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Nota de solidariedade à jornalista Alinne Fanelli: atitude machista do técnico Abel Ferreira é injustificável

Redação - SJSP

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) prestam solidariedade e se colocam à disposição da jornalista Alinne Fanelli, da rádio BandNews FM, abordada de maneira machista pelo treinador Abel Ferreira, da Sociedade Esportiva Palmeiras, durante coletiva de imprensa realizada no último sábado, 24 de agosto.

Após a jornalista realizar uma pergunta para buscar informações sobre a lesão de um jogador palmeirense após a partida contra o Cuiabá Esporte Clube, Abel Ferreira responde rispidamente que devia “satisfação a três mulheres”, sua mãe, sua esposa e a presidenta do Palmeiras, Leila Pereira. “São as únicas que têm o direito de vir falar comigo e pedir explicações, porque a equipa perdeu, por que se lesionou… São as únicas que têm o direito de vir a mim e pedir explicações”, disse o treinador.

Momentos antes, Abel Ferreira afirmara que tinha muita sorte por ser liderado por Leila Pereira, dedicando a vitória do último sábado à dirigente palmeirense. Ao responder à jornalista Alinne Fanelli de maneira agressiva, inapropriada e com evidente conotação machista, o treinador contradiz o posicionamento adotado pela diretoria do Palmeiras, que recorrentemente cobra dos veículos de comunicação a presença de mais mulheres jornalistas na cobertura do futebol. Em janeiro deste ano, foi realizada uma coletiva de imprensa apenas para repórteres mulheres com a presidenta do Palmeiras.

Na tarde deste domingo, Abel Ferreira manifestou-se em nota, afirmando que ligou para a jornalista Alinne Fanelli, “a fim de lhe dizer que não tive, de forma alguma, a intenção de lhe causar qualquer constrangimento”. “Reconheço, contudo, que fui infeliz em minha resposta e, por esse motivo, fiz questão de procurar a Alinne para me retratar e esclarecer o que considero ter sido um mal-entendido”, publicou o treinador em nota.

Apenas pedidos de desculpas, entretanto, não são aceitáveis. É necessária uma mudança concreta de postura, sobretudo pelo fato de que Abel Ferreira é treinador de uma equipe cuja diretoria se comprometeu a combater práticas machista.

Não é a primeira vez que treinadores profissionais do futebol tratam jornalistas de maneira desrespeitosa. No episódio do último sábado, a jornalista Alinne Fanelli estava realizando o seu trabalho profissional ao realizar uma pergunta de evidente interesse aos ouvintes da rádio. Desde a pandemia, repórteres não têm mais acesso aos Centros de Treinamento e as coletivas de imprensa são uma das poucas oportunidades de acesso direto a treinadores e jogadores. É necessário, portanto, que os clubes orientem seus funcionários que o trabalho jornalístico deve ser respeitado.

Neste sentido, o SJSP e a Fenaj reforçam a luta de todas as jornalistas: em novembro, as entidades organizarão o Encontro Nacional de Mulheres Jornalistas, em que discutiremos coletivamente o enfrentamento ao tratamento machista contra colegas jornalistas. É necessário conclamar toda a categoria para se solidarizar, mas, sobretudo, formular respostas para que o trabalho jornalístico se dê em ambientes livres de qualquer tipo de machismo.

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