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SJSP participa de audiência com fotógrafo que registrou Vlado no Doi-Codi

SJSP participa de audiência com fotógrafo que registrou Vlado no Doi-Codi


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A direção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) participou na manhã desta terça-feira (28) de audiência pública na Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo, que teve o depoimento do ex-fotógrafo Silvaldo Leung Vieira, autor da foto forjada pela ditadura militar que mostra o jornalista Vladimir Herzog morto dentro das dependências do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi), em outubro de 1975. O SJSP foi representado pelo secretário geral da entidade, André Freire.

No depoimento, Silvaldo, hoje radicado em Los Angeles, nos EUA, disse que se arrepende do que fez, mas que não compactuou com a ditadura. “Não me senti cúmplice, mas me senti muito mal”, disse.

Já Ivo Herzog, filho de Vladimir, tem uma opinião diferente e bem mais contundente sobre a colaboração de Vieira com o regime. “Ele vem aqui e diz que sabia das torturas e nunca veio a público. Há as pessoas que se calaram e se voltaram contra. A parte mais nobre do seu depoimento foi o final, quando ele diz que se arrepende. Existem opções. Ele afirma que naquela época o seu trabalho era aceitável. Vai ser padeiro, vai vender pastel na feira. Foi conivente e cúmplice de um Estado violento e criminoso”, disse ele.

O assassinato de Vlado é considerado o episódio que determinou “o início do fim” da ditadura militar. Ele é um ícone para os que lutaram pela democracia no Brasil e personagem fundamental na história dos jornalistas brasileiros. O auditório do SJSP, inclusive, leva seu nome em uma das homenagens que lhe prestou a categoria.

 

Sérgio Gomes

 

O jornalista Sérgio Gomes, que, assim como Vladimir Herzog, esteve preso no DOI-Codi em outubro de 1975, também depôs à Comissão da Verdade. Ele foi uma das testemunhas no processo que a família de Vlado moveu em 1978, para que a União fosse responsabilizada pela sua morte.

Gomes contou que, quando esteve preso, sofreu choques com a cabeça coberta por um capuz embebido em amoníaco. “A pessoa fica convulsa, incontrolável e é obrigada a inalar aquilo”, explicou. “É uma aflição máxima, pois seu maior inimigo é seu corpo, que faz algo diferente do que a cabeça manda”.

Para ele, Herzog sofreu o mesmo tipo de tortura. “Vivi isso e senti me aproximar de situação limite. Disse e reafirmo que Vlado morreu nessas circunstâncias, porque uma forma de se livrar na loucura é morrendo”, afirmou. Na época do processo, ele chegou a propor a exumação do jornalista, para que se analisasse a presença de amônia no corpo.

 

Da redação com Assessoria de Comunicação da Câmara Municipal de São Paulo

Foto: André Freire/SJSP – Fotógrafo mostra como registrou a foto histórica de Vlado assassinado

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