o jornalismo e os jornalistas”, enfatizou.

O relatório da violência contra jornalistas pontua ainda que os homens são 65,34% das vítimas e as mulheres, 28,44%. Em 6,22% dos casos não houve identificação das vítimas.

Fonte: Fenaj / Relatório da Violência contra Jornalistas 2020

Ao separar os ataques por veículo, o documento identificou que a maioria das agressões aconteceram à mídia de TV (77 casos), seguida pelos casos de censura na EBC (76 casos) e, em terceiro, mídia digital (61 casos).

Fonte: Fenaj / Relatório da Violência contra Jornalistas 2020

Ataques por região

Diante dos ataques proferidos pelo presidente Jair Bolsonaro, localizado no Distrito Federal, a região Centro-Oeste foi a que mais contou com ataques, chegando a 48,55% dos ataques. No entanto, a região Sudeste conta com o maior número de casos, totalizando 28,26% com 78 ataques.

O estado de São Paulo somou 49 episódios, sendo que 12 deles (24,48%) foram agressões verbais ou ataques virtuais. Em seguida, as agressões físicas e ameaças/intimidações contaram com 9 casos cada.

Fonte: Fenaj / Relatório da Violência contra Jornalistas 2020

Norian Segatto, diretor do SJSP e da Fenaj, destaca que o estado de São Paulo é o mais populoso, concentra alguns dos principais veículos de comunicação do país e possui o maior número de jornalistas profissionais em atividade, fazendo com que os ataques a jornalistas se reflitam no número absoluto de casos. Segatto acredita que, comparativamente, a situação do estado é tão grave quanto os demais estados brasileiros.

“O Sindicato dos Jornalistas de SP procura monitorar todos os casos de violência contra a categoria e dar o suporte necessário: temos um departamento jurídico à disposição de quem sofrer alguma agressão, publicamos uma cartilha com orientações específicas do que fazer nesses casos, procuramos sempre acompanhar as manifestações de rua (que em 2020 quase não aconteceram) para estar na linha de frente caso os profissionais sofram alguma tentativa de intimidação, já promovemos reuniões com o governo do Estado e a Secretaria de Segurança antes de atos massivos. Sempre que algum caso chega a nosso conhecimento, entramos em contato com a vítima para prestar solidariedade e assistência, emitindo notas públicas e tomando outras providências. Temos, também, um telefone exclusivo para receber as denúncias e um e-mail (denuncias@sjsp.org.br). É importante que todo tipo de ameaça ou agressão, física ou virtual, seja comunicada ao Sindicato”, reitera Segatto.

Para ler a íntegra do relatório, clique aqui.

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