Ataques patronais diários e desafios enormes para garantir a organização sindical fazem parte da rotina estressante da profissão de jornalista. Os episódios recentes ocorridos em São Paulo, durante manifestações legítimas contra o aumento das tarifas de ônibus, trens e metrô comprovam mais uma vez que, além de baixos salários e condições precárias de trabalho, os profissionais de imprensa têm que conviver também com a truculência dos agentes do Estado que, aos invés de garantir o direito ao trabalho, prendem e agridem jornalistas de maneira truculenta e muitas vezes insanas.
A foto do repórter fotográfico, Rodrigo Paiva (capa deste número do Unidade) é o exemplo mais recente do que os trabalhadores em jornais, revistas, sites e rádios têm que enfrentar nos dias de hoje durante o exercício profissional. Verdadeira tradução de policiais despreparados que, aparentando ódio contra os que trabalham em coberturas jornalísticas, partem para a violência gratuita que faz lembrar a repressão de um passado recente. Mesmo que se trate de uma minoria, a violência gratuita fica como marca de toda a corporação.
Certamente esses policiais seguem ordem de comando de superiores que também não se mostram preparados para o exercício da democracia e da liberdade de expressão. A truculência começa em um governo do Estado pouco disposto a negociações que, através de declarações públicas, incentiva seus comandados a agir contra qualquer manifestação dos movimentos sindical e social. E o resultado são os sons das bombas de efeito moral, o estampido de balas de borrachas e a dor e as marcas dos cassetetes.
Não é à toa que o Brasil é um dos recordistas em violência contra os jornalistas. Apesar de não estar em uma área de conflito armado, o país ocupa a quarta posição no ranking de profissionais vítimas de violência fatal neste ano. As graves agressões ocorridas nas manifestações na cidade de São Paulo, capital do maior e mais importante estado da federação, mostra que temos muito o que melhorar e avançar no respeito à Liberdade de Imprensa, à Liberdade de Expressão e aos Direitos Individuais.
Além de vítimas de tanta violência, os jornalistas enfrentam dificuldades na rotina dasredações, com o desafio diário de ter que enfrentar patrões gananciosos que utilizam o argumento de “crise” para tentar achatar salários e para ter liberdade total para demitir. Sem falar das condições de trabalho não menos dolorosas, com jornadas de trabalhos excessivas, acúmulo de função, pejotização e precarização constantes. Agora, são vítimas também de um dos mais graves e tristes momentos de agressão e violência gratuitas por parte da polícia na rua em pleno exercício profissional. Um crime contra a profissão dos jornalistas e contra a democracia conquistada pelos brasileiros.
Por isso, é preciso muita unidade nesse momento, com a categoria fortalecendo sua entidade legítima para a luta coletiva. Quanto mais sindicalizados, quanto mais organizados, quanto mais unidos, melhor para os jornalistas e para o jornalismo. A participação de todas e todos é fundamental. Mais do que nunca, os tempos exigem a unidade na luta dos jornalistas. Sindicalize-se. Em Legítima Defesa!