Logo do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo
Logo do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
Logo da Federação Internacional de Jornalistas
Logo da Central Única dos Trabalhadores
Logo da Federação Nacional de Jornalistas

Justiça condena Estado a indenizar jornalista agredido por PM

Justiça paulista condena Estado a pagar R$ 5 mil a jornalista agredido por PM

Momento em que major agarra o jornalista pelo pescoço. Foto: Reprodução/EPTVA Justiça paulista condenou o Estado de São Paulo a pagar R$ 5 mil por danos morais ao jornalista Galeno Amorim, preso e algemado durante uma reintegração de posse em Ribeirão Preto, em 2016. O repórter estava trabalhando quando o major Paulo Sérgio Fabbris, comandante da operação, agarrou Amorim pelo pescoço e o prendeu para impedir que ele se aproximasse da área. Imagens da EPTV flagraram o momento da agressão. Após ser colocado com algemas na viatura, o major rodou com o jornalista pela cidade por cerca de duas horas até apresentá-lo ao delegado.

Não foi a primeira vez que Fabbris agiu com truculência e sem se deixar constranger pela presença da imprensa. Em 2011, o PM foi flagrado agredindo duas sem-teto, ironicamente também durante uma reintegração de posse. O fotógrafo Weber Sian registrou o momento da agressão, o que rendeu a ele o prêmio Vladimir Herzog daquele ano. Na época, Fabbris era capitão. Pouco tempo depois, foi promovido.

Segundo a decisão da juíza Roberta Steindorff Malheiros Melluso, o PM errou ao algemar Galeno pois ele não resistiu à prisão. Contudo, a magistrada considerou o restante da ação dentro da legalidade. “Não se mostra evidência de que o autor pretendia resistir à prisão. É nítido que desobedeceu a ordem do policial encarregado da operação, o que culminou em sua prisão, porém não há informação de que teria se oposto ao ato de prisão, demonstrando perigo de fuga”, escreveu na decisão.

Em entrevista à Ponte, Galeno pondera que a decisão é simbolicamente poderosa. “Tem um aspecto positivo de o Estado ser condenado. Embora a justiça nem sempre seja tão justa, como o próprio caso mostra, isso indica que a sociedade esta atenta aos desmandos, exageros. A decisão é importante e necessária”. Contudo, faz críticas à argumentação que embasou a decisão e, especialmente, ao valor da indenização. “A impressão é que ela não viu direito o processo. A imagem mostra uma coisa e o que ela fala na decisão é completamente outra coisa. Dá impressão que ela bateu o olho rapidamente e nem prestou atenção no que viu. Nós vamos entrar com recurso questionando a decisão”, afirmou.

Galeno havia pedido R$ 40 mil de indenização e a juíza chegou a dizer que a reparação não era pra deixar ninguém rico. “É uma falha de interpretação por parte da juíza, porque para coibir esse tipo de atuação do Estado, esse abuso de autoridade, é importante que se tenham indenizações que doam no bolso. Se isso não acontecer, as pessoas podem entender que vale a pena o risco de fazer como bem entender, desrespeitar a lei, porque depois o custo disso é muito baixo. É temerário que isso sirva como estímulo para que policiais continuem agindo dessa maneira”, critica.

A juíza considerou que o jornalista foi, de certa forma, culpado pela agressão. Ela afirmou, na decisão, que a reintegração acontecia normalmente até a chegada de Galeno, que teria “invadido área de segurança e colocado em risco a operação”. “Saliente-se que a situação em que estavam envolvidos os policiais, embora as testemunhas tenham referido certa calmaria, é certo que era deveras estressante, cabendo mencionar que qualquer conduta; mormente como a do autor [Galeno Amorim], pode ser o estopim para uma tragédia”, pontua Roberta Steindorff Malheiros Melluso. Galeno afirma que vai recorrer da decisão e pedir um valor maior de indenização.

veja também

relacionadas

mais lidas

Pular para o conteúdo