Crise sem fim. Diante das persistentes irregularidades nos pagamentos de salários e do sistemático desrespeito contra seus trabalhadores, a Editora Três (que publica IstoÉ, IstoÉ Dinheiro, Dinheiro Rural e Motor Show) será denunciada mais uma vez ao Ministério Público do Trabalho (MPT) pelo desprezo às regras elementares das relações trabalhistas, como honrar o pagamento de salários.
Mesmo em processo de recuperação judicial (RJ), a empresa vem ampliando os atrasos nos pagamentos de CLTs e PJs, que hoje estão com quase dois salários em aberto – referentes a duas quinzenas não pagas, de 20 de setembro e 5 de outubro, além de três das cinco parcelas do salário de julho, que foi dividido em um acordo firmado pela Editora Três com o SJSP.
Segundo os jornalistas, nas últimas semanas, diante do acirramento dos ânimos na editora, alguns diretores da empresa vêm praticando intimidação e ameaças aos jornalistas, com juramentos de demissão caso adotem algum tipo de paralisação ou greve. Nos últimos dias, um editor pediu demissão depois de ser assediado aos berros.
Além de responder pelos constantes atrasos, a empresa poderá ser processada por danos morais coletivos, já que o não pagamento dos salários causa constrangimento e humilhação aos funcionários, que enfrentam dificuldades para pagar aluguéis, pensões alimentícias, alimentar-se de forma adequada e até ficam impossibilitados de se deslocar até o trabalho.
“Os atrasos reiterados de salário levam as pessoas ao limite e ferem o princípio da dignidade do trabalhador, impossibilitando condições mínimas para a dignidade humana, como o direito à alimentação”, afirmou Thiago Tanji, presidente do SJSP. “O não pagamento no prazo legal causa inúmeros e sérios transtornos, afetando a dignidade e o patrimônio pessoal dos trabalhadores. A greve e a luta por reclamação por danos morais são legítimas e justas”, acrescentou.
O SJSP seguirá lutando para que a lei seja cumprida pela Editora Três. “Não vamos nos calar ou nos intimidar diante do total desrespeito à categoria. Revistas que frequentemente premiam as melhores empresas para se trabalhar, como a parceria com o Great Place to Work (GPTW), em setembro, demonstram uma contradição que beira o absurdo. É uma ofensa à nossa classe”, disse Tanji.