Desde 1987, a jornalista Solange, 61 anos, trabalha em empresas de comunicação. Em 2000, passou a trabalhar como “PJ”, e em 2006 abriu seu próprio negócio de assessoria de imprensa por dificuldades para arrumar emprego por conta da idade. Durante todo esse período, seguiu contribuindo para o INSS.
Em 2008, Solange decidiu se aposentar pelo tempo de contribuição – mas recebendo o benefício proporcional. Por isso, até hoje precisa continuar trabalhando para se manter. Como ela está no mercado desde os 17 anos, já são 44 anos de trabalho sem previsão de quando vai poder parar de vez.
Se a PEC 6/2019, a “reforma” da Previdência, passar, a situação vai ficar ainda mais difícil. Mesmo aposentada, a jornalista com o fim da vinculação do reajuste das aposentadorias ao aumento do salário mínimo. Na prática, o reajuste anual do seu benefício pode deixar de ser obrigatório.
“A partir do momento que existe a proposta de fazer o reajuste das aposentadorias desvinculado do aumento do salário mínimo, os aposentados já estão correndo risco, principalmente quem ganha mais que o salário mínimo”, ela avalia.
Para a profissional, outro risco é que a PEC leva várias questões a serem reguladas por lei complementar, com quórum mais baixo que uma emenda à Constituição. “Depois, qualquer coisa pode ir para o papel e isso nos deixa de cabelo em pé. Quem está aposentado e achando que não vai ser afetado está correndo perigo também”, conclui.
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