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Trabalhar e viver, não viver para trabalhar! Por salários dignos, direitos e dignidade na jornada de trabalho jornalística

Redação - SJSP

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) manifesta seu apoio à mobilização de diferentes setores da classe trabalhadora na luta pelo fim da escala 6×1 e pela redução da jornada de trabalho no Brasil.

Acreditamos que essa manifestação representa um reaquecimento das lutas concretas que envolvem a permanente disputa entre trabalhadores(as) e patrões por condições de trabalho dignas. Esse é também um momento em que sindicatos podem e devem dialogar com as categorias para reafirmar seu papel como ferramenta de luta e organização das pautas de interesse da classe trabalhadora.

Quanto à nossa categoria profissonal, especificamente, é necessário realizar uma observação importante no que diz respeito à PEC pelo fim da escala 6×1. De acordo com a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho, que data de 1943 e consolida as relações trabalhistas no Brasil) e com os decretos específicos de nossa categoria, dos anos de 1969 e 1979, jornalistas são uma categoria profissional que conta com jornada diferenciada de trabalho.

Pela lei, nossa jornada de trabalho é de 30 horas semanas (5 horas por dia, de segunda a sábado), com possibilidade de duas horas extras contratuais. Desta maneira, para profissionais que trabalham de segunda a sexta, há uma compensação das horas que seriam trabalhadas no sábado.

É provável, portanto, que a PEC não tenha incidência direta em nossa jornada de trabalho. Mas a discussão colocada é fundamental e tem plena conexão com nossas lutas.

Na Convenção Coletiva de Rádio e TV, por exemplo, há décadas os patrões impuseram uma cláusula que prevê a possibilidade de trabalhar 12 dias seguidos (jornada de segunda-feira a sábado, com um plantão no domingo, e o recomeço da jornada até a outra sexta-feira), o que contraria a CLT. Na Campanha Salarial de 2024 colocamos como uma das principais reivindicações a luta para retirar essa cláusula da Convenção Coletiva, adotando uma escala de três finais de semana de folga para cada plantão trabalhado no mês.

Em outros locais de trabalho também nos defrontamos com o excesso da jornada de trabalho, com a sobrecarga causada pelo enxugamento das redações. Dia após dia crescem os casos de colegas que adoecem diante da piora das condições de trabalho, com o aumento da pressão e do assédio por parte das empresas.

Nos últimos tempos, lutamos contra decisões autoritárias de chefias que não se preocupam com o mínimo bem-estar das redações e desconsideram reivindicações plenamente razoáveis, como a possibilidade do trabalho híbrido quando há condições para tal, e o diálogo para a readequação dos plantões.

É por conta de tudo isso que nos somamos à luta de milhões de trabalhadoras e trabalhadores que também acreditam que devemos trabalhar para viver, e não viver para trabalhar. Com o desenvolvimento de tecnologias que ampliam a produtividade e reduzem a dependência da intervenção humana, é plenamente factível que as jornadas de trabalho sejam drasticamente reduzidas, sem a diminuição dos salários.

O avanço das realizações da humanidade, fruto das mãos da classe trabalhadora, deve ser um benefício para todas e todos, e não apenas para o 0,01% da população que vive às custas do trabalho de milhões.

Que a mobilização pela redução da jornada dê novo fôlego ao debate fundamental para que o Brasil retome, de fato, o caminho de desenvolvimento para todo o povo, com Previdência Social e leis trabalhistas que tenham como centralidade a dignidade e os direitos da classe trabalhadora.

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