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SJSP e Fenaj repudiam agressões da Polícia Militar a repórteres do jornal A Verdade

Redação - SJSP

No último dia 27 de março, uma manifestação pacífica contra a privatização de três linhas da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), em São Paulo, terminou com violência policial.

Muitos manifestantes saíram feridos e pelo menos três foram presos. Entre os atingidos pela repressão policial estavam repórteres do jornal A Verdade que acompanhavam o ato e tiveram seu trabalho cerceado e hostilizado pela PM. Mesmo identificados, sofreram agressões, foram alvo de spray de pimenta e golpes de cassetete, em um episódio que reforça a escalada da repressão aos sindicatos e movimentos sociais e ao jornalismo independente.

Wildally Souza, fotojornalista que cobria a manifestação, relatou que a equipe do jornal já estava atenta à possibilidade de violência. “A todo momento estávamos muito espertos e preparados para a repressão, porque cobrimos diariamente a violência policial contra o povo e sabemos que ela acontece por nada”, afirmou. No momento da dispersão, os jornalistas se posicionaram à frente do cordão de manifestantes, mas foram duramente atacados pela polícia. “Quando a polícia foi para cima só pensamos em garantir as fotos com a máxima segurança, protegendo uns aos outros, mas foi muito violento”, completou.

As agressões se intensificaram conforme a repressão avançava. “Por várias vezes fui acertado com golpes de cassetetes e spray de pimenta”, relatou o fotojornalista, que também destacou a dificuldade de registrar as imagens em meio ao caos. “No momento mais tenso, foi quase impossível tirar qualquer foto, porque o gás estava muito forte e as bombas vinham de todos os lados.”

Outro jornalista, Guilherme Goya, repórter que cobria a manifestação, também foi perseguido enquanto buscava trabalhar. “A repressão foi muito forte, no momento em que o prédio da Secretaria já estava desocupado. Eu estava entre o cordão de manifestantes e a polícia, e em diversos momentos fui coibido pelos policiais de exercer o meu trabalho, mesmo com a credencial de imprensa”, afirmou. Embora identificado, ele foi alvo de violência policial enquanto procurava registrar as prisões. “Na tentativa de gravar a prisão de uma das manifestantes, fui empurrado por um policial”.

A tentativa de documentar os abusos foi recebida com ainda mais truculência. “Quando estava registrando uma agressão muito forte, cheguei a receber golpes de cassetetes na altura da bacia, o que ocasionou um hematoma no local”, relatou o repórter. Além disso, o uso de agentes químicos para dispersão acabou atingindo os profissionais de imprensa. “Também recebi spray de pimenta diretamente nos olhos”, acrescentou.

A impossibilidade de registrar imagens e relatos de manifestações compromete não apenas o trabalho jornalístico, mas também o direito da população à informação. Muitas das agressões cometidas por agentes do Estado contra manifestantes e jornalistas só são documentadas graças ao trabalho dos meios de comunicação, uma vez que nem todos os policiais fazem uso das câmeras corporais que deveriam registrar suas ações. Em diversos casos, mesmo quando esses equipamentos estão presentes, há relatos de que são desligados ou cobertos, dificultando a produção de provas contra os abusos cometidos durante operações policiais.

SJSP e Fenaj estarão atentos a quaisquer outras denúncias de intimidação ou agressão policial sofrida por jornalistas nas imediações da Bolsa de Valores em 27 de março.

Sem o registro independente, episódios de violência policial podem facilmente ser apagados ou distorcidos nos discursos oficiais, reforçando a impunidade.

O trabalho de jornalistas se torna ainda mais essencial para documentar os fatos e garantir que abusos sejam denunciados. A violência contra jornalistas é uma afronta direta ao direito à informação e às garantias democráticas, exigindo respostas rápidas e eficazes.

SJSP e Fenaj exortam as autoridades competentes a apurar abusos e violências cometidos pela PM naquele episódio, e a punir os responsáveis.

SJSP
Fenaj

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