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Telejornal: tecnologia muda sempre; oligarquia manda sempre

Telejornal: tecnologia muda sempre; oligarquia manda sempre


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Os graves erros técnicos nos telejornais brasileiros foram desaparecendo com o passar dos anos e com a tecnologia avançando. Hoje são pequenos. Mas, os equívocos intencionais de informação, a má informação, o desvirtuamento das notícias,o esquecimento desejado dos  fatos continuam e crescem, sempre para divulgar só as notícias de interesse da oligarquia . Há que manter as idéias da classe dominante na mídia.

Durante a ditadura militar brasileira, no começo da década de 70, com a Rede Globo tendo 80% de audiência com seu Jornal Nacional, aconteciam coisas assim:

No dia 25 de agosto de 1974, Dia do Soldado na Vila Militar e Dia da Exposição de Cães no Itanhangá Golf Club, no Rio de Janeiro. Dois registros no telejornal Hoje com filmes curtinhos. Não havia ainda VTs no telejornalismo. O experiente montador Melo, do jornalismo, inverte, na pressa do fechamento, equivocadamente, a ordem de entrada das matérias. Entra a exposição dos cães, com o locutor dizendo: “as tropas desfilaram  na Vila Militar homenageando o dia do Soldado, aplaudidas pelo público…”.Em seguida, com imagens da Vila Militar: “no Itanhangá,  cachorros das mais diferentes raças se apresentaram a um público interessado”. Meia hora depois, carros do Exército estavam na porta da Globo, na rua Von Martius, querendo explicações do superintendente Walter Clark e do diretor de jornalismo Armando Nogueira, ameaçando tirar a emissora do ar. Com a inteligência de sempre, eles conseguiram convencê-los que fora apenas um equívoco técnico.

Em 1975, a CNBB realiza sua assembléia anual em Itaici, Indaiatuba, com todos os bispos brasileiros. A TV Globo de SP cobre e manda ao ar a matéria com plano geral da conferência, com Aloisio Lorscheider, presidente da CNBB discursando e com um “zoom in”, fechando em Dom Helder Câmara. Dom Helder era censurado e era proibido de se fazer qualquer referência a ele. A confusão estava feita. Dr. Roberto Marinho telefona, coronéis telefonam. E Walter Clark, Armando Nogueira e Paulo Mário Mansur, então o diretor de jornalismo na Globo em São Paulo decidem, para acalmar a pressão, demitir o montador, “Jose Pedra”. Passada a crise o “Pedra” não foi demitido. Mas tiveram que mostrar memorandos dizendo isso.

Como esses casos, sob a ditadura militar enraivecida, muitos outros aconteceram. Mudou-se. A ditadura foi extinta. A censura nas redações terminou. E os telejornais, não mais com  problemas técnicos graves, passaram a esconder as notícias. Ainda no final da ditadura, com a enorme pressão popular na cidade de São Paulo e com a Folha de São Paulo, a Rede Bandeirantes e a TV Cultura dando destaque, a Rede Globo foi obrigada a noticiar os comícios pelas Diretas Já. Antes a Rede Globo escondia o assunto como se não houvessem comícios pedindo eleições diretas.

No debate Lula x Collor , hoje com a manipulação claramente admitida na edição do Jornal  Nacional, mostrou-se só as frases truncadas, as piores expressões do Lula, e todas as frases agressivas e felizes do candidato Collor. Contra as orientações de Armando Nogueira e sua editora chefe Alice Maria que desejavam uma edição isenta. Foram passados por cima.

As notícias manipuladas continuam indo ao ar. Outras simplesmente deixam de existir. Há ênfase em noticiário menor, policial, buracos de rua, incêndios, acidentes, “esquecendo-se “das questões principais que afetam a população. O telespectador fica acreditando no “imparcial telejornalismo brasileiro”, onde a  tecnologia muda, cada vez melhor, mas as notícias são as mesmas que as classes dominantes brasileiras desejam e colocam no ar.

 

Raul Varassin, diretor do Conselho Fiscal do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP)

 

 

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