Nesta terça-feira, dia 22 de outubro, acontece mais um capitulo do processo do jornalista Elian Matte contra a Rede Record. Elian, que começou a trabalhar na emissora em 2020, passou a ser vítima de assédio sexual pelo então diretor de RH da empresa, Márcio Santos, em 2022.
Ele enviava mensagens impróprias e constantemente insistia em convidar Elian para sair, apesar de suas negativas. Logo Márcio começou a perseguir o jornalista, observá-lo pelas câmeras do circuito interno da emissora e a fazer ameaças. Elian chegou a denunciar o caso diversas vezes para a diretoria da Record, mas nada foi feito.
Essa situação, somada às condições de trabalho, levou Elian a um quadro de depressão e Síndrome de Burnout, diagnosticado por médicos em meados de 2023. Mas nem isso levou a Record a tomar providências. O caso só avançou no fim de 2023, quando ele registrou um boletim de ocorrência contra Márcio e deu entrevistas à mídia sobre o que estava passando.
Apesar dar denúncias e de um diagnóstico de adoecimento mental, a Record demitiu Elian em abril deste ano. Um caso que acumula surpresas. Entre as quais uma decisão judicial de reintegração proferida em maio e revogada pela mesma juíza menos de um mês depois, sob o argumento de que Síndrome de Burnout “não é doença grave”. E também o corte do plano de saúde da empresa sem que Elian fosse comunicado, apesar de ele seguir em tratamento de condições que surgiram por conta de tudo o que ele passou na Record.
Mesmo durante o andamento do processo, Márcio seguiu pressionando Elian e mandando mensagens ameaçadoras, segundo relatos do jornalista. A situação era tão grave que o jornalista conseguiu um visto de asilo em outro país, para onde foi ainda em novembro de 2023. Mas, em outra decisão questionável da justiça, Elian não pôde participar virtualmente das audiências do processo e precisou retornar ao Brasil.
Apesar de todo o mal que causou, Márcio Santos conseguiu se livrar do processo criminal. Com uma transação penal ofertada pelo Ministério Público, ele vai pagar pouco mais de R$ 7 mil de multa a ser revertida para o Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.
Enquanto isso, Elian continua buscando na justiça seu direito à readmissão pela Record. A audiência desta terça é a última antes do anúncio da sentença e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo defende que Elian seja readmitido e tenha seu tratamento custeado pela Record. É preciso deixar claro para toda a sociedade que situações como essa são inaceitáveis e que empresas coniventes com casos de assédio serão responsabilizadas por suas omissões. Todo apoio a Elian Matte!