O 16º Congresso Estadual dos Jornalistas, ocorrido de 4 a 6 de agosto, aprovou uma moção em defesa da desmilitarização da PM e em repúdio ao massacre ocorrido no litoral paulista.
Leia a moção na íntegra:
REPÚDIO AO GOVERNADOR DE SÃO PAULO E PELA DESMILITARIZAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR
O Estado de São Paulo vem sendo governado pelo arbítrio. Numa exacerbação de sua índole anti-democrática, o governador Tarcísio de Freitas elogiou a ação da Polícia Militar que assassinou ao menos 16 pessoas – jovens e negras – de comunidades periféricas do Guarujá e de Santos. Considerou semelhante brutalidade uma ação bem sucedida. O que é incompatível com os direitos humanos e o direito à vida. Um morador, já rendido, foi morto assim mesmo numa atitude inconcebível. A morte de um policial que é condenável, tem que ser apurada e tratada pela Justiça. E não ser alvo de vingança e ação de justiceiros que agem sem nenhum constrangimento, causando terror à população. Se a operação se denomina Escudo, deveria servir de proteção ao povo, e não uma ação arbitrária e violenta que fere a dignidade humana, o direito de defesa e o estado democrático de direito e a abertura do caminho para a ação de criminosos e radicais contra defensores do povo, como as ameaças contra a vida a Cláudio Aparecido da Silva, Ouvidor das Polícias. Somam-se a isso, informações de que pretende espionar professores por meio da ação de diretores de escola, manter as escolas militares em confronto com a decisão federal de fechar tais estabelecimentos e ainda destruir o ensino público, com a eliminação de livros, a partir do 5° ano das escolas públicas, para tornar o ensino digital. Um desrespeito a todos os professores que dão o seu melhor para educar e ensinar seus alunos.
Se fossemos enumerar a série de incongruências e arbitrariedades que estão sendo feitas, e outras que poderão advir, teríamos um trabalho exaustivo a realizar. A lista é grande e inclui a tentativa de privatização da Sabesp, empresa que pode ser considerada estratégica pois abastece de água e cuida do saneamento de milhões de paulistas. Sem falar que a privatização pode aumentar as tarifas, apesar das declarações em contrário do governador.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo defende a desmilitarização da polícia e reivindica o fim imediato Operação Escudo, implantada na Baixada Santista e Litoral Norte, pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo.
O 16º Congresso Estadual de Jornalistas de São Paulo apela pelo posicionamento do Governo Federal no sentido de condenar as ações arbitrárias e truculentas da polícia no estado de São Paulo como atuação de fundo ideológico fascista, que colocam sob ameaça o estado democrático de direito.
O 16º Congresso Estadual de Jornalistas de São Paulo repudia todas estas ações e chamamos atenção para que se respeite a vida, a população de nossos Estado, e se elimine esse tipo de operação violenta que pode ainda produzir outras chacinas contra populações indefesas que, sendo majoritariamente negra e periférica, entendemos como a perpetuação de um projeto de genocídio contra este povo.