Pela primeira vez nos 81 anos de história do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), as mulheres vão ocupar no mínimo 50% dos cargos da direção da entidade.
Na gestão 2015-2018, que termina neste mês de agosto, elas já representaram a maioria na Direção Executiva e, na gestão que estará a frente do SJSP no período 2018-2021, a participação das jornalistas se amplia também na composição da Diretoria Plena e nas direções de ação sindical.
A mudança foi considerada já para inscrição de chapa às eleições, e é resultado da reforma do Estatuto do Sindicato que foi debatida e construída coletivamente, e aprovada pela categoria em agosto de 2017, durante no 15º Congresso Estadual dos Jornalistas.
A alteração estatutária reflete o universo de trabalho no jornalismo, onde as mulheres são maioria, e visa aproximar as jornalistas da base para o Sindicato, como destacaram as delegadas e os delegados que defenderam a inclusão da medida no Estatuto do SJSP. De acordo com pesquisa realizada pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), as mulheres representam mais de 50% da categoria no Brasil, e o percentual chega a 65% nas assessorias de imprensa.
Embate coletivo
Jornalista da Rede Globo, Maria Cristina Angelini relata que, na emissora, as trabalhadoras também são maioria, “embora os chefes sempre sejam homens, mas há muitas mulheres na hierarquia”, afirma. Ela aprova a ampliação da participação das jornalistas no Sindicato, mas acredita que a questão vai além do estabelecimento de cotas.
“Acho que é uma medida importante, mas não gosto muito dessa coisa de uma cota na qual a pessoa vai por ser mulher. Ela tem que ir pela competência e temos muitas mulheres super competentes, muitas jornalistas competentes. Penso que é algo que precisa ser tratado de uma forma diferente. As mulheres participam para contribuir e não porque fazem parte de uma cota”, avalia a profissional.
Representante do ramo da Comunicação na CUT São Paulo, Lílian Parise, secretária de Comunicação e Cultura do SJSP, destaca que “a mudança estatutária reflete a realidade atual da profissão e segue recomendação da CUT de paridade nas direções, ampliando o espaço das mulheres na luta coletiva. Mas é, principalmente, um reconhecimento à luta das mulheres que, ao lado de homens, assumem o desafio coletivo de lutar por direitos da classe trabalhadora, por igualdade de gênero contra qualquer discriminação, por justiça social e democracia, tão ameaçados em tempos de golpe”, concui.
Leia também:
Eleição no Sindicato dos Jornalistas: categoria destaca importância da sindicalização