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No dia dos 49 anos da morte de Vladimir Herzog, SJSP e Fenaj pedem justiça pelos abusos do Estado com “Abin Paralela” de Bolsonaro

Redação

No dia 25 de outubro de 1975, o jornalista e professor Vladimir Herzog foi assassinado em uma cela nas dependências do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi). O jornalista foi torturado e morto pelo Estado brasileiro, e teve a causa de sua morte forjada, apontada como suicídio.

Com uma corajosa postura desde seu início, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), liderado por seu presidente Audálio Dantas, denunciou o assassinato de Vlado e, junto a diversos setores da sociedade civil, fizeram com que o movimento ganhasse corpo nas ruas. Seis dias depois, a indignação culminou em uma ato ecumênico realizado na Catedral da Sé, no dia 31 de outubro de 1975. Quase 10 mil pessoas se reuniram no centro de São Paulo para prestar homenagens ao jornalista Vlado e, pacificamente, denunciar os crimes cometidos pelo regime militar naquele período.

Após 49 anos de seu assassinato, nosso Sindicato segue lutando pela justiça e punição dos responsáveis por esse crime. E mantém sua defesa da democracia contra os golpistas do passado e do presente: neste 25 de outubro, o SJSP e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) enviaram ao ministro do STF Alexandre de Moraes pedido para que sejam revelados os nomes dos profissionais de imprensa indevidamente vigiados no caso da “Abin Paralela”.

O documento foi elaborado pela assessoria jurídica do SJSP, coordenada pelo Dr. Raphael Maia. No pedido, a Fenaj e o SJSP buscam esclarecimentos sobre a utilização do sistema de monitoramento FIRST MILE, software israelense capaz de detectar a localização, em tempo real, de milhares de celulares ao mesmo tempo. O equipamento foi utilizado por uma organização criminosa, criada dentro do departamento de defesa brasileiro, que ficou conhecida como “Abin Paralela”, a fim de monitoras adversários políticos, jornalistas e até aliados do então presidente da República, Jair Bolsonaro. Alexandre de Moraes é o relator da investigação no STF.

Na peça jurídica, SJSP e Fenaj solicitam que “seja encaminhado às entidades requerentes a lista/relação com o nome dos jornalistas monitorados ilegalmente pela ABIN, viabilizando-se a reparação futura aos direitos fundamentais à intimidade, à vida privada e à proteção de dados, bem como de eventual violação ao sigilo da fonte, conforme assegurado pelo ordenamento jurídico”.

O documento termina relacionando a perseguição política do governo Bolsonaro com o momento vivido por companheiros no passado, e rememora Vlado. “Lembrando que na data de hoje completam 49 anos do assassinato do jornalista Vladimir Herzog, pela ditadura militar que golpeou o país em 1964, razão pela qual não se pode admitir que agentes do Estado brasileiro sejam novamente utilizados para perseguir jornalistas”.

“Infelizmente, após 49 anos, o crime cometido pelo Estado brasileiro contra Vladimir Herzog segue impune. E, neste momento, continuamos lutando contra os arbítrios do presente. Nossa profissão mantém sua centralidade para a democracia e livre circulação de informações, mesmo diante de tantas dificuldades. Nosso Sindicato, que esteve à frente da luta por justiça a Vladimir Herzog, segue seu compromisso intransigente em favor da democracia e dos direitos humanos “, destaca Thiago Tanji, presidente do SJSP.

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