Logo do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo
Logo do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
Logo da Federação Internacional de Jornalistas
Logo da Central Única dos Trabalhadores
Logo da Federação Nacional de Jornalistas

Trabalhadores protestam nos 4 meses de calote

Trabalhadores protestam contra os 4 meses de calote da Abril

Profissionais demitidos e freelancers dispensados reunidos no protesto na Praça João Mendes. Foto: Flaviana Serafim/SJSPOs jornalistas, administrativos, distribuidores e gráficos demitidos pela Abril e os profissionais freelancers dispensados pela editora realizam um protesto na tarde desta quinta-feira (6) para marcar os quatro meses de demissão em massa seguida do calote dado pela empresa. A manifestação ocorreu em frente ao Fórum João Mendes, no centro da capital paulista, onde tramita o processo de recuperação judicial da Abril.

Concentrados com faixas e cartazes na Praça João Mendes, as categorias criticaram as demissões, denunciaram o calote e cobraram o pagamento imediato e integral da dívida com os trabalhadores. A demissão em massa aconteceu em 6 de agosto e, no dia 15 do mesmo mês, a empresa entrou em recuperação judicial protelando o pagamento devido aos demitidos e freelancers dispensados.

O calote afeta 804 celetistas, que perderam o emprego sem receber as verbas rescisórias nem a multa do Fundo de Garantia, e outros cerca de 200 profissionais freelancers que foram dispensados sem o pagamento pelos serviços prestados a Abril.

Durante o protesto, os manifestantes também leram uma carta dirigida ao juiz Paulo Furtado, titular da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da comarca da capital, na qual pedem celeridade no processo de recuperação judicial da empresa.

De acordo com o plano de recuperação proposto pela Abril, e que gerou revolta na categorias, pode levar até 18 anos para que a editora pague o deve, dependendo do montante do débito, e ainda com forte deságio no valor. Em alguns casos, além da demora de quase duas décadas para quitação do pagamento, o valor total da dívida sofre um deságio de até 92% e o demitido receberá apenas 8% do que a empresa está devendo.

O plano ainda precisa de aprovação numa assembleia de credores inicialmente prevista para ocorrer no final de janeiro de 2019. Caso a proposta não seja aceita, será decretada a falência da editora. 

“Não é verdade que se a Abril for a falência ninguém vai receber nada. É verdade que, se isso correr, teremos várias complicações legais, mas sabemos que os donos da editora Abril são bilionários e, portanto, têm patrimônio para arcar com o que eles devem para nós. E se eles não pagarem, vamos atrás e cobrar a dívida até o fim”, explicou Paulo Zocchi, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP). A entidade e os sindicatos das demais categorias organizaram e apoiaram a realização do protesto. 

Mulheres cobram celeridade na recuperação judicial

O juiz Paulo Furtado recebendo a carta das mulheres entregue pela jornalista Patrícia Zaidan. Foto: Eliane ContrerasAntes do protesto na Praça João Mendes, um grupo de mulheres demitidas, freelancers dispensadas e esposas de demitidos foram ao 18º andar do Fórum para entregar a carta pessoalmente ao juiz Paulo Furtado (leia mais).

Perante o magistrado, as mulheres relataram as agruras vividas cotidianamente pelas famílias atingidas com as demissões em massa e com a dispensa de freelancers. Entre os casos, trabalhadores ou familiares doentes e sem plano de saúde, outros com dificuldades para pagar as contas do dia a dia, desde a escola dos filhos até parcelas da casa própria e, ainda, profissionais que acabaram adoecendo devido à demissão e às dificuldades financeiras causas pelo calote.

“É um apelo das mulheres para que o senhor possa cuidar com bastante atenção deste caso, uma vez que sabemos que a lei que rege a recuperação judicial é uma legislação que ignorou a penúria do trabalhador. Nós não somos credores, somos trabalhadores e dependemos da verba alimentar para nosso sustento. Temos família e muitos problemas a enfrentar, e para nós o tempo é realmente um inimigo”, disse a jornalista Patrícia Zaidan, do Comitê de Demitidos da Abril, ao entregar a carta ao juiz.

No diálogo com as mulheres, Furtado afirmou que “o papel do juiz é mais de supervisão do processo. O juiz não diz ‘a Abril tem que pagar em cinco anos, em dez anos ou em dois anos’. Quando a lei diz que o pagamento tem que ocorrer em no máximo um ano, neste caso, se houver um pagamento fora desse período, reconhecemos a ilegalidade. Fora o caso específico do crédito Mulheres se reuniram no Fórum João Mendes para entregar a carta ao magistrado. Foto: Flaviana Serafim/SJSPtrabalhista, o plano é negocial, ou seja, depende daquilo que a Abril tiver condições de fazer quanto aos pagamentos”.

No final da reunião com as mulheres, Furtado se comprometeu a dialogar com os representantes da Deloitte, consultoria responsável pela recuperação judicial da Abril, para solicitar um cronograma de andamento do processo.

O magistrado disse ainda que têm ocorrido reuniões mensais com a Deloitte para debater as questões pendentes e “para tentar deixar o processo saneado para o momento da assembleia de credores”, concluiu.

Leia todas as notícias sobre as demissões e o calote da Abril publicadas no site do SJSP clicando aqui, e também na fan page e no Twitter no Sindicato dos Jornalistas.

veja também

relacionadas

mais lidas

Pular para o conteúdo