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SJSP sedia debate sobre jornalismo de resistência: Rádio Marconi e Prensa Latina

SJSP sedia debate sobre jornalismo de resistência: Rádio Marconi e Prensa Latina


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O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) sedia na próxima quarta-feira (7), às 19 horas, no auditório Vladimir Herzog a “Conversação com Jornalistas” que terá a presença do jornalista cubano Joel Michel Verona, da Prensa Latina e da consulesa de Cuba em São Paulo, Ivette Martinez Leyva. Os temas são a Prensa Latina e a Rádio Marconi, que se destacou pela oposição à ditadura em 1964.
Os debates serão mediados pelo jornalistas Paulo Cannabrava Filho.

Este é o texto dos organizadores:

Duas histórias fascinantes do jornalismo latino-americano. A extinta Radio Marconi, única voz que se opôs à ditadura cívico-militar brasileira nos anos 1960, e da Prensa Latina, que vencendo o mackartismo estadunidense e mundial se impôs como agência de notícias alternativa ao monopólio das transnacionais da mídia. Paulo Cannabrava Filho e Paulo Abreu, testemunhos do que foi a Marconi na resistência à ditadura e a saga da Prensa Latina, por Joel Michel Varona de Prensa Latina e a Consul geral em São Paulo, Ivette Martinez Leyva.

 

Prensa Latina

 

Fundada na Cuba Revolucionária de 1959 por jornalistas que não se conformavam com a hegemonia exercida pelas agências de notícias controladas pelas potências imperiais e o grande capital financeiro. Na coordenação dos trabalhos de montagem da agência estava o argentino Jorge Massetti que logo deixaria essa função para integrar-se à guerrilha do EGP – Ejército Guerrillero del Pueblo –  como segundo do comandante Che Guevara.

A coordenação dos trabalhos foi assumida pelo também argentino Rogélio García Lupo. Desde o início Prensa Latina reunia o que havia de melhor no jornalismo latino-americano e logo consolidaria respeito pelo jornalismo em todo o mundo ao mesmo tempo e na mesma proporção que conquistava desafetos e detratores na direita global. Integravam o quadro de colaboradores jornalistas e intelectuais como

No Brasil a agência começou a funcionar em 1960, com escritório no Rio de Janeiro, sob o comando do jornalista cubano José Prado Laballós, logo deixou esse posto para assumir a direção de Rádio Habana Cuba e ficou em seu lugar o brasileiro Aroldo Wal.  Mantinha correspondentes em Brasília e São Paulo. Colaboravam com a agência em seus primórdios Rui Mauro Marini, Hermano Alves, Márcio Moreira Alves, Almir Gjardoni e muitos outros.

Depois do golpe de 1º de abril de 1964, a agência foi depredada tendo seu pessoal que fugir da repressão. Nesse mesmo mês, dia 20, foi massacrada a guerrilha de Salta sob o comando de Massetti, o comandante Segundo (o Primeiro era o Che) e logo depois o governo rompia com Cuba e todo o mundo socialista. A agência só voltaria a funcionar no Brasil em 2004.

Colaboraram com Prensa nessa época, anos 1960-1970, argentinos como Rodolfo Walsh, Paco Urondo, Juan Carlos Onetti, Jorge Timossi, Mira y Lopes; o colombiano Gabriel García Márquez, os uruguaios Eduardo Galeano, Ernesto González Bermejo, Carlos Nuñes y Mario Benedetti, peruano Juan Gargurevich y Genaro Carnero Chica, venezuelano Eleazar Díaz Rangel, os franceses Jean Paul Sartre, Simone de Beauvoir,

Hoje tem cerca de 30 escritórios em todo o mundo e seu escritório em Brasília tem planos de expandir-se.

Rádio Marconi

Criada por Dorival de Abreu em 1962 logo se notabilizou como rádio dos trabalhadores. Com programação eclética a partir de 1964 priorizou o jornalismo quando assumiram o departamento de jornalismo da rádio João Adolfo da Costa Pinto e Paulo Cannabrava Filho substituídos em 1968 por Agileu Gonçalves de Oliveira (1937-1997). 1o de abril de 1964 começam as dificuldades.

Em 1966 Dorival eleito deputado federal pelo MDB. Na Câmara continuou defendendo os direitos dos trabalhadores. A radio elegeu também Gastoni Righi e David Lerer federais e o estadual Fernando Perroni.

Dorival foi do PTN junto com Ferrari, apoiou Jânio. Muito ligado aos trabalhistas relacionava-se bem com Jango que facilitou seu acesso a frequência da radio.

Com o fechamento dos partidos e criação do bipartidarismo ajudou a fundar o MDB em São Paulo e foi eleito deputado federal por essa legenda. Foi cassado pelo AI-5

De 1964 a 1967 a Rádio Marconi, de São Paulo, era a única voz que no Brasil se opunha a ditadura ao lado do Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, único jornal diário de oposição. Nesse período, frequentemente os agentes do Dentel (Departamento Nacional de Telecomunicações) com a Polícia Federal invadiam a rádio, tiravam o cristal deixando-a fora do ar. Como ainda funcionava o Judiciário e havia aliados políticos, além de bons advogados, voltava a funcionar para logo adiante ser de novo lacrada. Não satisfeitos com tirar do ar a emissora levavam Dorival preso. Saia com habeas corpus. Só silenciaram a rádio a partir de 1968 e

Médici acabou definitivamente com ela em 1973. Nem o prédio em que funcionava sobrou. O edifício Mendes Caldeira, na praça da Sé, foi implodido para dar lugar à nova praça.

Dorival demandou a União por danos e perdas num processo que se arrastou por mais de dez anos. Quando lhe pagaram foi com moeda desvalorizada, mesmo assim um bom dinheiro, mas não equivalente as perdas sofridas por estar fora do ar.

Nunca mais se ouviu uma radio como a Marconi … a verdade no ar!

 

Texto de Paulo Cannabrava Filho 

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