O Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo (SJSP) deve protocolar, nos próximos dias, uma nova denúncia no Ministério Público do Trabalho contra a Editora Três, responsável pelas publicações das revistas IstoÉ, IstoÉ Dinheiro, Dinheiro Rural e Motor Show. Desta vez, a empresa será acusada de praticar assédio moral coletivo, com registros de boicote, intimidação e coação aos jornalistas por parte das direções das publicações, como forma de retaliação à paralisação realizada na semana anterior.
Após quase dois meses de atraso salarial e o total silêncio por parte da empresa em relação às irregularidades, os profissionais da redação entraram em greve entre os dias 16 e 18 de setembro, até que a Editora Três quitasse parte dos débitos. Na tarde de quarta-feira (18), às vésperas do fechamento das revistas, a empresa efetuou o pagamento de uma quinzena atrasada e da segunda parcela de um salário que havia sido dividido em cinco partes — acordo estabelecido no início do ano entre a empresa e o SJSP.
A entidade sindical avalia também convocar nova greve porque o salário está atrasado novamente e a Editora apresentou apenas uma “previsão” de pagamento para o dia 30 deste mês do adiantamento que venceu no último dia 20.
Vale lembrar que, sob a liderança do Sindicato, os jornalistas permanecem em assembleia permanente até que todas as irregularidades sejam sanadas. “As novas denúncias de assédio moral coletivo, comprovadas por depoimentos, mensagens de WhatsApp nos grupos da redação e áudios trocados, só reforçam as fraudes nas relações trabalhistas e a política de desprezo da empresa em relação aos seus trabalhadores”, afirmou Thiago Tanji, presidente do SJSP. “Se os profissionais demonstraram força e união para lutar pelos salários atrasados, não ficarão passivos diante desta postura inaceitável de ameaças e intimidação por parte da direção da empresa, que desrespeita as premissas elementares das relações trabalhistas e comprometem a saúde física e mental das equipes”, reforçou Tanji.
O episódio é mais um agravante na situação da Editora Três, atualmente em processo de recuperação judicial. No mês passado, a empresa foi fiscalizada pelo Ministério do Trabalho por conta de denúncias de irregularidades. Paralelamente às denúncias que serão apresentadas na Ministério Público do Trabalho e aos juízes responsáveis pelo acompanhamento da Recuperação Judicial, o SJSP estuda a possibilidade de expor a irregularidades das condições de trabalho na Editora Três às empresas anunciantes e aos personagens homenageados pelas revistas, com o intuito de desencorajar CEOs e executivos a prestigiarem uma empresa que trata seus funcionários de forma degradante, levando muitos funcionários, inclusive, ao adoecimento mental.