O radialista brasileiro Marlon de Carvalho Araújo, de 37 anos, foi assassinado no dia 16 de agosto dentro de sua casa em Riachão de Jacuípe, na Bahia, na região nordeste do Brasil. A polícia suspeita que o crime tenha sido motivado pelo “jeito agressivo de dar notícias” do profissional, segundo informou o portal G1.
De acordo com testemunhas, Araújo estava sozinho quando quatro homens invadiram sua casa, às 2h da manhã, e o mataram a tiros, informou o G1. Não há registro de roubo no imóvel e nenhum suspeito foi preso até o momento.
Araújo havia passado pelas rádios Gazeta e Jacuípe e no último ano postava vídeos noticiosos em seu perfil no Facebook, segundo o Correio. O site afirmou que ele era conhecido por “vídeos polêmicos de denúncias”, geralmente envolvendo autoridades locais.
No dia anterior a sua morte, Araújo postou um vídeo em que prometia revelar em breve o nome de um vereador que supostamente havia sido espancado por um agiota e entregado uma motocicleta pertencente à Câmara Municipal para pagar uma dívida.
Ao Correio, uma amiga do comunicador, que preferiu não se identificar, disse que Araújo era muito influente e popular na cidade. “Ele incomodava muito político, só que ele não tinha limites na hora de fazer as denúncias”, disse ela.
A organização pela liberdade de expressão Artigo 19 disse ter entrado em contato com comunicadores locais e com autoridades responsáveis pelas investigações do caso, que confirmaram que a principal motivação considerada para o crime é a atuação de Araújo como comunicador.
Segundo a Artigo 19, o radialista é o quarto comunicador assassinado no país esse ano. Em janeiro, foram assassinados os radialistas Jefferson Pureza, no Estado de Goiás, e Ueliton Brizon, de Rondônia, e em junho foi morto Jairo de Sousa, no Pará.
“Fica evidente que o crime reforça um cenário de violência contra comunicadores que tem se intensificado este ano, sendo urgente e necessário que o Estado, em todos os níveis, reconheça a condição alarmante dos comunicadores no país e se comprometa com política concretas de enfrentamento do problema”, afirmou a Artigo 19.
Emmanuel Colombié, diretor do escritório para a América Latina da Repórteres sem Fronteiras (RSF), instou as autoridades a “conduzir uma investigação criteriosa sobre o assassinato de Marlon Carvalho e priorizar a hipótese do crime estar relacionado à sua atividade como jornalista”.
A RSF lembrou que, além dos assassinatos já registrados, o radialista Hamilton Alves sobreviveu em abril a uma tentativa de assassinato em Jaru, em Rondônia. Ele foi atingido por cinco tiros disparados por dois homens em uma motocicleta, segundo a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Em julho, três vereadores do município de Governador Jorge Teixeira foram presos como suspeitos de terem mandado matar Alves, informou a entidade.
“Fora dos grandes centros urbanos, os jornalistas – e mais especificamente os radialistas – que tratam de temáticas ligadas à política local e à corrupção são sistematicamente ameaçados e vítimas de represálias. A RSF repudia essa grave situação de vulnerabilidade e pede às autoridades brasileiras que implementem medidas para reforçar a proteção dos jornalistas no país”, afirmou Colombié.